sábado, 10 de dezembro de 2016

A utilidade da crise




Há tempos, assisti ao filme Cidade da Esperança (1992), o qual contava a história de um jovem médico americano que decide dedicar sua vida a ajudar a população pobre da periferia de Calcutá-Índia. No local, havia um criminoso que dominava o povo com mão de ferro, impondo-lhes restrições de benefícios básicos, além de usar violência. O médio então foi falar com esse criminoso e questioná-lo do motivo desse tratamento à população. Então o homem pegou uma galinha e disse que se ele soltasse a galinha, ela sairia correndo e cacarejando e ele a perderia. Ele pegou um peso em forma de cangalha, pôs sobre a ave e concluiu dizendo que se o povo vivesse em crise, seria mais fácil dominá-lo.

Está aí a utilidade da crise. Durante o período da Ditadura no Brasil, foi captada uma gravação entre dois militares que discutiam como usar a crise econômica para manter a população pacificada. A gravação chegou à imprensa quando o país já era uma democracia, não causando assim tanto alvoroço. Mas isso mostra que a teoria da galinha do filme já citado é realmente usada pelos governantes.

Hoje o Brasil vive uma crise política. Todos os Poderes da República estão desacreditados pela população diante das investigações da Operação Lava Jato. O tapete não comportou tanta sujeira escondida e tudo está sendo descoberto e exposto numa série de investigações que já dura dois anos. Para tentar conter o avanço da Operação, a Câmara dos Deputados transformou as 10 Medidas de Combate à Corrupção em um salva-guarda para os corruptos. No Senado, o presidente da casa tentou votar a toque de caixa as medidas apresentadas pelos vizinhos para se blindar dos processos que correm no Supremo Tribunal Federal. O STF, por sua vez, permite que um réu continue na presidência do Senado para manter a "estabilidade política". No meio de tudo isso, a empreiteira Odebrecht assina um acordo de leniência com o MPF e inicia a delação do fim do mundo, na qual até o Presidente da República é citado, assim como alguns de seus ministros. E agora, o que fazer para conter a ebulição do povo?

Que tal Reforma da Previdência? Có có có ri có!!!!


Denizia Moresqui
10/12/2016

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