quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Entrevista à coluna O Diário na Escola (2013)


Apaixonada por educação e cultura

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Escrito por Nayara Spessato   
Qua, 05 de Junho de 2013 00:00
Imagine uma pessoa que passou toda a sua infância na fazenda, estudou em escolas do campo e na adolescência mudou-se para uma pequena cidadezinha do norte paranaense, Itambé, onde vive até hoje. E que neste fim de semana, voou para o Rio de Janeiro para dar uma entrevista ao Canal Futura, sobre o filme dirigido e produzido por ela “A Galinha ou Eu”. Esta é Denizia Moresqui atual chefe de divisão municipal de cultura de Itambé, formada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional, começou a lecionar em 1995 atuando como professora por 12 anos até assumir o cargo em que está hoje. Denizia ficou conhecida pelos grandes trabalhos em prol da disseminação da cultura e educação.

1.     O DIÁRIO NA ESCOLA: Sua bagagem cultural é bastante ampla, desenvolve ao mesmo tempo projetos que envolvem teatro, cinema e música. De onde surge a criatividade para suas produções?

DENIZIA: Nunca me mudei de Itambé, estudei em escolas públicas que sempre motivaram os alunos a participarem de eventos artísticos, como: apresentações musicais, teatros, gincanas, entre outros. Minha infância foi muito rica, na fazenda, junto com muitas crianças podíamos brincar o dia todo e em qualquer lugar. Como não havia brinquedos prontos, nós mesmos os confeccionávamos, o que ajudou a estimular minha criatividade. Além disso, quando cursei Letras, os professores me ensinaram a entender e a amar a arte, inicialmente a literária. Comecei a desenhar e pintar por entender a arte como expressão máxima da linguagem. Depois, interessei-me pela música e fui estudar violino. O interesse pela fotografia veio em 2009, quando utilizei pela primeira vez uma máquina fotográfica digital, e pelo cinema surgiu através da televisão. Mas a vontade de fazer cinema só surgiu, em 2010, com o concurso Revelando os Brasis, antes dele, eu jamais havia pensado em produzir um filme.
2.     A vocação para trabalhar com educação apareceu em que momento da sua vida? E a paixão pela área da cultura, teve alguém que te inspirou?
O interesse pela educação surgiu quando eu tinha 14 anos e estava na 8ª série. Minha prima cursava o Magistério e foi fazer estágio no intervalo do Colégio Olavo Bilac. Eu fui com ela e fiquei brincando com as crianças. Quando tocou o sino, nos despedimos dos alunos e uma menina me chamou de “senhora”. Eu fiquei tão feliz com o respeito com que fui tratada que decidi: seria professora! Foi uma grande escolha. A maior inspiradora para que eu me tornasse artista foi a professora da UEM, Leid Luiza Carvenalli. Após eu apresentar um dos trabalhos da disciplina que ela lecionava, a professora me disse: “Você é uma artista. Eu achei que você era uma menina avoada que caiu de paraquedas neste curso. Nunca me enganei com alguém, mas com você sim”. Eu não acreditei, é claro. Mas ela falou a mesma coisa para mim durante dois anos em todas as aulas de literatura, levava livros e gravuras de grandes pintores para que eu os conhecesse e explicasse as obras. E assim, ela me convenceu.
3.     Há pouco tempo você desenvolveu o projeto “Tem Teatro” no qual alunos de 11 à 14 anos apresentaram fábulas de Monteiro Lobato. Com a era digital em que vivemos e os adolescentes sempre rodeados pelas tecnologias, como você consegue cativá-los para apresentações teatrais?
Em 2009, o Governo do Estado instituiu o Programa Viva Escola, de incentivo a atividades artísticas, esportivas e outras, em contraturno. Então montei o Projeto Tem Teatro, que visa ensinar alunos do 6º ao 9º ano a arte de representar e produzir textos teatrais. O projeto foi aplicado o ano todo. Em 2011, o novo governo também incentivou as atividades extraclasse e, novamente montei o projeto teatral, que está ativo até hoje. Gosto de encenar peças infanto-juvenis, pois vejo a necessidade de fazer as crianças serem crianças por mais tempo. Apesar de toda a tecnologia que os alunos têm acesso hoje, o teatro é milenar e vai continuar encantando a humanidade sempre. Pois tudo acontece ao vivo e, por mais simples que sejam os recursos utilizados, as histórias são irresistíveis. As próximas peças que encenaremos serão “A Comédia do Cheiro” e a “Formiguinha e a Neve”.
4.     O filme produzido por você “A galinha ou Eu” é uma divertida história de uma galinha que caiu na privada. Como surgiu a inspiração para esta produção?
A história aconteceu de verdade. Eu a mantive em segredo por trinta anos. Um dia, resolvi escrevê-la para trabalhar com meus alunos sobre lembranças da infância. Nunca pensei que iria virar filme. Quando soube do Concurso Revelando os Brasis, acreditei que a história teria chances de ser escolhida e enviei ao Instituto Marlim Azul, que promove o concurso. Quando eu fui ao Rio de Janeiro fazer o curso de cinema, percebi que as outras histórias escolhidas eram bem culturais e a minha, uma travessura de criança. Fiquei até meio envergonhada, mas quando a narrei para todos os outros Revelandos, a gargalhada foi tão grande que a vergonha passou.
5.     Como foi sua participação no concurso “Revelando os Brasis” promovido pela Petrobrás? No sábado, inclusive, você deu uma entrevista para o canal Futura sobre o filme que produziu. Em algum momento da sua vida imaginou que seus trabalhos teriam destaque nacional?
Eu sempre amei o meu trabalho, mesmo sabendo que era simples. Mas era o melhor que eu poderia fazer. Mesmo assim, me surpreendo com o destaque que alcançou. Durante o curso que fiz na Rio Filme, a Petrobrás escolheu apenas uma história das quarenta para acompanhar o trabalho de filmagens e edição, e fazer um documentário intitulado Raio X Petrobrás, para assim poder divulgar o projeto Revelando os Brasis em todo o país. Como meu filme envolvia galinhas e crianças, foi o escolhido. O que foi uma grande honra para mim. O filme “A Galinha ou Eu” já foi apresentado em vários festivais de cinema pelo Brasil, divulgando nossa cultura e nossas paisagens. Minha intenção é destacar todo o norte do Paraná, porque esta terra é maravilhosa, tem uma história fantástica e merece ser reconhecida e admirada por todos.
6.     O livro “História de Itambé” foi escrito por você, após três anos de muita pesquisa. Como foi a produção desta obra?
Foi um trabalho exaustivo, porque envolveu a digitalização de todo o material pesquisado. Contei com a ajuda de muitas pessoas que vivem e que viveram em Itambé. Estamos nos programando para o lançamento da obra, e também, um reencontro nas festividades do aniversário da cidade, no último final de semana de julho, para o lançamento da “História de Itambé”. Virão pessoas até de outro país.
7.     Depois de tantos anos trabalhando com educação e cultura, em especial direcionado a crianças e adolescentes, você acredita que tem auxiliado no processo de formação cultural do cidadão?
As palmas ao final de cada peça teatral, quando um aluno fala do meu filme, ou de algum quadro que pintei, quando se emocionam com meus textos, ou ainda com a música que toco ao violino, quando vejo que eles estão se interessando pela arte, pela cultura, pela nossa história, pela fotografia, quando eles dizem que também querem ser artistas… Sinto que tudo valeu a pena! Eu me entreguei à arte como quem se entrega à uma grande paixão, sem medo, sem reservas, sem grandes pretensões. E o que recebi de volta foi muito mais do que dei. A alegria que sinto de fazer com que crianças, adolescentes, adultos e idosos apreciem o que de mais belo um ser humano pode fazer, que é a arte, não tem preço. Nunca pretendi ficar rica com a arte, mas a riqueza que ela me deu é maior do que ouro ou prata: é a felicidade da realização profissional. A vida é curta demais para ficarmos o tempo todo correndo atrás de dinheiro.
http://www.asc.uem.br/uemnamidia/index.php?option=com_content&view=article&id=6505:-apaixonada-por-educacao-e-cultura&catid=13:o-dio-do-norte-do-paran&Itemid=2

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