PATRIMÔNIO, BAIRROS E
COMUNIDADES RURAIS
De acordo com o trabalho da Prof.ª
Elisabete Aparecida Moreno, intitulado ITAMBÉ
Aspectos históricos, geográficos e sócio-econômicos (1996), a maioria da
população que formou este município migrou de Santa Catarina, cerca de 54%;
depois de São Paulo, 26%; de outras regiões do Paraná foram 10%; de Minas
Gerais 7%; de outros estados 2% e de outros países 1%. O estudo traz ainda o
número de pessoas que moravam na zona rural e urbana em 1970, que correspondia
a 2.815 na zona urbana e 12.229 na zona rural. Isto comprova que, como a
maioria da população residia na zona rural, as fazendas tornaram-se verdadeiras
cidades.
Famílias que
migraram para Itambé
Fonte: Mônica
Oswaldo do Nascimento
A falta de transporte do campo até a
zona urbana obrigava as famílias de agricultores a morarem perto do trabalho.
Então grandes colônias se formaram na zona rural. Os bairros e comunidades
rurais, como eram denominados, possuíam uma infraestrutura básica para abrigar
os moradores. Nestes, além das casas, havia ainda escola, capela, campo de
futebol, salão de festas, venda de secos e molhados e paióis. Nestas
comunidades, eram realizadas festas, missas, cultos, torneios de futebol e
casamentos.
Venda de Secos e Molhados da Fazenda OuroVerde
Fonte: Família Meyer
Mas não havia água encanada, as
roupas eram lavadas em rios ou em tábuas com água retirada de poços. Para tomar
banho, usavam-se bacias ou chuveiros de latão reabastecidos manualmente. As
necessidades fisiológicas eram feitas em privadas rústicas, ou até no mato. O
lixo tinha dois destinos: o orgânico servia de alimento para porcos, galinhas,
e o restante era queimado nos quintais. Nesta época, a produção de lixo não
orgânico era pouca, pois nas vendas, as compras eram postas em sacos de papel
ou tecido, as bebidas vinham em garrafas de vidro que, após o consumo, deveriam
ser devolvidas ao vendedor. Dessa forma,
havia pouco para ser queimado.
Com
o tempo e a criatividade, foram criados alguns sistemas para melhorar a
qualidade de vida. Como havia fogão à lenha em praticamente todas as casas, em
algumas fazendas era instalado um cano de água, chamado serpentina, que passava
por dentro do fogão. A água que saía quente era usada para tomar banho. Esse
sistema foi usado nas fazendas Três Minas, São Paulo, Santa Cecília e outras. Os
engenhos de cana também ajudaram na fabricação de rapadura e açúcar. Alguns
eram movidos à tração animal.
Mulheres e crianças lavando roupa
Fonte: Família Moreschi
A vida social também era agitada. Cada
bairro possuía um time de futebol, então eram feitos torneiros entre eles, criando
muita rivalidade. Nos fins de semana aconteciam bailes, geralmente animados por
migrantes nordestinos, que atraíam até os moradores da zona urbana. Os maiores
bairros e comunidades rurais foram o Patrimônio Santo Antônio (Guerra), a
Fazenda Ouro Verde, Catarinense, Moreschi, Garcia e Minerva. Além destas, como
a maioria dos lotes era pequena, as famílias viviam próximas umas das outras,
criando laços de amizade e formando outras comunidades.
Valdinei de Souza, Nezinho, o primeiro sanfoneiro a animar os
Bailes em Itambé
Fonte: Gertrudes Granero
Mapeamento
das comunidades rurais de Itambé existentes entre as décadas de 50 e 70.
1-Itambé
2-Patrimônio
Santo Antônio (Guerra)
3-Bairro
Catarinense
4-Bairro
Moreschi
5-Fazenda
Ouro Verde
6-Couro
do Boi
7-Fazenda
Minerva
8-Gabirobeira
9-Água
da Moóca
10-Porto
Real
11-Água
Bonina
12-Fazenda
Três Minas
13-Garcia
14-Água
Marialva
15-Cafundó
e Santa Rita de Cássia
16-Água
Gilberto
17-Fazenda
Santa Cecília
18-Batoque
19-Jaguaruna
20-Água
Manduri
21-Água
Keller
22-Miotti
PATRIMÔNIO SANTO ANTÔNIO
(GUERRA)
Os primeiros moradores desta região
foram Antônio Pelatti e seu pai. Um ano depois, mudou-se para lá a família
Machado. Em seguida, um homem conhecido como Zé Posseiro e outro apelidado de
Zé Polaina. Este último ganhou o apelido porque usava sempre polainas de lã,
mesmo no calor.
O Patrimônio Santo Antônio ficou mais
conhecido como Guerra, porque lá havia uma venda de secos e molhados cujo dono
se chamava José Guerra, que chegou ao lugar por volta de 1948. A família Guerra
vendeu uma fazenda em Abatiá-PR e comprou terras neste patrimônio. De acordo
com o Sr. Melquiades Amâncio de Souza, parente da família e antigo morador do
local, o patriarca, Estevan Guerra, conhecido como Didinho, dividiu a fazenda
entre seus cinco filhos: José, Geraldo, Augusta, Germano e Antônio. Então os
filhos foram revendendo as propriedades e assim o Patrimônio Santo Antônio
ganhou novos moradores. Outro comerciante do Guerra foi o Sr. Antônio Ferreira,
conhecido como Antônio Maneta. Os irmãos Aluízio, Milton e Gibson Linhares
Monteiro e o cunhado Aristides Cumani adquiriram terras, residiram no
patrimônio, dedicaram-se ao comércio de cereiais e venda de secos e molhados.
Além da fabricação de tijolos com barro branco no sítio da família.
Capela Santo Antônio
Fonte: Revista Itambé, 1984
Neste Patrimônio havia a Capela Santo
Antônio, fundada em 1953, que nomeou o local. Para a manutenção desta eram
promovidos almoços. Antônio Pelatti conta que, no Guerra, a festa era muito
boa. Ele, Duílio, José dos Santos, conhecido como Zé Preto, e João Miquilin
trabalhavam na organização, havia a necessidade de cinco mulheres para depenar
e preparar de quarenta a cinquenta frangos, além de quinze a vinte leitoas e um
boi de dezoito arroubas mais ou menos, tudo assado no forno de lenha. Às quatro
horas da tarde, já não havia mais carne, devido ao grande número de pessoas que
compareciam ao evento.
O Patrimônio também contava com
escola, denominada Escola Isolada Santo Expedito, na qual lecionaram as
professoras Giovana, Rita, Rosa Cumani Monteiro, José Ferreira Dantas, Aida
Quesada Monteiro, Balbina Lopes Monteiro, Experidião Franco dos Reis e Dulce
Moura Leão. Inicialmente, o prédio era de madeira, mas o Governo do Estado
construiu duas salas de alvenaria, dando mais conforto e segurança aos alunos e
professores.
Professas e alunos da Escola Isolada Santo Expedito
Fonte: Família Linhares Monteiro
Havia também campo de futebol, quatro
vendas de secos e molhados, farmácia, máquina de arroz, cabeleireiro e máquina
de café. Cerca de 3.600 pessoas moravam no entorno deste patrimônio. O Sr.
Alcides Benossi, antigo morador, conta que lá havia jogos de futebol que
atraiam muita gente. Quando o time de Itambé disputava com o time do Guerra,
sempre havia briga. Mas o pior conflito aconteceu contra um time de Aquidaban
por volta de 1959. Mais de trezentas pessoas assistiam à partida. No meio do
jogo, durante uma discussão entre os atletas, um suplente de delegado atirou
para cima com a intenção de acalmar os ânimos. Porém o efeito foi o contrário.
O povo invadiu o campo e começou a agredir os jogadores visitantes. Bateram
tanto no goleiro de Aquidaban que este acabou morrendo dias depois, ninguém foi
preso pelo crime. Então o dono da fazenda onde ficava o campo, Milton Linhares,
decidiu acabar com os jogos.
Evento religioso no Patrimônio Santo Antônio (Guerra)
Fonte: Família Linhares Monteiro
A energia elétrica era
fornecida por meio de motor estacionário da família Linhares, que abastecia
cerca de mil moradores e movia a máquina de secagem e benefício de café.
Entre as famílias que viviam
nesta região, destacam-se as de João Jacob Gegenschatz, imigrante suíço que
chegou a Itambé em 1951; no mesmo ano, chegou também Belmiro Caetano da Silva,
mineiro de Juiz de Fora; Antenor Ferreira de Aquino, natural de Botelho/MG;
Pedro Cardin, paulista de São João de Bocaína, que mudou-se para cá em 1953.
Hatsuji Siguiura, imigrante japonês, chegou ao Brasil em 1929, no Guerra,
formou lavouras a partir de 1954. Além de Mário Machado, os irmãos Pelati,
Francisco B. Moreno, Família Garcia, Hélio Piveta, João e Bendito Amâncio,
Alfeu Correia, Família Murata, entre outros.
A população deste patrimônio
começou a ir embora depois da geada de 1963. As famílias vendiam suas terras e
migravam para as grandes cidades. Atualmente, apenas o prédio da escola marca o
local onde existiu o patrimônio.
Bairro Catarinense
Com o objetivo de encontrar melhores
condições de vida para seus filhos, muitos italianos imigraram para o Brasil no
final do século XIX. Assim como as famílias: Raimundi, Pedrine, Rampelotti,
Molinari, Pavesi, Bianchessi, entre outras que ajudaram a colonizar o Município
de Itambé.
A família Bianchessi imigrou da Itália
para o Brasil em 1878 e instalou-se na região do Distrito de Botuverá,
Município de Brusque, Santa Catarina. Pedro Bianchessi e sua esposa Josefina
Resini tiveram sete filhos: Alice, José, Oliva, Ângelo, Pedro, Elza e Gentil
(Argentino). Todos trabalhavam na roça, mas a produção só permitia a
subsistência da família.
Coral de Imigrantes italianos em Santa Catarina, 1878.
Ezequiel Raimundi, Pedro Betinelli, Tranquilo Pedrine, João Pedrine,
Carlos Bianesine, Giuseppe Donini, Marco Rampelotti, Giazinto Molinari,
Daniele Tomio.
Fonte: Aluizio Molinari
O filho mais velho, José, resolveu se
casar. Mas houve desentendimentos com sua família relativos a este casamento.
Então ele saiu da casa dos pais e ficou mais de um ano sem dar notícias. Quando
voltou a Botuverá, em 1949, disse que estava morando em Mandaguari e trabalhava
na Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Como já foi mencionado,
inicialmente, trabalhou como picadeiro, mas por ser um bom funcionário, fora
convidado a fazer a medição de terras como agrimensor leigo e passou a receber
um bom salário.
José Bianchessi e Angelo Bianchessi
Fonte: Ivete Bianchessi Pereira
José Bianchi, como ficou conhecido
aqui, sugeriu ao pai que vendesse suas terras em Botuverá e comprasse outras no
Paraná. Pois, o plantio de café era rentável e as terras muito férteis. O pai
aceitou a proposta, vendeu sua propriedade e rumou para o Norte. Junto com ele,
partiram as famílias de Guilherme Bonomini e Ângelo Raimundi num caminhão GMC,
ano 48, de Guilherme. O caminhão foi coberto por lona e trouxe a bagagem de
três famílias, que consistia em baús com roupas, louças, panelas e alguns
instrumentos de trabalho. Ao todo, vinte
e duas pessoas migraram para o Paraná nesta viagem. A mudança aconteceu no mês
de abril de 1949. Desde Botuverá até Itambé, foram quatro dias de viagem.
Quando chegaram à beira do Rio Keller,
tiveram que levar as mudanças nas costas até suas terras, pois ainda não havia
ponte para o caminhão transpor o rio. Com a lona, foi feita uma barraca, na
qual as famílias se abrigaram, até que cada uma pudesse construir sua casa.
Assim se deu o início do Bairro Catarinense.
Uma tragédia marcou o início deste
bairro. No dia seguinte à chegada, os homens foram caçar para alimentar suas
famílias. O cunhado de André Bianchessi, Guilherme Comandolli, disparou
acidentalmente a espingarda, acertando seu próprio estômago e morreu. Foi
preciso ir a pé buscar autoridades policiais em Mandaguari e registrar a morte.
No local da tragédia, foi erguida uma cruz, onde os catarinenses rezavam.
Pedro Bianchessi adquiriu quinze alqueires,
sendo divididos em três lotes de cinco alqueires: um para Pedro, o pai; outro
para Pedro, filho; e o último para seu outro filho Gentil. A filha Elza ficou
morando em Mandaguari com José, os outros filhos ficaram em Botuverá.
As primeiras providências tomadas
pelos colonos foram derrubar as matas e formar os cafezais. Para sua
subsistência, colhiam palmito, caçavam e pescavam. José Bianchessi, que ganhava
um bom salário da Companhia, levava outras mercadorias para os catarinenses
todas as semanas, que só seriam pagas a ele um ou dois anos depois. Esta ajuda
foi essencial para a permanência deles aqui, lembra o Senhor Gentil Bianchessi.
Local onde os catarinenses atravessavam o Rio Keller
Fonte: Google Mapas
Depois destas três famílias, outras de Santa
Catarina rumaram para o Paraná, quase todas de Botuverá. Em 1949, chegaram ao
Bairro Catarinense, Arcênio Bianchessi, João Molinari, os irmãos Valdir, João e
Sebastião Pavesi. Em 1950, foi a vez de Olímpio Bianchessi e Vicente Pavesi se
mudarem para o Paraná e, em 1951, chegou aqui Ernesto Fugaza. Em seguida, vieram
as famílias de Henrique Paloschi e Germano Raimundi. A família de Onildo
Pedrine chegou por volta de 1960. Todos eram parentes ou amigos, por isso
compravam lotes um ao lado do outro.
Alcir Roberto Bianchessi lembra que
encontraram apenas as matas e muitos artefatos indígenas em lugares onde havia
água, rios e nascentes. Seu pai explicava-lhe o valor daquelas peças e as
guardava. Porém não havia nenhuma tribo instalada no local. Mas havia muitos
animais nas matas. Alcir disse que sua
família derrubou uma pequena área de mata e construiu uma casa de madeira, os
materiais para esta construção foram transportados de caminhão até o rio e
depois nas costas. Também plantaram cereais para sobreviverem, como arroz,
milho e iniciaram a lavoura de café. A água era retirada de poço para cozinhar
e matar a sede das pessoas e animais. Os banhos eram no rio, com caneco ou
bacia em casa; alguns compraram chuveiros de latão que eram abastecidos
manualmente. As necessidades fisiológicas eram feitas em privadas ou no mato
mesmo.
Família de André Bianchessi
Fonte: Família Bianchessi
Na cabeceira de sua propriedade,
Germano Raimundi construiu um botequinho, que se transformou numa venda de
secos e molhados. Anos mais tarde, o comércio foi vendido para seu cunhado
Olímpio Bianchessi. Ao lado deste, os colonos construíram uma capela de
madeira. O Padre Eduardo, de Mandaguari, rezava as missas periodicamente.
Olímpio Bianchessi e seus filhos na venda da família
Fonte: Família Bianchessi
A primeira
professora da escola do bairro foi a Senhora Maria Raimundi Bianchessi. Também
lecionaram na instituição as senhoras Frida Morelli Bianchessi e Ludiovina
Amábile Pedrini Bianchessi.
Com a venda, a escola, a igreja e as
casas dos colonos, o local passou a ser chamado de Bairro Catarinense, nome que
prevalece até hoje.
Escola no Bairro Catarinense, construída pelo
Prefeito João Antônio Claro em 1963
Fonte: Família Claro Moreschi
O Dr. Mauro Nakamura conta uma história
inusitada que aconteceu no local. Numa tarde, a família Bianchessi estava
reunida no quintal conversando, quando uma galinha passou correndo e atrás dela
veio uma onça jaguatirica, magra e esfomeada. A felina passou perto do Sr. Pedro
e ele instintivamente lhe deu um soco, nocauteando o animal. Depois, ela foi
morta a pauladas. Por este feito, o nocauteador ganhou o apelido de “Pedro mata
onça a soco”.
Festividade em frente à Igreja no Bairro Catarinense
Fonte: Família Bianchessi
Outra família que morou neste bairro foi
Ossucci. Gilberto Ossucci e seus irmãos compraram um lote de cinquenta
alqueires no bairro em 1949. Mas continuaram morando no Patrimônio de Caixa São
Pedro, Arapongas/PR. Funcionários da família Ossucci cuidavam das terras de
Itambé. Os Ossucci se mudaram para cá em 1960. Além deles, Luís Cesário foi
outro morador do Bairro.
Gilberto Ossucci
Fonte: Maria Suzana Ossucci
Bairro
Moreschi
De acordo com Antônia André Moreschi,
Humberto Moreschi, também descendente de italianos, nasceu em Taquaritinga, São
Paulo, no final do século XIX. Depois de casado mudou-se para Cedral, onde
cultivava café. Em 1941, soube das terras do Norte do Paraná e decidiu vir para
esta região com toda sua família e empreiteiros, nesta época os filhos mais
velhos já estavam casados. Humberto comprou 100 alqueires de terras com mata
virgem numa localidade conhecida com Vinte e Cinco, entre Cambé e Londrina e
viveu neste local por dez anos, cultivando café. Em 1951, a família adquiriu
120 alqueires de terra no Patrimônio de Itambé, a propriedade foi dividida em
pequenos lotes para que os empreiteiros, cerca de quinze famílias, derrubassem
a mata e cultivassem o café. Foram construídas casas cercadas de palmitos e cobertas
de tabuinha para abrigar os moradores. Quando os pés de café estavam com quatro
anos e já davam seus primeiros frutos, ocorreu uma geada. Então foi preciso
cortar o café e foram plantados milho, arroz e feijão com grande produtividade.
Bairro Moreschi. Fonte: Família Moreschi
Humberto adquiriu mais 100 alqueires de
terra em Itambé e voltou a plantar café na Fazenda Anjo da Guarda. Desta vez, a
geada não atrapalhou e a produtividade melhorou a vida de todos. As casas de
palmito foram substituídas por vinte casas de madeira, além disso, foram
feitos: dois terreirões, um secador de café, salão de baile, campo de bocha,
farmácia, máquina de arroz, serraria, campo de futebol, venda de secos e
molhados, sorveteria, e o Governo do Estado construiu uma escola de alvenaria
no lugar da escola de madeira. Um dos filhos de Humberto, Misdei, e um
empreiteiro, Débio dos Santos, construíram a primeira capela do bairro com a
madeira retirada da própria fazenda. Havia missas uma vez por mês, com padres de
Itambé ou de Bom Sucesso. Os treze filhos de Humberto compraram mais terras e
foram abrir seus sítios em outros distritos ou municípios. A fazenda Anjo da
Guarda ficou para Misdei e seus irmãos, Álvaro e Artizo Moreschi.
Primeiro Templo da Capela Santo Anjo da Guarda
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
O cultivo da hortelã menta teve início
em 1956, devido ao alto valor do produto. Os proprietários compraram um
caminhão Alfa Romeu, com capacidade para dezoito mil quilos de carga, cujo
motorista era Irineu Moreschi. A safra de café era transportada para os portos
de Santos e Paranguá.
No local, havia grandes festas com
torneios de futebol e bailes, que atraíam centenas de pessoas, das zonas urbana
e rural.
Moradores do Moreschi e visitantes
Fonte: Adriele Miotti
Bairro Garcia
Desmatamento do Bairro Garcia
Fonte: Luzia Rodrigues
O Bairro recebeu o nome de Garcia
por abranger, entre outras propriedades, a de Antônio Manuel Garcia, paulista
da região de São Manuel. Ele mudou-se para Itambé provavelmente em 1950. Cerca
de oitenta famílias viviam na região, em cada sítio havia de dez a doze
residências. Neste local, havia também a propriedade do Vereador Benito
Rodrigues, o qual cedeu um terreno para a construção da escola. O Senhor
Natalino Nunes da Silva lembra-se que estudou lá com a Professora Ivani Aries
de Assis, em 1965.
Professora e alunos da Escola Isolada “Garcia”
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Havia dois campos de futebol,
um na Fazenda Garcia e outro no sítio do Senhor Benito, também havia dois
times. Nos campos aconteciam torneios constantemente. Natalino disse que os moradores
do bairro quase não iam à cidade de Itambé, pois o local oferecia diversão e mercadorias,
fornecidas por duas vendas de secos e molhados, do Benito Rodrigues e do José
Nunes.
Moradores da Comunidade Garcia em frente à Capela
Fonte: Maria Helena Zampar dos Santos
O café e a hortelã menta eram as
lavouras cultivadas. Todos os sábados, havia bailes nos terreirões de café. Os
terços eram rezados nas casas. Uma vez por mês, o padre rezava missa na Capela
São Sebastião, que foi visitada até por Dom Jaime Luís Coelho, arcebispo de
Maringá.
O bairro era formado pela família Garcia, família de Sebastião Nunes, de
Arnaldo Fatoretto, de Benito Rodrigues e Beltramin.
Moradores do Bairro Garcia
Fonte: Luzia Rodrigues
Fazenda Ouro Verde
Desmatamento da Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer
A Fazenda Ouro Verde foi formada pelo
imigrante alemão Guilherme Meyer. De acordo com sua esposa, Marilena C. de P.
Meyer, aos 13 anos, Guilherme saiu da Alemanha com os pais, a família fugia da
Primeira Guerra Mundial. Estabeleceram-se em Paraguaçu Paulista, Estado de São
Paulo. Em 1931, após da morte dos progenitores, Guilherme veio morar em
Londrina e foi o primeiro motorista do Senhor Nelson Garcia, dono da Viação
Garcia, dirigindo uma Catita que fazia a linha Londrina-Rolândia. Em 1938, ele também foi sócio da Casa
Guilherme, em Rolândia, na qual havia serviço de correio e banco. Muitos judeus
alemães que fugiram das guerras para esta cidade eram seus fregueses, o local
funcionava como um ponto de encontro para eles. A Casa existe até hoje.
Em seguida, Guilherme Meyer montou uma
serraria em Arapongas, e expandiu o negócio para Mandaguari, onde ouviu falar
da fertilidade das terras do Vale do Ivaí, através da Companhia Melhoramentos
Norte do Paraná. Então comprou 143 alqueires de terras em Itambé e depois
adquiriu mais 100. Porém devido a prejuízos com a geada de 1955, precisou
vender uma parte das terras.
Colonos da Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer
A mata foi derrubada, mas preservou-se
uma parcela para proteger a mina d’água, formando um bosque, foram construídas
53 casas com pomar e forno para as os colonos. Mais de duzentas pessoas moravam
nesta fazenda. Marilena disse que Guilherme se preocupou muito com o bem estar
de seus empreiteiros. Também foram construídos açougue, escola, onde eram
realizadas missas, bailes e reuniões, campo de futebol, armazém de secos e
molhados, aberto aos sábados, para vender tecidos, mandjuba, carne seca, também
havia um açougue ao lado. Uma vez por mês, os colonos chegavam ao armazém com
uma lista imensa de compras e era preciso que o vendedor separasse tudo para
entregar ao freguês. Como as estradas eram ruins e sem meios de transporte, as
compras precisavam ser feitas ali mesmo.
Ela destaca também que a escola ficava
lotada de alunos, o local também servia de clube de reuniões, missas, bailes.
Nestes as mulheres levavam seus filhos e colocavam sacos de café no chão para
as crianças dormirem, a música ficava por conta de violeiros e sanfoneiros da
região. Não havia equipamentos para ampliar o som, tudo era no “gogó mesmo” diz
Dona Marilena.
A fazenda contava com um time de
futebol e um campo com barzinho. Os colonos e os filhos de Guilherme eram os
jogadores. Nos dias de jogos, moradores de toda a região compareciam para
assistir as patidas. A sede do Ouro Verde Futebol Clube também funcionava no
prédio da escola.
A família não morava na fazenda, a
residência oficial era em Arapongas, mas passava muitos meses do ano no local,
principalmente em épocas de colheita. Para tanto, Guilherme construiu um grande
casa de madeira, com dez quartos e uma adega no porão. Os parentes da família iam
visita-la e a casa estava sempre cheia.
Família Meyer
Fonte: a própria Família
Inicialmente, a fazenda produzia café.
Mas com a chegada dos filhos, Guilherme precisava pegar leite dos sítios
vizinhos. Mas ele achava uma vergonha ter uma fazenda daquele tamanho e não possuir
nenhuma vaca leiteira. Então, comprou algumas cabeças de gado holandês, mesmo
sem ter conhecimento de como lidar com a criação destes animais. Um dos filhos
de Guilherme, Luís Henrique, interessou-me pela pecuária e estudou muito sobre
o assunto, até sobre a genética das vacas. Assim ele montou um plantel de gado
holandês na fazenda, inicialmente vermelho e branco, expandindo para preto e
branco. Luís Henrique implantou o sistema mecânico de ordena, o que
proporcionava mais higiene e rapidez ao trabalho. Por este empenho à pecuária,
ele foi presidente do Núcleo dos Criadores de Gado de Leite de Maringá, após
seu falecimento o Núcleo foi denominado com o nome de Luís Henrique Meyer e,
todos os anos, a entidade premia os melhores produtores de leite com o Troféu
Luís Henrique Meyer. A família também investiu no turismo rural a partir de
junho de 1998.
Uma curiosidade a respeito do plantel
da família foi relatada pelo ex-verador Jovânio Pereira dos Santos. Guilherme comprou
um tourinho de Ronaldo Golias, pois o humorista era um dos maiores importadores
de gado do país.
Ordenha mecânica na Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer
Couro do Boi
Em 1951, com a chegada das primeiras
famílias, que viviam nas Comunidades Bela Vista e Couro do Boi, em Londrina,
foi criada a comunidade Couro do Boi, em Itambé. Dentre as famílias estavam as
de: Dorvalino Sassi, Alberto Dalrovese, Vitorino Fabris, família Patrício,
Altino e Demétrio Camilo, José Ferino e Ernesto Fugazza. Dois anos depois,
outras que se mudaram para lá foram: Mário, Augusto e João Vertuan, Ângelo
Modolon, Natal e Augusto Tomazeli.
As famílias se dividiram nas águas:
Indiana e Beija-Flor. Como o local ainda não tinha nome, quando as pessoas iam
visitar as famílias que viviam lá diziam que iriam ao pessoal do Couro do Boi,
daí surgiu o nome da comunidade. Até as duas águas também ficaram conhecidas
como Água Couro do Boi.
A derrubada das matas foi feita com
foices e machados, construíram-se taperas nas margens dos córregos. Para a
subsistência, eram plantados arroz e feijão. A hortelã foi a primeira cultura,
seguida pelo café.
Secagem do café no terreirão
Fonte: Família Sassi
O primeiro campo de futebol foi feito
no sítio do Senhor José Ferino. O goleiro do time era o Senhor Luiz Vertuan,
ainda morador de Itambé, seu reserva era Durval Sassi, que atualmente vive em
Palmitópolis. Depois foi feito outro campo na às margens da Água Beija-Flor. O
time disputava jogos com outras equipes como: Minerva, Moreschi, Guerra, entre
outros.
Time de Futebol do Couro do Boi, 1984
Fonte: Adriele Miotti
O maior número de pessoas que viveu
nesta comunidade pertencia às famílias Vertuan, Patrício e Antônio Balan, este
mudou-se para cá em 1955.
Domingos Patrício chegou à comunidade
em 1951, onde adquiriu quinze alqueires, desmantando-os e cultivando café. Como
tinha dez filhos, muitos deles foram embora para outras cidades a fim de
sustentarem suas famílias, como o Senhor Antônio Patrício, que mudou-se para
Maringá e trabalhou de carroceiro, depois foi para Palmitópolis, local onde
adquiriu sua primeira propriedade para o cultivo de hortelã menta. Em 1970,
Antônio voltou para o Couro do Boi e comprou as partes das terras de seus
irmãos. Nesta época, ainda estava em alta a produção de café.
Demétrio Camilo e Domingos Patrício
Moradores do Couro do Boi
Fonte: José Carlos Patrício
Todas as famílias eram católicas, mas
não foi construída capela no local. As missas e terços eram rezados na casa de
líderes comunitários. Os moradores do Couro do Boi também frequentavam a Igreja
Anjo da Guarda no Bairro Moreschi, até que uma escola foi construída às margens
de uma estrada rumo à Fazenda Minerva. Além de servir para alfabetizar os
alunos, missas eram realizadas ali a cada dois meses, aproximadamente. Como não
havia médicos nas proximidades, os bebês nasciam pelas mãos de Dona Corina,
parteira do Bairro Catarinense.
Com o passar dos anos, as famílias
foram vendendo suas propriedades e muitas adquiriram terras mais baratas em
Palmitópolis, próximo de Nova Aurora-PR. Permaneceram na Comunidade Couro do
Boi as famílias Vertuan e Patrício.
Almoço no terreirão de café, Couro do Boi, 2012
Foto: Denizia Moresqui
Fazenda Minerva
A Fazenda Minerva era de propriedade
de Ruy Hellmeister Novaes, Prefeito de Campinas-SP, nos anos de 1955 a 1959 e
de 1964 a 1969. O nome da fazenda foi inspirado na deusa grega da caça, lá também
eram produzidos hortelã e café.
Ruy
Hellmeister Novaes
Fonte: Google
Imagens
Ruy visitava a Fazenda a cada
sessenta dias. Para sua comodidade, construiu uma grande casa de alvenaria com
de piscina, zelavam o imóvel João Ernesto Maia e sua esposa Luzia da Silva Maia.
A casa impressiona pelo tamanho e pela beleza. De acordo com José Carlos Nardi,
ela foi projetada pelo filho de Ruy, que era engenheiro. Lá o proprietário
fazia festas e recebia importantes políticos brasileiros. O local era vigiado
por guardas vinte e quatro horas por dia. Havia duas colônias de mais ou menos
vinte casas.
Casa construída por Ruy Novaes na Fazenda Minerva
Foto: Denizia Moresqui
Maria de Fátima Bernandes Cesco mudou-se para
este local aos 12 anos de idade. Ela conta que Ruy Novaes vendeu a propriedade
para o Deputado Hélio Consone, pai de João Luís Consone, de Ribeirão Preto- SP,
por volta de 1968. A fazenda foi um presente de casamento para João Luís. O pai
de Maria, Cipriano Bernardes, veio para Itambé administrá-la. Nesta época, a
propriedade passou a produzir soja e as casas, aos poucos, foram desmanchadas,
já que a necessidade de mão de obra diminuiu e muitos colonos foram embora.
Mesmo assim, por causa do trabalho
de capinagem, a fazenda Minerva ainda era habitada por muitas famílias. No
local, havia campo de futebol e um time, que era mantido com a renda de bailes
realizados quinzenalmente. A equipe disputava jogos com os times das
comunidades vizinhas, o que atraía muitos espectadores.
Em 1976, a fazenda foi vendida para
Luís Guerreiro. Atualmente pertence à Família Balan.
Gabirobeira
Esta comunidade era formada por várias
propriedades pequenas. Seu nome se refere às várias gabirobeiras encontradas no
local na época do desmatamento. Lá havia escola, inaugurada em 1959, e várias
casas das famílias: Spirandelli, Bróio, Rosa, Silva, Giraldelli, Nardi, entre
outras. José Nardi, paulista de Santa Cruz do Rio Pardo, mudou-se para Jandaia
do Sul em 1948. Depois adquiriu lotes e mudou-se para Itambé, em 1955.
Aparecido Severino Spirandelli, filho de Cuelfo Spirandelli e Carolina
Luiza Bróio, veio de Sertaneja para Itambé em 1952, assim como Sevério Bróio e
seus filhos José e Geraldo. A família Spirandelli comprou um sítio da
Gabirobeira por volta de 1947, pagou empreiteiros para derrubarem as matas do
lote que havia comprado. Um empreiteiro formou café, Mané Português. Só cinco
anos depois da compra do lote, foi que os Spirandelli mudaram-se cá. Eles
fizeram uma casa e tábuas e coberta de tabuínha, com vigamento de palmito e o
chão de terra. Depois a família tocou a lavoura de café. No local havia uma
venda.
José Nardi veio de Jandaia do Sul
para Itambé em 1955, pois havia comprado um sítio no local, em 1948. Ele lembra
que havia muito palmito e peroba na sua propriedade. Também cultivou café, para a subsistência,
plantava arroz, milho e feijão. A única criação trazida de Jandaia era um
cavalo.
Equipe de fubebol da Gabirobeira
Fonte: José Carlos Nardi
Havia famílias vivendo até ao lado do Saltinho
do Rio Keller. A Gabirobeira contava com campo, time de futebol e salão de
festa. Como o número de alunos era grande, a escola funcionava em dois
períodos: de manhã para alunos de 1ª e 2ª séries e à tarde, 3ª e 4ª séries.
José Carlos Nardi calcula que havia cerca de 100 alunos ao todo. A primeira
professora da Escola Isolada Visconde de Mauá foi a Senhora Maria Aparecida
Zaninelo, esposa de Antônio Verni.
Moradores da comunidade Gabirobeira
Fonte: José Carlos Nardi
A
energia elétrica para o funcionamento da televisão era obtida por meio de
bateria, em 1972 foi posto no local um motor. Como em Maringá ainda não havia
retransmissora de TV, era necessária uma antena de vinte metros de altura para
captar o sinal da TV Tibagi de Apucarana. Em 1972, um gerador de energia foi
instalado na comunidade.
A água era obtida de nascentes por meio de “um
burrinho”, espécie de máquina movida à água, que enchia as caixas. Outro
recurso era a roda d’água.
Escola
Isolada Visconde de Mauá
Fonte:
Família Zampar
Água Moóca
O
primeiro desbravador da Moóca foi o senhor Martin Tieppo. Ele veio sozinho
abrir as matas, ficou hospedado com uma família a cinco quilômetros de seu
sítio. Após derrubar um pouco de mato, começou a fazer uma casinha de palmito e
coberta de tabuinha. Em seguida voltou a Bandeirantes para buscar a esposa e a
filha, Iride, de seis anos. Fazia dois
meses que estava longe de casa. Quando elas o viram, não o reconheceram, pois
pensaram que ele fosse um mendigo, devido a seu estado físico: magro e barbudo.
Os três mudaram-se para a Moóca e outra casa maior de palmito e tabuinha foi
erguida. Em seguida, o restante da família, cerca de treze pessoas, também
chegou à comunidade.
Martin Tieppo e família
Fonte: Iride Tieppo
A
Senhora Pelargia Buchinski Schischoff (1927-2015) conta que seus avós vieram da
Polônia num navio tocado a vento, no século XIX. Eles aportaram em Santa
Catarina e lá se casaram. O pai de Pelargia, Adan Buchinski, já nasceu no Brasil,
em Benedito Novo/SC. Depois de se casar com a Senhora Vitória Kovalski, ele
veio com a família morar num local chamado Warta, distrito de Londrina, mas
após dois anos, Adan morreu. Vitória ficou sozinha para sustentar sete filhos,
o mais novo estava com apenas quatro meses. Então, ela mudou-se para Itambé,
região da Moóca, em 1947, e passou a trabalhar como meeira no cultivo do café,
ajudou inclusive a derrubar as matas. Pelargia abandonou a escola para ajudar a
mãe. Quando conseguiu juntar dinheiro, Vitória comprou dez alqueires perto de
Aquidaban. Anos mais tarde, ela voltou para Santa Catarina, onde faleceu aos 85
anos. Pelargia ficou em Itambé com o marido.
Vitória Kovalski, uma mulher de coragem
Fonte: Pelargia Buchinski Schichoff
A escola da comunidade ficava à margem
direita do Rio Marialva, na Serra do Barbudo. Para que as crianças pudessem
chegar até lá, os moradores da Moóca derrubaram um tronco de urucaia para ligar
uma margem à outra e fizeram corrimão de bambu. A primeira professora se
chamava Maria, que depois foi substituída por Alice. Esta além de lecionar,
trabalhava na roça. Todos os casais tinham muitos filhos. Pelarga teve onze,
que ajudavam na lavoura.
Além da família de Buchinski, outros
poloneses se mudaram para a Moóca. Pelargia acredita que eram mais de dez
famílias que se reuniam nos almoços de domingo para cantar e falar em polonês.
Família da Senhora Pelargia Buchinski Schischoff
Fonte: Família Schischoff
Cada família possuía de cinco a dez
alqueires, pouca mobília e muita vontade de trabalhar. Todos os homens eram
caçadores, para conseguir carne, aos domingos de manhã, eles saíam com
espingardas e cães a fim de caçar veados na beira do Rio Marialva. Depois, a
mulheres limpavam e preparavam a carne. Também eram feitas armadilhas com
espingardas e fios nos locais onde havia trilhas de veados e pacas. Mais tarde,
a famílias passaram a criar porcos. A primeira vaca foi trazida pelo esposo de
Pelargia da Varta a pé e depois de caminhão. A vaca estava com bezerro, por
isso a viagem se estendeu por vários dias. As outras famílias alimentavam as
crianças com leite em pó. Nesta comunidade foram plantadas muitas árvores
frutíferas. Pelargia diz que a Moóca parecia um paraíso devido à fartura. Havia
até um alambique de pinga do Senhor Leovaldo de Souza.
Para ir à missa, as pessoas caminhavam
até o Distrito de Itambé. Depois foram adquirindo carroças. Além das missas, os
moradores da Moóca também participavam das festas da Igreja. Perto da
comunidade, havia uma igrejinha na margem direita do Rio Marialva, ao lado da
escola. Lá eram realizadas missas, batizados e primeira comunhão, depois ela
foi desativada. Quando o Padre Pedro Canísio Dapper assumiu a Paróquia de
Itambé, em 1973, passou a celebrar missas todas as últimas sextas-feiras do mês
na casa de Dona Pelargia.
Na Moóca, havia um campo de futebol no
sítio do Senhor Domingos da Silveira. O time era mantido pela comunidade que
fazia um baile a cada quinze dias para arrecadar dinheiro. A comunidade se
estendia por vários sítios, chegando a ter, aproximadamente, 1.500 pessoas.
Esta comunidade, juntamente com a do Couro do Boi, foram as que mais resistiram
ao êxodo rural.
Um grande líder da comunidade foi o
ex-vereador João Cristino de Freitas, que se tornou presidente do Sindicato
Rural de Itambé.
Outro morador da comunidade foi o
Senhor Érico Possobon, natural de Ribeirão Preto/SP, chegou a Itambé em 1951 para
trabalhar de empreiteiro. Já em 1953, conseguiu recursos para adquirir um lote
na Água da Moóca.
Porto Real
De acordo com José Carlos Nardi, a
Fazenda Santa Bárbara foi loteada na década de 60 e revendida a várias
famílias, entre os compradores estavam a família Martussi, Lafayete Grenier e
Armando Lima, dando origem a outra comunidade rural. A Comunidade Porto Real
ficava junto ao Rio Ivaí, lá viviam cerca de dez famílias. Havia igreja, escola
e uma venda de secos e molhados, denominada Empório Real, que pertencia à
família Bianchessi e depois foi vendida a Pedro e José Possobon. Calcula-se que
mais de duzentas pessoas viviam na comunidade. Neste local, os Martussi teriam
instalado uma pequena balsa para fazerem a travessia do rio.
Segundo Jovânio Pereira dos Santos, lá havia também
outra balsa um pouco abaixo do Porto Real instalada em meados dos anos 60.
Antônio Pupin morava nas imediações da Fazenda Minerva, mas possuía uma fazenda
à margem esquerda do Rio Ivaí, denominada Ninho da Onça. O acesso às suas
terras era muito difícil, pois teria que dar uma volta grande para atravessar o
rio. Antônio Pupin dizia que existia uma rodovia federal ou estadual que
passava por Bom Sucesso, na Comunidade Cafundó e atravessava o Rio Ivaí,
passando por Quinta do Sol, tendo como destino Campo Mourão. Pupin afirmava que
a história era real. Dado a sua necessidade de atravessar o rio, o próprio
Pupin e outros proprietários de terras e políticos se uniram para a instalação
da balsa; o local recebeu o nome de Porto Real, em homenagem a afirmação de
Pupin, sobre a história “real” da rodovia. A balsa foi levada pelo rio na
década de 70.
A história deste local foi marcada por
um grave acidente. Guilherme de Almeida Grenier se lembra do caso que chocou seu
pai, o médico Lafayette Grenier. O Rio Ivaí estava muito cheio e o balseiro,
abaixado, mexia com cabos de aço. Então, a forte correnteza rompeu os cabos e
estes amputaram as pernas e os braços do homem. Quando o levaram ao médico,
este pôde apenas estancar o sangue e levá-lo à Maringá, onde havia mais
recursos para atendê-lo. Felizmente, o balseiro sobreviveu.
Balseiro que teve parte dos membros amputados
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Água Bonina
Na Água Bonina, havia vários sítios
com cerca de vinte famílias. Destacam-se entre elas: Brito, Lima, Durvalino
Custódio, João Rimechi, José Decíbio, Rabelo, Domingos Briega, Souza, Nieri,
João Calsavara, Antônio Molário, José Pedro da Silva, conhecido como Zé capador
de porco, e João Guedes. João Bessani, natural de Novo Horizonte/SP, mudou-se
para o Paraná em 1942, morando em Cambé e Assaí. Em 1951, veio para Itambé e
adquiriu um sítio na Água Bonina, lá também abruiu uma venda de secos e
molhados.
João Bessani e moradores da Água Bonina
Fonte: Família Fedrigo
Posteriormente, mudou-se para lá a
família Fedrigo. Vindo de Conquista/MG com seus pais em 1951, Paulo Fedrigo residiu
na Água da Serraria e trabalhou de meeiro nas terras de descendentes de
japoneses. Após seis anos no local, a família comprou um sítio na Água
Marialva. Em 1969, o sogro de Paulo, João Bessani, propôs ao genro que tomasse
conta de sua propriedade na Água Bonina. Pois João queria mudar-se para
Maringá. Paulo aceitou e proposta e, pouco tempo depois, comprou a propriedade.
Naquela época, era cultivada hortelã e criava-se gado, mais tarde, algodão.
As crianças estudavam numa escola que ficava
às margens do Rio Marialva. Quando esta foi desativada, os alunos iam a pé a
Itambé para estudar nas Escolas Reunidas. O ex-vice-prefeito Vítor Aparecido
Fedrigo, filho de Paulo, disse que gostava de brincar com abacates. Ele e seus
irmãos espetavam gravetos nas frutas e faziam bois e cavalos, já que não havia
brinquedos. Ainda adolescentes, os filhos de Paulo já começaram a ajudá-lo no
trabalho com os animais.
Existia na Bonina um campinho de
futebol, no qual eram realizados torneios que atraíam muitos torcedores. Maria
Bessani Fedrigo, esposa de Paulo, lembra que às vezes o jogo acabava em briga.
Paulo Fedrigo, em pé ao lado da carroça
Fonte: Família Fedrigo
A família abastecia-se num poço de
dezessete metros de profundidade, em época de seca, para economizar água, era
preciso lavar as roupas no ribeirão. Outra dificuldade era usar o banheiro, ou
melhor, privada, que ficava a cinquenta metros de casa, pois deveria ser
construída para baixo do poço. A noite, o caminho da casa até o banheiro era
iluminado com vela.
Em tempos de chuvas, formava-se um
atoleiro tão grande na estrada, que era quase impossível sair do local.
Homero Durvalino Sthefany, outro
morador da Bonina, veio de Santa Amélia para Itambé em 1949, com a esposa e os
pais; Durvalino Custódio e Ana Sthefany, já havia comprado um lote em 1944.
Ficou vivendo com a esposa dezoito dias debaixo de uma barraca de lona, depois
fizeram um rancho de palmito, com nove cômodos. Ao todo, três famílias moravam
juntas. As brigas das crianças eram inevitáveis. A água usada pela família era do rio Bonina,
tanto para cozinhar, beber quanto para higiene pessoal, até que foi feito um
poço. Os alimentos para os primeiros
seis meses já foram trazidos na mudança, além de algumas galinhas e porcos. Ele
lembra que havia muitos bichos na mata, até onças, que Homero ajudou a matar.
Quatro alqueires de floresta foram derrubados e, após dois anos, foi plantado
café. Como ainda não havia venda no local, Homero lembra que carregava sacos de
50 quilos de açúcar, arroz ou de batatas nas costas de Itambé até a Bonina. As
crianças estudavam na cidade e percorriam os seis quilômetros de distância a pé
e descalças.
Os católicos da comunidade se reuniam
nas casas para estudarem a Bíblia e rezarem. Na Bonina, foi instalado o
primeiro templo da Igreja Congregação Cristã no Brasil de Itambé. Por isso, lá
havia muitos músicos.
Fazenda Três Minas
A Fazenda Três Minas foi de
propriedade do pai dos Senadores Álvaro e Osmar Dias. De acordo com Álvaro, Silvino
Fernandes Dias, seu pai, é natural de Quatá/SP e veio ao Paraná em 1938. De sua
cidade até Londrina, viajou de jardineira e, no lombo de cavalo, até
Mandaguari, onde se hospedou num hotel. Junto com corretores foi até ao local onde
se localiza a cidade de Maringá e comprou lotes próximo à futura UEM,
Universidade Estadual de Maringá, interessou-se por esta região por haver no
local um rio e por saber que a linha férrea passaria por ali. Começou a
cultivar café, mas sua família permanecia em Quatá, cidade que visitava
constantemente. Em 1954, construiu uma casa em Maringá e trouxe a esposa,
Helena, e seus filhos. Como as safras de café lhe deram muito lucro, o Senhor
Dias pôde adquirir outras fazendas, como a Três Minas em Itambé. Álvaro se
recorda bem desta, da qual escreveu em seu blog, pesquisado em 2013:
“Foi o
ponto de partida para a formação de novas fazendas de café, como a de Itambé,
que muito me impressionava, ainda garoto, pela beleza e grandeza de suas
lavouras!”
Moradores da Fazenda Três Minas
Fonte: Suelena Jaqueta
Posteriormente, a propriedade foi vendida
para Manuel Donha. Havia cinquenta e duas famílias que trabalhavam no local
como meeiras. A fazenda chegou a produzir 53 mil sacas de café, que eram
transportadas por dois caminhões. Mais tarde, a propriedade foi vendida para a
família MacGovan, que a arrendou para a Família Ossucci. O café foi arrancado
para o cultivo de soja e algodão. Atualmente, a família MacGovan administra a
propriedade.
Água Marialva
De acordo com o Sr. Pedro Denarde,
sua família morava em Trabijú/SP e, em 1950, mudou-se para Cambé/PR. Seu pai,
José Denarde, trabalhou como meeiro, juntou dinheiro e, em 1953, comprou onze
alqueires de terras na Água Marialva, do Sr. João Cortez Cappel. A viagem de
Cambé a Itambé durou cinco dias, sobre um caminhão pau-de-arara, que trouxe os
móveis, bagagens, a família e a criação de animais. A chuva fez com que a ponte
que dava acesso ao sítio caísse. Então foi preciso dar a volta por Maringá,
atravessar a Ponte Preta, passando pelo Patrimônio Guerra. Para piorar, as
crianças, cinco na época, estavam com sarampo e varicela.
A propriedade estava coberta pela floresta. O
Sr. José contratou trabalhadores para ajudá-lo a derrubar a mata e a fazer as
covas para o plantio do café. Enquanto esta lavoura não produzia, a família
subsistia com o cultivo de milho e arroz entre as ruas do cafezal.
Moradores da Comunidade Água Marialva
Fonte: Pedro Denarde
Havia também a criação de animais
para alimentação, como porcos e galinhas, gado leiteiro e de corte, e para o
trabalho na roça, cavalos. Pedro Denarde disse que ele e a esposa trabalhavam
com o arado puxado pelos equinos. O marido riscava o solo e a mulher vinha
atrás plantando as sementes com uma plantadeira manual. O primeiro trator foi
adquirido pela família em 1966 para o cultivo da soja e algodão.
Além dos Denarde, cerca de vinte
famílias viviam em pequenos sítios na região, como as de Osvaldo e Duvílio
Salin, Brito, Talhiari e, do outro lado do rio, José Deolindo, entre outras.
As crianças estudavam com a
Professora Dulce de Souza Santos e com o Professor Aurélio de Souza Santos.
Depois, foi feita outra escola, onde o Professor era José Deolindo. Por volta
de 1963, Padre Aldo L. Matias celebrou uma missa no local e mais tarde houve um
baile. De madrugada, no fim da festa, um incêndio destruiu a escola. Então, os
alunos passaram a estudar em Itambé, a seis quilômetros de distância. Nas
casas, além de missas, eram realizados terços, nos quais era servido chá de
chocolate, figo ou mate pela dona da casa, procissões e via sacras. Em junho,
faziam-se festas para os santos do mês com levantamento de mastro.
Lá havia campo de futebol, malha e
bocha. O time de futebol da comunidade
se chamava Usina, porque havia uma usina (alambique) na localidade que produzia
pinga e melado, de propriedade do Sr. Vanildo.
Time de futebol Usina
Fonte: Pedro Denarde
No terreirão de café, eram realizados
bailes com os sanfoneiros Pedro Piroca e Antônio Hernandes. A festa durava a
noite toda. No meio do baile, havia o leilão da Rosa da Meia Noite, neste os
rapazes tentavam arrematar uma rosa de papel que lhes daria o direito de
escolher qualquer moça para dançar. Se ela rejeitasse o vencedor, ele poderia
dançar sozinho um música inteira.
Devido às constantes geadas, na década
de 70, a comunidade foi perdendo moradores. Muitos proprietários de terras venderam
seus lotes e os meeiros procuraram trabalho em outras cidades.
O Sr. Pedro Denarde e sua esposa se
lembram com saudades do tempo que viviam na Água Marialva. Segundo o casal, as
pessoas eram mais solidárias e havia muitos motivos para sorrir. Não existia
orgulho nem luxo.
Outra moradora do local foi a Senhora Idalina
Alves da Rocha. Natural de Palmital/SP, ela chegou a Cambé/PR com onze anos de
idade. Em 1960, já casada com João Pedro da Rocha, Idalina veio para Itambé
trabalhar como empreiteira no sítio de seu pai, João Andrade Cézar, na região
da Água Marialva. O casal derrubou a mata, construíu uma casa, cavou um poço e
começou a plantar café. Para a subsistência da família neste período, eles
fabricavam canudinhos de doce de leite para vender. Dois anos depois da chegada
de João e Idalina, houve uma geada que queimou toda a plantação e o pai dela
não prorrogou o prazo da empreita. Então, ela e o marido foram embora para a
cidade de Itambé e abriram uma pequena fábrica de doces.
Cafundó e Santa Ria de Cássia
Próximo à Fazenda Minerva, havia a
Comunidade Cafundó. Nesta se destacam os moradores Alécio Orlandini e Paulino
Orlandini, irmãos que se tornaram vereadores na mesma eleição. Pois em sua
comunidade existiam muitos eleitores. Paulino foi também vice-prefeito na
gestão de Gibson Linhares Monteiro. Com o tempo, a Cafundó juntou-se com a
Comunidade Santa Rita de Cássia, devido à infraestrutura desta última, como
venda de secos e molhados, escola, campo de futebol e igreja.
Em entrevista às professoras Elisabete
Aparecida Moreno e Maria Helena Zampar dos Santos, em 2008, o Senhor Ernesto
Barbosa Ramos contou que veio para esta localidade em 1954, nesta época pertencente
a Bom Sucesso. Ele estava com treze anos e acompanhava a família, seu pai se
chamava Benedito Ramos. Eles eram de Minas Gerais, depois moraram por dois anos
em Sete de Maio/PR. A mudança para Itambé foi de caminhão. O Senhor Ernesto
lembra que choveu muito e o veículo não conseguiu transpor a lama, o motorista
desistiu da viagem e Benedito precisou alugar outro meio de transporte para
chegar ao destino. O que só foi possível fazer com o uso de uma carroça. Quando
chegaram, uma parte da fazenda fora desmatada pelo irmão de Benedito, o
restante do trabalho, a família se encarregou de fazer com foices e machados.
Havia um rancho de palmito, para onde os Ramos se mudaram. Depois, eles
começaram a fazer casas de tábuas, o pai e os filhos cerravam a madeira.
Para o abastecimento de água, havia
um poço de dez metros de profundidade. Como ainda não existia escola no local, os
filhos de Benedito não puderam estudar. Com o crescimento da população no
local, foi feita uma escola ao lado da venda, era um salão com varandinha na
frente. Aparecida Zamberlan foi uma das primeiras professoras. Em 1973, Ana
Mussato e sua irmã Santina lecionaram na escola.
As famílias rezavam terços nas casas e,
para assistir missa, era preciso ir de carroça à cidade. A capela só foi
erguida na década de 70, a pedido de Padre Aldo L. Matias. A comunidade se
chamava São Sebastião, mas como Dona Generosa Ribeiro Ramos, esposa de Ernesto,
era devota de Santa Rita de Cássia, a capela levou este nome e a comunidade
também. Tempos depois, outra capela maior foi construída no lugar desta.
O meio de transporte mais utilizado era a
carroça, que levava os moradores para fazer compras e ir ao médico. Como havia
muitas famílias morando nestas redondezas, uma socorria a outra. A mãe de Generosa
era a parteira da comunidade.
Os Ramos tentaram cultivar café, mas a
geada o destruiu. A fartura veio com a hortelã menta, que permitiu à família
ampliar suas terras. Mesmo assim a vida era simples. Segundo Dona Generosa, as pessoas possuíam
poucas roupas e sapatos, quem tinha três vestidos era considerada rica.
Também residiam no Cafundó João
Rodrigues Celotto, de Catanduva/SP. Ele era dono de uma venda de secos e
molhados, além de transportar cerais com um caminhão.
Família Ramos na Comunidade Santa Rita de Cássia
Fonte: Maria Helena Zampar dos Santos
Água Gilberto
A Água Gilberto ficava à margem direita do
Córrego Mariza. Lá viviam as famílias de João e Valdemar Passoni, Hover
Zamberlan, José Lourenço Neto, Antônio Cassani, Pedro Meira, Dulcídio Amâncio
de Melo, Dário Pedrângelo, Antônio rosa, Marakama, entre outros. Todas as suas
casas eram de madeira e não havia muitas. Como não existia igreja no local, os
moradores frequentavam as missas no Distrito Mariza ou em Itambé. Algumas
vezes, Padre Aldo Lourenço Matias
realizou as celebrações no barracão da família Pedrângelo, ou em casas e
barracas armadas; cerca de cem pessoas participavam das missas. As principais
culturas eram a hortelã menta e o café.
No local, havia a Escola Isolada
Cristo Rei, na qual lecionavam o Professor Gotardo Lourenço Bueno e sua esposa,
Maria de Souza Bueno. Eles se mudaram para a Água Gilberto em 1966, vindos de
Arapongas/PR e passaram a viver na casa dos pais de Gotardo, a três quilômetros
da escola. Inicialmente, Maria foi merendeira e zeladora. Ela se recorda de que
precisava cozinhar no quintal da escola, pois não havia cozinha. Além disso,
era preciso rachar e carregar lenha para o fogão. Então Maria pediu para o
Prefeito Misdei Moreschi construir uma casinha onde o casal poderia morar e
fazer as refeições dos alunos. O pedido foi atendido e eles logo se mudaram.
Alunos da Escola Isolada Cristo Rei e Professor Gotardo
Fonte: Maria de Souza Bueno
Como havia muitos alunos, a escola
funcionava em três turnos. De manhã e à tarde, o ensino era voltado às crianças
de 1ª à 4ª séries. No período noturno, funcionava o Mobral, para alfabetizar
jovens e adultos. No total, cerca de 120 alunos estudavam na Escola Cristo Rei.
Nesta época, a sala ficou pequena para atender a todos, então a Professora
Dulce de Souza Santos, que coordenava as escolas do município, pediu a Maria de
S. Bueno para que também lecionasse. Foi construída mais uma sala e, após fazer
o exame de admissão para o ginásio, Maria começou o novo trabalho, mas
continuou a preparar a merenda e a limpar a escola.
Para reforçar a alimentação dos
alunos, Maria decidiu fazer uma horta, pediu duzentos metros de tela ao
Prefeito e plantou vários tipos de verduras, as sementes foram fornecidas pela
Horta Municipal. Os alunos também levavam ingredientes para tornar as refeições
ainda mais saborosas.
O Maestro Amilton dava aulas de violão
para as crianças, com ajuda do Manuel Alves da Silva. Aos sábados, a cada um ou
dois meses, eram realizadas festas com muita cantoria. A escola ficava repleta
de cantores, instrumentistas e público. Os eventos atraíam pessoas de toda a
redondeza.
Dia de música na Escola Isolada Cristo Rei
Fonte: Maria de Souza Bueno
Na década de 70, já havia ônibus para
transportar os moradores da zona rural até a cidade, a Princesa do Ivaí. Maria
conta que o último ponto ficava no Alto Garcia, era preciso andar mais um
trecho com os sacos de compras nas costas para chegar à Água Gilberto.
Apesar das dificuldades, Maria de S.
Bueno tem saudades daquele tempo. Segundo ela, a amizade entre as pessoas eram
muito grande. Quando deu a luz ao seu filho Reinaldo, os vizinhos levaram
muitos presentes, como: macarrão, vinte ou trinta frangos, arroz, sabonete,
talco, corte de tecido, tudo com amor e simplicidade.
Maria de Souza Bueno entregando certificado
de conclusão a aluno do Mobral
Fonte: Maria de Souza Bueno
Fazenda Santa
Cecília
Joana de Oliveira Vicente veio de São
Paulo para Itambé em 1960. Ela e a família se tornaram colonos na Fazenda Santa
Cecília. O que estimulou a mudança foi a promessa de riquezas no Norte do
Paraná descritas pelos parentes do seu marido, que trabalharam aqui antes. Eles
diziam que a região era muito boa, que dava para juntar dinheiro com o rastelo.
Ela lembra que o primeiro dono da Fazenda Santa Cecília era o Sr. Durval Costa,
que vendeu as terras para seu genro, Dr. José Geraldo da Luz, advogado do
Estado, morador de Maringá. O administrador da propriedade foi o Sr. Giacomo
Antoniassi. No local, moravam trinta e três famílias de colonos em casas de
madeira, algumas de cinco e outras de seis cômodos, varanda, privada, água
encanada da mina e o chão era de terra batida. Todos trabalhavam na produção de
café.
Como algumas famílias eram evangélicas
e a propriedade ficava longe da cidade e do outro lado do Rio Keller, o Dr.
José Geraldo cedeu uma casa para que servisse de templo aos fiéis. Eles tiraram
as paredes que dividiam os cômodos e transformaram a casa num salão. Ali,
presbíteros da Assembleia de Deus vindos de Itambé e Maringá pregavam a Palavra
do Senhor a cerca de quarenta pessoas. Havia reuniões às terças, quintas,
sábados e domingos.
Dona Joana ressalta que seus patrões
eram muito bons. A cada quinze dias, eles matavam porcos ou bois para
distribuir gratuitamente a carne aos colonos. Os trabalhadores também recebiam
leite, feijão e arroz. Pouco se comprava na cidade e, quando era preciso ir a
Itambé, um caminhão da fazenda transportava os colonos. Mas também havia uma
venda de secos e molhados na propriedade.
Na sede, havia uma grande casa de madeira,
na qual Dona Joana trabalhava. Um motor garantia a eletricidade, havia água
encanada, dois banheiros com vaso sanitário, no quintal, um pomar.
Batoque
As terras do Batoque são compostas por
vales e colinas. O primeiro proprietário foi um mineiro de Itajubá, chamado
Antônio Batoque. Ele voltou para Minas e trouxe seus cunhados, Antônio e José
Baltazar, para que também comprassem terras na mesma localidade. Por isso foi
criada a região do Batoque.
Região do Batoque
Foto: Denizia Moresqui
No fim da estrada do Batoque, vivia o
Sr. Sebastião, conhecido como Sebastião da safra, que criava porcos caipiras,
estes eram vendidos em Apucarana, pois lá terminava a estrada de ferro. Sebastião
levava os suínos a pé até lá, percorrendo aproximadamente oitenta quilômetros.
Posteriormente o Sr. Batoque vendeu as
terras para Alberto e Carlos Schlatter. A família Schlatter mudou-se de
Presidente Venceslau/SP para Itambé em 1950, adquirindo a Fazenda Suíça, nome
dado por serem descendentes de suíços. Assim que chegou, Alberto construiu o
templo da Igreja Presbiteriana Independente nesta fazenda, que chegou a ter 150
membros. Depois Alberto também adquiriu a
Fazenda Jam, que pertencia ao Sr. João Jam, morador de Londrina e proprietário
do posto de combustíveis Changrilá.
De acordo
com o Senhor Francisco Suniga Pavan, que chegou a Itambé em 1953, também vindo
de Presidente Venceslau; no Batoque não se plantava café por causa das intensas
geadas, os primos Schlatter cultivavam hortelã menta e depois milho. Assim como
todos os agricultores da vizinhança.
Plantação de algodão na região do Batoque
Fonte: Ademar Adão Rodrigues
Além dos Schlatter e dos Suniga, as
famílias Carvalho, Calixto, Candinho, de Virgílio Adão, Bertoldi, Mendes e
Pereira também moravam na região. Ao todo, eram quarenta famílias. Lá havia um
alambique de hortelã, visto que a produção era grande. Havia também uma escola
isolada, cuja professora era a Senhora Maria Candinho. A diversão se resumia a
pescarias no Rio Keller, quando sobrava um tempo entre um serviço e outro. Para
fazer compras, as pessoas iam a Mandaguari com o ônibus do Jú Lopes. A estrada
era tão ruim que os passageiros precisavam descer para empurrar o veículo frequentemente.
Além disso, havia a necessidade de passar a noite naquela cidade e retornar só
no outro dia a Itambé, devido à demora da viagem.
O Senhor Francisco Suniga Pavan lembra
ainda de como foi a derrubada das matas. As árvores eram imensas, havia muitas
perobas, por isso uma das propriedades da região foi denominada Fazenda
Perobal. Quando os agricultores derrubavam as árvores, eles gritavam para
comemorar o tombo. Infelizmente, uma delas atingiu fatalmente o Sr. Calixto
Soares dos Santos, pai do Senhor José Calixto, então os gritos deram lugar ao
silêncio e à tristeza.
Sr. Calixto Soares dos Santos e seu carro de boi
Fonte: Nadir Soares da Silva
Alvarina Pereira Mendes e seu filho
Anésio, que também moraram por muito tempo nesta região, contam que havia um
campo de futebol na Fazenda Jam, os bailes eram feitos sob barracas de lona e
atraíam pessoas de outras comunidades rurais e da zona urbana. O sítio de
Américo Higino Pereira, pai de Dona Alvarina, ficava entre a Fazenda Perobal e
o Batoque, ele chegou aqui em 1947. Alvarina veio depois com o marido e dois
filhos. Tudo era mato e ela ficou morando num ranchinho de palmito e tabuinha.
Jaguaruna
Apesar de ficar bem próxima ao perímetro
urbano de Itambé, ao lado do Rio Marialva, a Comunidade Jaguaruna sempre
pertenceu ao Município de Marialva, mesmo após a emancipação política de
Itambé. Porém, seus moradores estudavam, faziam compras e participavam da vida
social de Itambé. Lá havia uma capela para realização de missas.
A família Assis era de Minas Gerais,
mas mudou-se para São João da Boa Vista/SP, onde já trabalhavam na lavoura. Por
volta de 1948, vieram para o Paraná em busca de prosperidade. Conceição e Paulo
de Assis Pinto compraram uma propriedade na comunidade Jaguaruna, a seis
quilômetros da zona urbana de Itambé. Lá, eles cultivavam muitas frutas,
inclusive uvas, com as quais produziam vinho artesanalmente. Koren Assis lembra
que seus avôs, cultivavam um enorme pomar. Ela disse que gostava de ficar na
chácara para brincar no Rio Marialva, colher frutas e verduras, subir nas
árvores, andar de carroça, comer pão assado no forno à lenha. Rosa Maria
Grenier Granzotto e Vera Eloísa de Melo Assis também se lembram desta chácara
com saudades, porque frequentemente visitavam o lugar e eram bem recebidas
pelos proprietários e por Glorinha, uma das filhas do casal. Vera escreveu com
saudades em uma rede social:
“Só quem viveu este período para
poder contar a magia da casa e da chácara, parreiras de uvas, frutos, rio,
cavalos, galinhas, passarinhos, fartura de tudo, eu passava a semana inteira na
chácara com Glorinha. Quando menina, quem costurava minhas roupas era ela que
tinha muito bom gosto, íamos passear na Jaguaruna ver os moços bonitos,
assistir à missa e depois ir à quermece....ficávamos a noite para o baile,
depois eles iam nos buscar, porque tinha a travessia do rio que faziamos de
canoas e porque vó cuidava muito. Tenho saudade de tudo, que Deus os tenham
guardado no lugar onde reservou para as pessoas maravilhosas como eles.”
Apesar de a propriedade ser pequena, lá se produzia de tudo para a subsistência,
criavam-se porcos, galinhas e até cabras. Havia somente um cavalo para a lida
com o arado e para puxar a carroça, que Conceição usava para vir à missa e
fazer compras na cidade, como relatou Katine Hellen Assis, neta dos
proprietários.
O filho de Conceição e Paulo,
Dionísio, chegou aqui anos mais tarde e tornou-se o primeiro alfaiate de
Itambé.
Família Assis Pinto e moradores da Jaguaruna
Fonte: Katine Hellen Assis
Outros moradores da Jaguaruna
eram os membros da família Perin. Eles também vieram de São Paulo. Lacídio
lembra que seu pai, Onório, ouviu falar muito de Marialva, então decidiu
mudar-se para esta região. Em 1948, quando chegaram à localidade nem sabiam que
havia um Patrimônio chamado Itambé tão próximo, só conheceram o vilarejo quase
um ano depois da chegada. Onório tentou cultivar café, mas a geada não permitia
o crescimento das mudas. Para viver, os Perin plantavam hortelã, milho e
feijão. Mas por vezes, após a colheita do feijão, eles não encontravam
compradores e os grãos apodreciam. No ano de 1950, Onório cavou um poço e não
encontrou água, além disso, colheu muito feijão, que apodreceu sem ser
comercializado. Então ele pegou toda a produção o jogou dentro do poço. Lacídio
lembra que o poço ficou cheio de grão até em cima. Anos depois, a família
mudou-se para o Guerra, onde finalmente Onório conseguiu cultivar café.
Membros da Família Perin
Fonte: Lacídio Perin
Água
Keller e Água Manduri
Na Água Keller, margem esquerda do rio, vivia
a família de Jacob Silgail, imigrante russo. Ele chegou ao Brasil em 1909 e
residiu no Distrito de Corumbataí, Rio Claro/SP. Em 1951, mudou-se para Itambé,
formando lavouras de café. Nesta localidade foi instalado o primeiro alambique
de hortelã. Nesta localidade, à margem esquerda do rio, também viveu o
imigrante italiano Ampério Beltramim, desde 1955. Aparecido Campos, de
Pirassununga/SP, mudou-se para esta comunidade em 1952, adquirindo um lote. No
mesmo ano, chegou João Rodrigues, de Catanduva/SP. José Goulart e a família de
Antônio Caetano também residiram nesta região.
A comunidade da Água Manduri ficava bem
ao lado da Água Keller. José Joaquim Pereira, sua esposa Maria Altina Pinto de
Melo e parentes do casal ouviram as propagandas sobre as terras de Itambé.
Então, em 1946, vieram conhecer o local e gostaram. Tudo ainda era mato, eles
se preocuparam com a falta de estrutura. Além disso, o medo que as mulheres
sentiram de viver num local isolado fez com que a mudança fosse adiada. Em 1947,
finalmente a família mudou-se para Itambé, nesta época nem havia estradas,
apenas picadas na mata. Foi preciso abrir caminhos à foice e facão, até
chegarem à divisa desejada: Gleba Ijuy, Água Manduri. Neste lugar, foram
montadas barracas de lona, depois construídas casas de palmito e taboínha
lascada ou de sapé. A única coisa que a família fez então foi trabalhar. Em
1953, vieram para a região o filho de José Joaquim, José Pereira de Melo e sua
esposa, Ester Mateus Pinto de Melo. Assim que organizou a propriedade, José
Joaquim construiu quatro casas na vila de Itambé. Quando se mudou para cá,
tornou-se inspetor de quarteirão, uma espécie de chefe de segurança pública.
Família Pereira de Melo
Fonte: Renecéya de Melo Assis
O suíço Rodolfo Schlatter chegou ao Brasil
em 1920. Inicialmente, residiu no Bairro Suíço (atual São Bernardo do Campo) em
São Paulo, capital. Em 1950, adquiriu uma propriedade na Água Manduri e se
mudou para cá com a esposa, Marta Schlatter Weber, e os filhos.
Outra família que morou na Água Manduri foi
Zampar. O Sr. Antônio Zampar relatou que eles viviam em Ribeirão Preto/SP. Em
1942, Isidoro Zampar mudou-se para Cambé/PR, com a esposa e dez filhos, a fim
de trabalhar como meeiro nas lavouras de café. Com o lucro da lavoura, em 1955,
adquiriu um lote de terras na Água Mandurí, em Itambé. Mas não se mudaram para
cá, arrendaram o sítio e continuaram o trabalho em Cambé. Porém, devido à geada
de 1955, que queimou todo o café, Isidoro e os filhos decidiram começar tudo de
novo nas suas próprias terras.
Moradores da Água Manduri
Fonte: Família Zampar
Além de café, eram cultivados: feijão e
milho, para venda e subsistência, criavam cerca de cinquenta cabeças de gado
leiteiro para consumo familiar. Eles possuíam um caminhão F6, que usavam para o
trabalho e para fazer compras na cidade. Os vizinhos eram o Sr. José Janiaki,
José Vioto e as famílias de meeiros. Havia um campo de futebol no sítio do Sr.
Vioto.
Família de Antônio Zampar
Fonte: a própria família
A
família toda viveu na comunidade até 1975, quando a Geada Negra acabou por
desestimular a cafeicultura. Apenas o Sr. Antônio Zampar permaneceu nestas
terras.
Outras
comunidades rurais
Havia comunidades rurais ainda na
Fazenda São Paulo, Fazenda Santa Cruz, entre outras. Guilherme
Miotti chegou a Itambé em 1948, adquirindo terras onde residiram várias
famílias.
Em toda a extensão da Água da Serraria,
ou Água Ipacaraí, havia famílias, como a de Luís Fedrigo, José Granero, entre
outras. A filha de José, Gertrudes Granero, lembra que o sítio deles ficava a
uns três quilômetros da zona urbana de Itambé. Numa queda d’água, José montou
um moinho para a produção de fubá e farinha de trigo. O Senhor Luiz Della
Coleta, natural de Caconde/SP, também mudou-se para a Água da Serraria, em
1949. Mesmo ano em que chegaram à localidade as famílias de José Ferreira de
Carvalho e do italiano Luiz Garbeloto. O Senhor Antônio Verni, paulista de São
Manoel, adquiriu um lote na comunidade em 1951. No ano seguinte, seu sogro,
Valério Zaninelo, iniciou a abertura das terras. Outro morador da localidade
era o Sr. José Martins, descendente de espanhóis. No seu sítio havia um campo
de futebol e o time que se destacou por vencer vários campeonatos municipais.
Família Granero na abertura das terras da Água da Serraria, 1948
Fonte: Gertrudes Granero
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito linda essa História, minha Mãe Maria Helena Ferreira Claro, filha do finado João Antonio Claro (meu avô) e João Ossucci (meu avô por parte de pai), ambos homens e mulheres que fizeram história nessa cidade e pelo que ouço deles, todos foram muito felizes ai!!! Que legal, que honra ver meus dois sobrenomes nessa linda História!!! Parabéns pelas fotos !!! Se tiver mais imagens gostaria de ver meu e-mail é alexandre.ossucci@hotmail.com
ResponderExcluirOlá, Alexandre. Obrigada por ler meu blog. No meu facebook, há mais de 6 mil fotos antigas de Itambé. Procure nos álbuns ITAMBÉ HÁ TEMPOS.
ExcluirOLÁÁÁÁÁÁÁ....
ResponderExcluirSou bisneto do Humberto Moreschi, neto do Augusto Moreschi, me chamo Augusto Moreschi Neto ... muito legal ... adorei saber um pouco mais sobre minha história !!!!! Bendito seja Deus pela sua disposição... Deus lhe abençoe!!!
Olá, Augusto. Também sou bisneta do Humberto Moreschi. Sou neta do Misdei Moreschi. Foi muito legal escrever toda essa história, entrevistei mais de cem pessoas, além de pesquisas em livros, sites, jornais, e trabalhos científicos. Obrigada por ler meu blog, primo.
ExcluirPrima, perdoe-me a demora em responder-lhe. Minha avó (Maria Antônia de Sousa Moreschi) tem uma foto do nosso bisavô como faço para te mandar?
ExcluirOutra coisa, você sabe os nomes dos pais do Humberto Moreschi? Estou tentando o reconhecimento italiano isso iria ajudar muito. Você sabe se na nossa linha genealógica do nosso bisavô alguém já tentou o reconhecimento italiano?
Se algum Moreschi da descendência de Humberto Moreschi já conseguiu me contate por favor!
augustomoreschi@hotmail.com
Imigração da minha família
ExcluirOs imigrantes italianos viajavam, escondidos nos porões de navios, sem nenhum conforto, fugindo da Itália, não tinham passaporte, eram clandestinos a procura de uma terra melhor.
Junto com todos esses imigrantes vieram NICOLA MORESCHI (34 anos) sua esposa MARIA FLIZI MORESCHI (36 anos) e seus filhos PRIMO (8 anos), GIUSEPPE CESARE (5 anos) e ANNUNCIATA (1 ano).
Em 19/04/1887, vindo no navio BEARN da cidade de Viadana , região da Lombardia na Itália e desembarcando no porto de Santos. Ficaram hospedados na HOSPEDARIA DOS IMIGRANTES, localizada no Braz em São Paulo. No Brasil, o casal teve mais dois filhos, Humberto e Giácomo, nascidos no Estado de São Paulo. Humberto Moreschi foi pai de Misdei, meu avô.
Linda história Denizia. A família de minha mãe também é Moreschi. Familiares que vieram de Verona Italia e instalaram-se no RS. Atualmente, parte vive em SC e RS. Fiquei na dúvida com o seu sobrenome Moresqui. Grande abraço. Sandra
ResponderExcluirOlá, Sandra. Meu sobrenome ficou Moresqui por erro de cartório. Mas meu avô se chamava Misdei Moreschi. Vou sempre ao Rio Grande do Sul, a família de meu marido é de Jaguari, região de Santa Maria. Obrigada por ler meu blog.
ResponderExcluirOI DENISIA VOCE ESQUECEU DA ESCOLA ISOLADA UMBERTO DE CAMPOS DO RIO MARIALVA,E PROFESSOR FRANCISCO DE ASSIS,[IRMÃO DO SEU LIO] SOGRO DO CUMANI
ResponderExcluirOI, ninguém me falou desta escola e do professor. Se tiver fotos e informações sobre eles, escreva e mande pra mim. Whats 44 988427001
ExcluirOlá Oi Denizia Moresque qual o nome da escola rural construída as margens de uma estrada rumo a fazenda minerva pois meu til e natural de Itambé ele gostaria de saber o nome dessa escola se puder me ajudar eu agradeço
ResponderExcluirAlguém sabe onde o Humberto Moreschi nasceu? Taquaritinga ou Araraquara ???
ResponderExcluirOi, Augusto, foi em Taquaritinga
ResponderExcluirOi Denizia... conseguimos a Certidão de Nascimento dele o Humberto Moreschi nasceu em Araraquara nasceu em 01/01/1890 com o nome de UMBERTO MORASQUE ...
ExcluirComo foi bom ler isto e saber um pouco mais da história da fazenda que marcou minha infância! Sou neto de Dr. José Geraldo da Luz e bisneto de Dr. Durval. Dois grandes homens que tenho como exemplo na minha vida e família!
ResponderExcluirObrigado e parabens pelo seu empenho, Deus lhe abençoe muito!!
Leandro Costa Luz Freire
Fazenda Santa Cecília
ResponderExcluirSe tiver mais informações, por favor... entre em contato!
leandrofreire03@gmail.com
Obrigada, Leandro. Entrarei em contato sim.
ResponderExcluir