sábado, 28 de janeiro de 2017

HISTÓRIA DE ITAMBÉ - PARTE 4

                 
    PATRIMÔNIO, BAIRROS E COMUNIDADES RURAIS

         De acordo com o trabalho da Prof.ª Elisabete Aparecida Moreno, intitulado ITAMBÉ Aspectos históricos, geográficos e sócio-econômicos (1996), a maioria da população que formou este município migrou de Santa Catarina, cerca de 54%; depois de São Paulo, 26%; de outras regiões do Paraná foram 10%; de Minas Gerais 7%; de outros estados 2% e de outros países 1%. O estudo traz ainda o número de pessoas que moravam na zona rural e urbana em 1970, que correspondia a 2.815 na zona urbana e 12.229 na zona rural. Isto comprova que, como a maioria da população residia na zona rural, as fazendas tornaram-se verdadeiras cidades.


Famílias que migraram para Itambé
Fonte: Mônica Oswaldo do Nascimento

         A falta de transporte do campo até a zona urbana obrigava as famílias de agricultores a morarem perto do trabalho. Então grandes colônias se formaram na zona rural. Os bairros e comunidades rurais, como eram denominados, possuíam uma infraestrutura básica para abrigar os moradores. Nestes, além das casas, havia ainda escola, capela, campo de futebol, salão de festas, venda de secos e molhados e paióis. Nestas comunidades, eram realizadas festas, missas, cultos, torneios de futebol e casamentos.

Venda de Secos e Molhados da Fazenda OuroVerde
Fonte: Família Meyer

          Mas não havia água encanada, as roupas eram lavadas em rios ou em tábuas com água retirada de poços. Para tomar banho, usavam-se bacias ou chuveiros de latão reabastecidos manualmente. As necessidades fisiológicas eram feitas em privadas rústicas, ou até no mato. O lixo tinha dois destinos: o orgânico servia de alimento para porcos, galinhas, e o restante era queimado nos quintais. Nesta época, a produção de lixo não orgânico era pouca, pois nas vendas, as compras eram postas em sacos de papel ou tecido, as bebidas vinham em garrafas de vidro que, após o consumo, deveriam ser devolvidas ao vendedor.  Dessa forma, havia pouco para ser queimado.
         Com o tempo e a criatividade, foram criados alguns sistemas para melhorar a qualidade de vida. Como havia fogão à lenha em praticamente todas as casas, em algumas fazendas era instalado um cano de água, chamado serpentina, que passava por dentro do fogão. A água que saía quente era usada para tomar banho. Esse sistema foi usado nas fazendas Três Minas, São Paulo, Santa Cecília e outras. Os engenhos de cana também ajudaram na fabricação de rapadura e açúcar. Alguns eram movidos à tração animal.

Mulheres e crianças lavando roupa
Fonte: Família Moreschi

         A vida social também era agitada. Cada bairro possuía um time de futebol, então eram feitos torneiros entre eles, criando muita rivalidade. Nos fins de semana aconteciam bailes, geralmente animados por migrantes nordestinos, que atraíam até os moradores da zona urbana. Os maiores bairros e comunidades rurais foram o Patrimônio Santo Antônio (Guerra), a Fazenda Ouro Verde, Catarinense, Moreschi, Garcia e Minerva. Além destas, como a maioria dos lotes era pequena, as famílias viviam próximas umas das outras, criando laços de amizade e formando outras comunidades.

Valdinei de Souza, Nezinho, o primeiro sanfoneiro a animar os
Bailes em Itambé
Fonte: Gertrudes Granero

Mapeamento das comunidades rurais de Itambé existentes entre as décadas de 50 e 70.

1-Itambé
2-Patrimônio Santo Antônio (Guerra)
3-Bairro Catarinense
4-Bairro Moreschi
5-Fazenda Ouro Verde
6-Couro do Boi
7-Fazenda Minerva
8-Gabirobeira
9-Água da Moóca
10-Porto Real
11-Água Bonina
12-Fazenda Três Minas
13-Garcia
14-Água Marialva
15-Cafundó e Santa Rita de Cássia
16-Água Gilberto
17-Fazenda Santa Cecília
18-Batoque       
19-Jaguaruna
20-Água Manduri
21-Água Keller
22-Miotti

                       PATRIMÔNIO SANTO ANTÔNIO (GUERRA)
        Os primeiros moradores desta região foram Antônio Pelatti e seu pai. Um ano depois, mudou-se para lá a família Machado. Em seguida, um homem conhecido como Zé Posseiro e outro apelidado de Zé Polaina. Este último ganhou o apelido porque usava sempre polainas de lã, mesmo no calor.
        O Patrimônio Santo Antônio ficou mais conhecido como Guerra, porque lá havia uma venda de secos e molhados cujo dono se chamava José Guerra, que chegou ao lugar por volta de 1948. A família Guerra vendeu uma fazenda em Abatiá-PR e comprou terras neste patrimônio. De acordo com o Sr. Melquiades Amâncio de Souza, parente da família e antigo morador do local, o patriarca, Estevan Guerra, conhecido como Didinho, dividiu a fazenda entre seus cinco filhos: José, Geraldo, Augusta, Germano e Antônio. Então os filhos foram revendendo as propriedades e assim o Patrimônio Santo Antônio ganhou novos moradores. Outro comerciante do Guerra foi o Sr. Antônio Ferreira, conhecido como Antônio Maneta. Os irmãos Aluízio, Milton e Gibson Linhares Monteiro e o cunhado Aristides Cumani adquiriram terras, residiram no patrimônio, dedicaram-se ao comércio de cereiais e venda de secos e molhados. Além da fabricação de tijolos com barro branco no sítio da família.

Capela Santo Antônio
Fonte: Revista Itambé, 1984

        Neste Patrimônio havia a Capela Santo Antônio, fundada em 1953, que nomeou o local. Para a manutenção desta eram promovidos almoços. Antônio Pelatti conta que, no Guerra, a festa era muito boa. Ele, Duílio, José dos Santos, conhecido como Zé Preto, e João Miquilin trabalhavam na organização, havia a necessidade de cinco mulheres para depenar e preparar de quarenta a cinquenta frangos, além de quinze a vinte leitoas e um boi de dezoito arroubas mais ou menos, tudo assado no forno de lenha. Às quatro horas da tarde, já não havia mais carne, devido ao grande número de pessoas que compareciam ao evento.
         O Patrimônio também contava com escola, denominada Escola Isolada Santo Expedito, na qual lecionaram as professoras Giovana, Rita, Rosa Cumani Monteiro, José Ferreira Dantas, Aida Quesada Monteiro, Balbina Lopes Monteiro, Experidião Franco dos Reis e Dulce Moura Leão. Inicialmente, o prédio era de madeira, mas o Governo do Estado construiu duas salas de alvenaria, dando mais conforto e segurança aos alunos e professores.

Professas e alunos da Escola Isolada Santo Expedito
Fonte: Família Linhares Monteiro

         Havia também campo de futebol, quatro vendas de secos e molhados, farmácia, máquina de arroz, cabeleireiro e máquina de café. Cerca de 3.600 pessoas moravam no entorno deste patrimônio. O Sr. Alcides Benossi, antigo morador, conta que lá havia jogos de futebol que atraiam muita gente. Quando o time de Itambé disputava com o time do Guerra, sempre havia briga. Mas o pior conflito aconteceu contra um time de Aquidaban por volta de 1959. Mais de trezentas pessoas assistiam à partida. No meio do jogo, durante uma discussão entre os atletas, um suplente de delegado atirou para cima com a intenção de acalmar os ânimos. Porém o efeito foi o contrário. O povo invadiu o campo e começou a agredir os jogadores visitantes. Bateram tanto no goleiro de Aquidaban que este acabou morrendo dias depois, ninguém foi preso pelo crime. Então o dono da fazenda onde ficava o campo, Milton Linhares, decidiu acabar com os jogos.

Evento religioso no Patrimônio Santo Antônio (Guerra)
Fonte: Família Linhares Monteiro

                   A energia elétrica era fornecida por meio de motor estacionário da família Linhares, que abastecia cerca de mil moradores e movia a máquina de secagem e benefício de café.
                  Entre as famílias que viviam nesta região, destacam-se as de João Jacob Gegenschatz, imigrante suíço que chegou a Itambé em 1951; no mesmo ano, chegou também Belmiro Caetano da Silva, mineiro de Juiz de Fora; Antenor Ferreira de Aquino, natural de Botelho/MG; Pedro Cardin, paulista de São João de Bocaína, que mudou-se para cá em 1953. Hatsuji Siguiura, imigrante japonês, chegou ao Brasil em 1929, no Guerra, formou lavouras a partir de 1954. Além de Mário Machado, os irmãos Pelati, Francisco B. Moreno, Família Garcia, Hélio Piveta, João e Bendito Amâncio, Alfeu Correia, Família Murata, entre outros.
                  A população deste patrimônio começou a ir embora depois da geada de 1963. As famílias vendiam suas terras e migravam para as grandes cidades. Atualmente, apenas o prédio da escola marca o local onde existiu o patrimônio.

                                             Bairro Catarinense
        Com o objetivo de encontrar melhores condições de vida para seus filhos, muitos italianos imigraram para o Brasil no final do século XIX. Assim como as famílias: Raimundi, Pedrine, Rampelotti, Molinari, Pavesi, Bianchessi, entre outras que ajudaram a colonizar o Município de Itambé.
        A família Bianchessi imigrou da Itália para o Brasil em 1878 e instalou-se na região do Distrito de Botuverá, Município de Brusque, Santa Catarina. Pedro Bianchessi e sua esposa Josefina Resini tiveram sete filhos: Alice, José, Oliva, Ângelo, Pedro, Elza e Gentil (Argentino). Todos trabalhavam na roça, mas a produção só permitia a subsistência da família. 

Coral de Imigrantes italianos em Santa Catarina, 1878.
Ezequiel Raimundi, Pedro Betinelli, Tranquilo Pedrine, João Pedrine,
Carlos Bianesine, Giuseppe Donini, Marco Rampelotti, Giazinto Molinari,
Daniele Tomio.
Fonte: Aluizio Molinari
  
         O filho mais velho, José, resolveu se casar. Mas houve desentendimentos com sua família relativos a este casamento. Então ele saiu da casa dos pais e ficou mais de um ano sem dar notícias. Quando voltou a Botuverá, em 1949, disse que estava morando em Mandaguari e trabalhava na Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Como já foi mencionado, inicialmente, trabalhou como picadeiro, mas por ser um bom funcionário, fora convidado a fazer a medição de terras como agrimensor leigo e passou a receber um bom salário.

José Bianchessi e Angelo Bianchessi
Fonte: Ivete Bianchessi Pereira

        José Bianchi, como ficou conhecido aqui, sugeriu ao pai que vendesse suas terras em Botuverá e comprasse outras no Paraná. Pois, o plantio de café era rentável e as terras muito férteis. O pai aceitou a proposta, vendeu sua propriedade e rumou para o Norte. Junto com ele, partiram as famílias de Guilherme Bonomini e Ângelo Raimundi num caminhão GMC, ano 48, de Guilherme. O caminhão foi coberto por lona e trouxe a bagagem de três famílias, que consistia em baús com roupas, louças, panelas e alguns instrumentos de trabalho.  Ao todo, vinte e duas pessoas migraram para o Paraná nesta viagem. A mudança aconteceu no mês de abril de 1949. Desde Botuverá até Itambé, foram quatro dias de viagem.
        Quando chegaram à beira do Rio Keller, tiveram que levar as mudanças nas costas até suas terras, pois ainda não havia ponte para o caminhão transpor o rio. Com a lona, foi feita uma barraca, na qual as famílias se abrigaram, até que cada uma pudesse construir sua casa. Assim se deu o início do Bairro Catarinense.
        Uma tragédia marcou o início deste bairro. No dia seguinte à chegada, os homens foram caçar para alimentar suas famílias. O cunhado de André Bianchessi, Guilherme Comandolli, disparou acidentalmente a espingarda, acertando seu próprio estômago e morreu. Foi preciso ir a pé buscar autoridades policiais em Mandaguari e registrar a morte. No local da tragédia, foi erguida uma cruz, onde os catarinenses rezavam.
        Pedro Bianchessi adquiriu quinze alqueires, sendo divididos em três lotes de cinco alqueires: um para Pedro, o pai; outro para Pedro, filho; e o último para seu outro filho Gentil. A filha Elza ficou morando em Mandaguari com José, os outros filhos ficaram em Botuverá.
          As primeiras providências tomadas pelos colonos foram derrubar as matas e formar os cafezais. Para sua subsistência, colhiam palmito, caçavam e pescavam. José Bianchessi, que ganhava um bom salário da Companhia, levava outras mercadorias para os catarinenses todas as semanas, que só seriam pagas a ele um ou dois anos depois. Esta ajuda foi essencial para a permanência deles aqui, lembra o Senhor Gentil Bianchessi.

Local onde os catarinenses atravessavam o Rio Keller
Fonte: Google Mapas

          Depois destas três famílias, outras de Santa Catarina rumaram para o Paraná, quase todas de Botuverá. Em 1949, chegaram ao Bairro Catarinense, Arcênio Bianchessi, João Molinari, os irmãos Valdir, João e Sebastião Pavesi. Em 1950, foi a vez de Olímpio Bianchessi e Vicente Pavesi se mudarem para o Paraná e, em 1951, chegou aqui Ernesto Fugaza. Em seguida, vieram as famílias de Henrique Paloschi e Germano Raimundi. A família de Onildo Pedrine chegou por volta de 1960. Todos eram parentes ou amigos, por isso compravam lotes um ao lado do outro.
          Alcir Roberto Bianchessi lembra que encontraram apenas as matas e muitos artefatos indígenas em lugares onde havia água, rios e nascentes. Seu pai explicava-lhe o valor daquelas peças e as guardava. Porém não havia nenhuma tribo instalada no local. Mas havia muitos animais nas matas.  Alcir disse que sua família derrubou uma pequena área de mata e construiu uma casa de madeira, os materiais para esta construção foram transportados de caminhão até o rio e depois nas costas. Também plantaram cereais para sobreviverem, como arroz, milho e iniciaram a lavoura de café. A água era retirada de poço para cozinhar e matar a sede das pessoas e animais. Os banhos eram no rio, com caneco ou bacia em casa; alguns compraram chuveiros de latão que eram abastecidos manualmente. As necessidades fisiológicas eram feitas em privadas ou no mato mesmo.

Família de André Bianchessi
Fonte: Família Bianchessi

          Na cabeceira de sua propriedade, Germano Raimundi construiu um botequinho, que se transformou numa venda de secos e molhados. Anos mais tarde, o comércio foi vendido para seu cunhado Olímpio Bianchessi. Ao lado deste, os colonos construíram uma capela de madeira. O Padre Eduardo, de Mandaguari, rezava as missas periodicamente. 

Olímpio Bianchessi e seus filhos na venda da família
Fonte: Família Bianchessi

          A primeira professora da escola do bairro foi a Senhora Maria Raimundi Bianchessi. Também lecionaram na instituição as senhoras Frida Morelli Bianchessi e Ludiovina Amábile Pedrini Bianchessi. 
         Com a venda, a escola, a igreja e as casas dos colonos, o local passou a ser chamado de Bairro Catarinense, nome que prevalece até hoje. 
 
Escola no Bairro Catarinense, construída pelo 
Prefeito João Antônio Claro em 1963
Fonte: Família Claro Moreschi

           O Dr. Mauro Nakamura conta uma história inusitada que aconteceu no local. Numa tarde, a família Bianchessi estava reunida no quintal conversando, quando uma galinha passou correndo e atrás dela veio uma onça jaguatirica, magra e esfomeada. A felina passou perto do Sr. Pedro e ele instintivamente lhe deu um soco, nocauteando o animal. Depois, ela foi morta a pauladas. Por este feito, o nocauteador ganhou o apelido de “Pedro mata onça a soco”.
         
Festividade em frente à Igreja no Bairro Catarinense
Fonte: Família Bianchessi

             Outra família que morou neste bairro foi Ossucci. Gilberto Ossucci e seus irmãos compraram um lote de cinquenta alqueires no bairro em 1949. Mas continuaram morando no Patrimônio de Caixa São Pedro, Arapongas/PR. Funcionários da família Ossucci cuidavam das terras de Itambé. Os Ossucci se mudaram para cá em 1960. Além deles, Luís Cesário foi outro morador do Bairro.


Gilberto Ossucci
Fonte: Maria Suzana Ossucci


                                               Bairro Moreschi

         De acordo com Antônia André Moreschi, Humberto Moreschi, também descendente de italianos, nasceu em Taquaritinga, São Paulo, no final do século XIX. Depois de casado mudou-se para Cedral, onde cultivava café. Em 1941, soube das terras do Norte do Paraná e decidiu vir para esta região com toda sua família e empreiteiros, nesta época os filhos mais velhos já estavam casados. Humberto comprou 100 alqueires de terras com mata virgem numa localidade conhecida com Vinte e Cinco, entre Cambé e Londrina e viveu neste local por dez anos, cultivando café. Em 1951, a família adquiriu 120 alqueires de terra no Patrimônio de Itambé, a propriedade foi dividida em pequenos lotes para que os empreiteiros, cerca de quinze famílias, derrubassem a mata e cultivassem o café. Foram construídas casas cercadas de palmitos e cobertas de tabuinha para abrigar os moradores. Quando os pés de café estavam com quatro anos e já davam seus primeiros frutos, ocorreu uma geada. Então foi preciso cortar o café e foram plantados milho, arroz e feijão com grande produtividade.

Bairro Moreschi. Fonte: Família Moreschi

          Humberto adquiriu mais 100 alqueires de terra em Itambé e voltou a plantar café na Fazenda Anjo da Guarda. Desta vez, a geada não atrapalhou e a produtividade melhorou a vida de todos. As casas de palmito foram substituídas por vinte casas de madeira, além disso, foram feitos: dois terreirões, um secador de café, salão de baile, campo de bocha, farmácia, máquina de arroz, serraria, campo de futebol, venda de secos e molhados, sorveteria, e o Governo do Estado construiu uma escola de alvenaria no lugar da escola de madeira. Um dos filhos de Humberto, Misdei, e um empreiteiro, Débio dos Santos, construíram a primeira capela do bairro com a madeira retirada da própria fazenda. Havia missas uma vez por mês, com padres de Itambé ou de Bom Sucesso. Os treze filhos de Humberto compraram mais terras e foram abrir seus sítios em outros distritos ou municípios. A fazenda Anjo da Guarda ficou para Misdei e seus irmãos, Álvaro e Artizo Moreschi. 

Primeiro Templo da Capela Santo Anjo da Guarda
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

        O cultivo da hortelã menta teve início em 1956, devido ao alto valor do produto. Os proprietários compraram um caminhão Alfa Romeu, com capacidade para dezoito mil quilos de carga, cujo motorista era Irineu Moreschi. A safra de café era transportada para os portos de Santos e Paranguá.
        No local, havia grandes festas com torneios de futebol e bailes, que atraíam centenas de pessoas, das zonas urbana e rural.

Moradores do Moreschi e visitantes
Fonte: Adriele Miotti
                
                                                  Bairro Garcia

Desmatamento do Bairro Garcia
Fonte: Luzia Rodrigues

           O Bairro recebeu o nome de Garcia por abranger, entre outras propriedades, a de Antônio Manuel Garcia, paulista da região de São Manuel. Ele mudou-se para Itambé provavelmente em 1950. Cerca de oitenta famílias viviam na região, em cada sítio havia de dez a doze residências. Neste local, havia também a propriedade do Vereador Benito Rodrigues, o qual cedeu um terreno para a construção da escola. O Senhor Natalino Nunes da Silva lembra-se que estudou lá com a Professora Ivani Aries de Assis, em 1965. 

Professora e alunos da Escola Isolada “Garcia”
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

                 Havia dois campos de futebol, um na Fazenda Garcia e outro no sítio do Senhor Benito, também havia dois times. Nos campos aconteciam torneios constantemente. Natalino disse que os moradores do bairro quase não iam à cidade de Itambé, pois o local oferecia diversão e mercadorias, fornecidas por duas vendas de secos e molhados, do Benito Rodrigues e do José Nunes.

Moradores da Comunidade Garcia em frente à Capela
Fonte: Maria Helena Zampar dos Santos


           O café e a hortelã menta eram as lavouras cultivadas. Todos os sábados, havia bailes nos terreirões de café. Os terços eram rezados nas casas. Uma vez por mês, o padre rezava missa na Capela São Sebastião, que foi visitada até por Dom Jaime Luís Coelho, arcebispo de Maringá.
             O bairro era formado pela família Garcia, família de Sebastião Nunes, de Arnaldo Fatoretto, de Benito Rodrigues e Beltramin.

Moradores do Bairro Garcia
Fonte: Luzia Rodrigues


                                             Fazenda Ouro Verde

Desmatamento da Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer

        A Fazenda Ouro Verde foi formada pelo imigrante alemão Guilherme Meyer. De acordo com sua esposa, Marilena C. de P. Meyer, aos 13 anos, Guilherme saiu da Alemanha com os pais, a família fugia da Primeira Guerra Mundial. Estabeleceram-se em Paraguaçu Paulista, Estado de São Paulo. Em 1931, após da morte dos progenitores, Guilherme veio morar em Londrina e foi o primeiro motorista do Senhor Nelson Garcia, dono da Viação Garcia, dirigindo uma Catita que fazia a linha Londrina-Rolândia.  Em 1938, ele também foi sócio da Casa Guilherme, em Rolândia, na qual havia serviço de correio e banco. Muitos judeus alemães que fugiram das guerras para esta cidade eram seus fregueses, o local funcionava como um ponto de encontro para eles. A Casa existe até hoje.
           Em seguida, Guilherme Meyer montou uma serraria em Arapongas, e expandiu o negócio para Mandaguari, onde ouviu falar da fertilidade das terras do Vale do Ivaí, através da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Então comprou 143 alqueires de terras em Itambé e depois adquiriu mais 100. Porém devido a prejuízos com a geada de 1955, precisou vender uma parte das terras.


Colonos da Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer

         A mata foi derrubada, mas preservou-se uma parcela para proteger a mina d’água, formando um bosque, foram construídas 53 casas com pomar e forno para as os colonos. Mais de duzentas pessoas moravam nesta fazenda. Marilena disse que Guilherme se preocupou muito com o bem estar de seus empreiteiros. Também foram construídos açougue, escola, onde eram realizadas missas, bailes e reuniões, campo de futebol, armazém de secos e molhados, aberto aos sábados, para vender tecidos, mandjuba, carne seca, também havia um açougue ao lado. Uma vez por mês, os colonos chegavam ao armazém com uma lista imensa de compras e era preciso que o vendedor separasse tudo para entregar ao freguês. Como as estradas eram ruins e sem meios de transporte, as compras precisavam ser feitas ali mesmo.
         Ela destaca também que a escola ficava lotada de alunos, o local também servia de clube de reuniões, missas, bailes. Nestes as mulheres levavam seus filhos e colocavam sacos de café no chão para as crianças dormirem, a música ficava por conta de violeiros e sanfoneiros da região. Não havia equipamentos para ampliar o som, tudo era no “gogó mesmo” diz Dona Marilena.
         A fazenda contava com um time de futebol e um campo com barzinho. Os colonos e os filhos de Guilherme eram os jogadores. Nos dias de jogos, moradores de toda a região compareciam para assistir as patidas. A sede do Ouro Verde Futebol Clube também funcionava no prédio da escola.
         A família não morava na fazenda, a residência oficial era em Arapongas, mas passava muitos meses do ano no local, principalmente em épocas de colheita. Para tanto, Guilherme construiu um grande casa de madeira, com dez quartos e uma adega no porão. Os parentes da família iam visita-la e a casa estava sempre cheia.

Família Meyer
Fonte: a própria Família

         Inicialmente, a fazenda produzia café. Mas com a chegada dos filhos, Guilherme precisava pegar leite dos sítios vizinhos. Mas ele achava uma vergonha ter uma fazenda daquele tamanho e não possuir nenhuma vaca leiteira. Então, comprou algumas cabeças de gado holandês, mesmo sem ter conhecimento de como lidar com a criação destes animais. Um dos filhos de Guilherme, Luís Henrique, interessou-me pela pecuária e estudou muito sobre o assunto, até sobre a genética das vacas. Assim ele montou um plantel de gado holandês na fazenda, inicialmente vermelho e branco, expandindo para preto e branco. Luís Henrique implantou o sistema mecânico de ordena, o que proporcionava mais higiene e rapidez ao trabalho. Por este empenho à pecuária, ele foi presidente do Núcleo dos Criadores de Gado de Leite de Maringá, após seu falecimento o Núcleo foi denominado com o nome de Luís Henrique Meyer e, todos os anos, a entidade premia os melhores produtores de leite com o Troféu Luís Henrique Meyer. A família também investiu no turismo rural a partir de junho de 1998.
         Uma curiosidade a respeito do plantel da família foi relatada pelo ex-verador Jovânio Pereira dos Santos. Guilherme comprou um tourinho de Ronaldo Golias, pois o humorista era um dos maiores importadores de gado do país. 

Ordenha mecânica na Fazenda Ouro Verde
Fonte: Família Meyer

                                                Couro do Boi

         Em 1951, com a chegada das primeiras famílias, que viviam nas Comunidades Bela Vista e Couro do Boi, em Londrina, foi criada a comunidade Couro do Boi, em Itambé. Dentre as famílias estavam as de: Dorvalino Sassi, Alberto Dalrovese, Vitorino Fabris, família Patrício, Altino e Demétrio Camilo, José Ferino e Ernesto Fugazza. Dois anos depois, outras que se mudaram para lá foram: Mário, Augusto e João Vertuan, Ângelo Modolon, Natal e Augusto Tomazeli.
          As famílias se dividiram nas águas: Indiana e Beija-Flor. Como o local ainda não tinha nome, quando as pessoas iam visitar as famílias que viviam lá diziam que iriam ao pessoal do Couro do Boi, daí surgiu o nome da comunidade. Até as duas águas também ficaram conhecidas como Água Couro do Boi.
         A derrubada das matas foi feita com foices e machados, construíram-se taperas nas margens dos córregos. Para a subsistência, eram plantados arroz e feijão. A hortelã foi a primeira cultura, seguida pelo café.

Secagem do café no terreirão
Fonte: Família Sassi

        O primeiro campo de futebol foi feito no sítio do Senhor José Ferino. O goleiro do time era o Senhor Luiz Vertuan, ainda morador de Itambé, seu reserva era Durval Sassi, que atualmente vive em Palmitópolis. Depois foi feito outro campo na às margens da Água Beija-Flor. O time disputava jogos com outras equipes como: Minerva, Moreschi, Guerra, entre outros.

Time de Futebol do Couro do Boi, 1984
Fonte: Adriele Miotti

          O maior número de pessoas que viveu nesta comunidade pertencia às famílias Vertuan, Patrício e Antônio Balan, este mudou-se para cá em 1955.
          Domingos Patrício chegou à comunidade em 1951, onde adquiriu quinze alqueires, desmantando-os e cultivando café. Como tinha dez filhos, muitos deles foram embora para outras cidades a fim de sustentarem suas famílias, como o Senhor Antônio Patrício, que mudou-se para Maringá e  trabalhou de carroceiro,  depois foi para Palmitópolis, local onde adquiriu sua primeira propriedade para o cultivo de hortelã menta. Em 1970, Antônio voltou para o Couro do Boi e comprou as partes das terras de seus irmãos. Nesta época, ainda estava em alta a produção de café.

Demétrio Camilo e Domingos Patrício
Moradores do Couro do Boi
Fonte: José Carlos Patrício

         Todas as famílias eram católicas, mas não foi construída capela no local. As missas e terços eram rezados na casa de líderes comunitários. Os moradores do Couro do Boi também frequentavam a Igreja Anjo da Guarda no Bairro Moreschi, até que uma escola foi construída às margens de uma estrada rumo à Fazenda Minerva. Além de servir para alfabetizar os alunos, missas eram realizadas ali a cada dois meses, aproximadamente. Como não havia médicos nas proximidades, os bebês nasciam pelas mãos de Dona Corina, parteira do Bairro Catarinense.
          Com o passar dos anos, as famílias foram vendendo suas propriedades e muitas adquiriram terras mais baratas em Palmitópolis, próximo de Nova Aurora-PR. Permaneceram na Comunidade Couro do Boi as famílias Vertuan e Patrício. 

Almoço no terreirão de café, Couro do Boi, 2012
Foto: Denizia Moresqui

                                             Fazenda Minerva

           A Fazenda Minerva era de propriedade de Ruy Hellmeister Novaes, Prefeito de Campinas-SP, nos anos de 1955 a 1959 e de 1964 a 1969. O nome da fazenda foi inspirado na deusa grega da caça, lá também eram produzidos hortelã e café.

Ruy Hellmeister Novaes
Fonte: Google Imagens

          Ruy visitava a Fazenda a cada sessenta dias. Para sua comodidade, construiu uma grande casa de alvenaria com de piscina, zelavam o imóvel João Ernesto Maia e sua esposa Luzia da Silva Maia. A casa impressiona pelo tamanho e pela beleza. De acordo com José Carlos Nardi, ela foi projetada pelo filho de Ruy, que era engenheiro. Lá o proprietário fazia festas e recebia importantes políticos brasileiros. O local era vigiado por guardas vinte e quatro horas por dia. Havia duas colônias de mais ou menos vinte casas.

Casa construída por Ruy Novaes na Fazenda Minerva
Foto: Denizia Moresqui

          Maria de Fátima Bernandes Cesco mudou-se para este local aos 12 anos de idade. Ela conta que Ruy Novaes vendeu a propriedade para o Deputado Hélio Consone, pai de João Luís Consone, de Ribeirão Preto- SP, por volta de 1968. A fazenda foi um presente de casamento para João Luís. O pai de Maria, Cipriano Bernardes, veio para Itambé administrá-la. Nesta época, a propriedade passou a produzir soja e as casas, aos poucos, foram desmanchadas, já que a necessidade de mão de obra diminuiu e muitos colonos foram embora.
           Mesmo assim, por causa do trabalho de capinagem, a fazenda Minerva ainda era habitada por muitas famílias. No local, havia campo de futebol e um time, que era mantido com a renda de bailes realizados quinzenalmente. A equipe disputava jogos com os times das comunidades vizinhas, o que atraía muitos espectadores.
           Em 1976, a fazenda foi vendida para Luís Guerreiro. Atualmente pertence à Família Balan.

                                                Gabirobeira

         Esta comunidade era formada por várias propriedades pequenas. Seu nome se refere às várias gabirobeiras encontradas no local na época do desmatamento. Lá havia escola, inaugurada em 1959, e várias casas das famílias: Spirandelli, Bróio, Rosa, Silva, Giraldelli, Nardi, entre outras. José Nardi, paulista de Santa Cruz do Rio Pardo, mudou-se para Jandaia do Sul em 1948. Depois adquiriu lotes e mudou-se para Itambé, em 1955.
         Aparecido Severino Spirandelli, filho de Cuelfo Spirandelli e Carolina Luiza Bróio, veio de Sertaneja para Itambé em 1952, assim como Sevério Bróio e seus filhos José e Geraldo. A família Spirandelli comprou um sítio da Gabirobeira por volta de 1947, pagou empreiteiros para derrubarem as matas do lote que havia comprado. Um empreiteiro formou café, Mané Português. Só cinco anos depois da compra do lote, foi que os Spirandelli mudaram-se cá. Eles fizeram uma casa e tábuas e coberta de tabuínha, com vigamento de palmito e o chão de terra. Depois a família tocou a lavoura de café. No local havia uma venda.
           José Nardi veio de Jandaia do Sul para Itambé em 1955, pois havia comprado um sítio no local, em 1948. Ele lembra que havia muito palmito e peroba na sua propriedade.  Também cultivou café, para a subsistência, plantava arroz, milho e feijão. A única criação trazida de Jandaia era um cavalo.

Equipe de fubebol da Gabirobeira
Fonte: José Carlos Nardi
         Havia famílias vivendo até ao lado do Saltinho do Rio Keller. A Gabirobeira contava com campo, time de futebol e salão de festa. Como o número de alunos era grande, a escola funcionava em dois períodos: de manhã para alunos de 1ª e 2ª séries e à tarde, 3ª e 4ª séries. José Carlos Nardi calcula que havia cerca de 100 alunos ao todo. A primeira professora da Escola Isolada Visconde de Mauá foi a Senhora Maria Aparecida Zaninelo, esposa de Antônio Verni.

Moradores da comunidade Gabirobeira
Fonte: José Carlos Nardi 
         
          A energia elétrica para o funcionamento da televisão era obtida por meio de bateria, em 1972 foi posto no local um motor. Como em Maringá ainda não havia retransmissora de TV, era necessária uma antena de vinte metros de altura para captar o sinal da TV Tibagi de Apucarana. Em 1972, um gerador de energia foi instalado na comunidade.
          A água era obtida de nascentes por meio de “um burrinho”, espécie de máquina movida à água, que enchia as caixas. Outro recurso era a roda d’água.

Escola Isolada Visconde de Mauá
Fonte: Família Zampar


                                               Água Moóca

           O primeiro desbravador da Moóca foi o senhor Martin Tieppo. Ele veio sozinho abrir as matas, ficou hospedado com uma família a cinco quilômetros de seu sítio. Após derrubar um pouco de mato, começou a fazer uma casinha de palmito e coberta de tabuinha. Em seguida voltou a Bandeirantes para buscar a esposa e a filha, Iride, de seis anos.  Fazia dois meses que estava longe de casa. Quando elas o viram, não o reconheceram, pois pensaram que ele fosse um mendigo, devido a seu estado físico: magro e barbudo. Os três mudaram-se para a Moóca e outra casa maior de palmito e tabuinha foi erguida. Em seguida, o restante da família, cerca de treze pessoas, também chegou à comunidade. 

Martin Tieppo e família
Fonte: Iride Tieppo

           A Senhora Pelargia Buchinski Schischoff (1927-2015) conta que seus avós vieram da Polônia num navio tocado a vento, no século XIX. Eles aportaram em Santa Catarina e lá se casaram. O pai de Pelargia, Adan Buchinski, já nasceu no Brasil, em Benedito Novo/SC. Depois de se casar com a Senhora Vitória Kovalski, ele veio com a família morar num local chamado Warta, distrito de Londrina, mas após dois anos, Adan morreu. Vitória ficou sozinha para sustentar sete filhos, o mais novo estava com apenas quatro meses. Então, ela mudou-se para Itambé, região da Moóca, em 1947, e passou a trabalhar como meeira no cultivo do café, ajudou inclusive a derrubar as matas. Pelargia abandonou a escola para ajudar a mãe. Quando conseguiu juntar dinheiro, Vitória comprou dez alqueires perto de Aquidaban. Anos mais tarde, ela voltou para Santa Catarina, onde faleceu aos 85 anos. Pelargia ficou em Itambé com o marido.

Vitória Kovalski, uma mulher de coragem
Fonte: Pelargia Buchinski Schichoff          

           A escola da comunidade ficava à margem direita do Rio Marialva, na Serra do Barbudo. Para que as crianças pudessem chegar até lá, os moradores da Moóca derrubaram um tronco de urucaia para ligar uma margem à outra e fizeram corrimão de bambu. A primeira professora se chamava Maria, que depois foi substituída por Alice. Esta além de lecionar, trabalhava na roça. Todos os casais tinham muitos filhos. Pelarga teve onze, que ajudavam na lavoura.
        Além da família de Buchinski, outros poloneses se mudaram para a Moóca. Pelargia acredita que eram mais de dez famílias que se reuniam nos almoços de domingo para cantar e falar em polonês. 

Família da Senhora Pelargia Buchinski Schischoff
Fonte: Família Schischoff

       Cada família possuía de cinco a dez alqueires, pouca mobília e muita vontade de trabalhar. Todos os homens eram caçadores, para conseguir carne, aos domingos de manhã, eles saíam com espingardas e cães a fim de caçar veados na beira do Rio Marialva. Depois, a mulheres limpavam e preparavam a carne. Também eram feitas armadilhas com espingardas e fios nos locais onde havia trilhas de veados e pacas. Mais tarde, a famílias passaram a criar porcos. A primeira vaca foi trazida pelo esposo de Pelargia da Varta a pé e depois de caminhão. A vaca estava com bezerro, por isso a viagem se estendeu por vários dias. As outras famílias alimentavam as crianças com leite em pó. Nesta comunidade foram plantadas muitas árvores frutíferas. Pelargia diz que a Moóca parecia um paraíso devido à fartura. Havia até um alambique de pinga do Senhor Leovaldo de Souza.
        Para ir à missa, as pessoas caminhavam até o Distrito de Itambé. Depois foram adquirindo carroças. Além das missas, os moradores da Moóca também participavam das festas da Igreja. Perto da comunidade, havia uma igrejinha na margem direita do Rio Marialva, ao lado da escola. Lá eram realizadas missas, batizados e primeira comunhão, depois ela foi desativada. Quando o Padre Pedro Canísio Dapper assumiu a Paróquia de Itambé, em 1973, passou a celebrar missas todas as últimas sextas-feiras do mês na casa de Dona Pelargia.
        Na Moóca, havia um campo de futebol no sítio do Senhor Domingos da Silveira. O time era mantido pela comunidade que fazia um baile a cada quinze dias para arrecadar dinheiro. A comunidade se estendia por vários sítios, chegando a ter, aproximadamente, 1.500 pessoas. Esta comunidade, juntamente com a do Couro do Boi, foram as que mais resistiram ao êxodo rural.
         Um grande líder da comunidade foi o ex-vereador João Cristino de Freitas, que se tornou presidente do Sindicato Rural de Itambé.
         Outro morador da comunidade foi o Senhor Érico Possobon, natural de Ribeirão Preto/SP, chegou a Itambé em 1951 para trabalhar de empreiteiro. Já em 1953, conseguiu recursos para adquirir um lote na Água da Moóca.
                                      
                                                 Porto Real

        De acordo com José Carlos Nardi, a Fazenda Santa Bárbara foi loteada na década de 60 e revendida a várias famílias, entre os compradores estavam a família Martussi, Lafayete Grenier e Armando Lima, dando origem a outra comunidade rural. A Comunidade Porto Real ficava junto ao Rio Ivaí, lá viviam cerca de dez famílias. Havia igreja, escola e uma venda de secos e molhados, denominada Empório Real, que pertencia à família Bianchessi e depois foi vendida a Pedro e José Possobon. Calcula-se que mais de duzentas pessoas viviam na comunidade. Neste local, os Martussi teriam instalado uma pequena balsa para fazerem a travessia do rio.     
        Segundo Jovânio Pereira dos Santos, lá havia também outra balsa um pouco abaixo do Porto Real instalada em meados dos anos 60. Antônio Pupin morava nas imediações da Fazenda Minerva, mas possuía uma fazenda à margem esquerda do Rio Ivaí, denominada Ninho da Onça. O acesso às suas terras era muito difícil, pois teria que dar uma volta grande para atravessar o rio. Antônio Pupin dizia que existia uma rodovia federal ou estadual que passava por Bom Sucesso, na Comunidade Cafundó e atravessava o Rio Ivaí, passando por Quinta do Sol, tendo como destino Campo Mourão. Pupin afirmava que a história era real. Dado a sua necessidade de atravessar o rio, o próprio Pupin e outros proprietários de terras e políticos se uniram para a instalação da balsa; o local recebeu o nome de Porto Real, em homenagem a afirmação de Pupin, sobre a história “real” da rodovia. A balsa foi levada pelo rio na década de 70.
         A história deste local foi marcada por um grave acidente. Guilherme de Almeida Grenier se lembra do caso que chocou seu pai, o médico Lafayette Grenier. O Rio Ivaí estava muito cheio e o balseiro, abaixado, mexia com cabos de aço. Então, a forte correnteza rompeu os cabos e estes amputaram as pernas e os braços do homem. Quando o levaram ao médico, este pôde apenas estancar o sangue e levá-lo à Maringá, onde havia mais recursos para atendê-lo. Felizmente, o balseiro sobreviveu.

Balseiro que teve parte dos membros amputados
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé


                                                Água Bonina
         Na Água Bonina, havia vários sítios com cerca de vinte famílias. Destacam-se entre elas: Brito, Lima, Durvalino Custódio, João Rimechi, José Decíbio, Rabelo, Domingos Briega, Souza, Nieri, João Calsavara, Antônio Molário, José Pedro da Silva, conhecido como Zé capador de porco, e João Guedes. João Bessani, natural de Novo Horizonte/SP, mudou-se para o Paraná em 1942, morando em Cambé e Assaí. Em 1951, veio para Itambé e adquiriu um sítio na Água Bonina, lá também abruiu uma venda de secos e molhados.  

João Bessani e moradores da Água Bonina
Fonte: Família Fedrigo

           Posteriormente, mudou-se para lá a família Fedrigo. Vindo de Conquista/MG com seus pais em 1951, Paulo Fedrigo residiu na Água da Serraria e trabalhou de meeiro nas terras de descendentes de japoneses. Após seis anos no local, a família comprou um sítio na Água Marialva. Em 1969, o sogro de Paulo, João Bessani, propôs ao genro que tomasse conta de sua propriedade na Água Bonina. Pois João queria mudar-se para Maringá. Paulo aceitou e proposta e, pouco tempo depois, comprou a propriedade. Naquela época, era cultivada hortelã e criava-se gado, mais tarde, algodão.
          As crianças estudavam numa escola que ficava às margens do Rio Marialva. Quando esta foi desativada, os alunos iam a pé a Itambé para estudar nas Escolas Reunidas. O ex-vice-prefeito Vítor Aparecido Fedrigo, filho de Paulo, disse que gostava de brincar com abacates. Ele e seus irmãos espetavam gravetos nas frutas e faziam bois e cavalos, já que não havia brinquedos. Ainda adolescentes, os filhos de Paulo já começaram a ajudá-lo no trabalho com os animais.
        Existia na Bonina um campinho de futebol, no qual eram realizados torneios que atraíam muitos torcedores. Maria Bessani Fedrigo, esposa de Paulo, lembra que às vezes o jogo acabava em briga.

Paulo Fedrigo, em pé ao lado da carroça
Fonte: Família Fedrigo

        A família abastecia-se num poço de dezessete metros de profundidade, em época de seca, para economizar água, era preciso lavar as roupas no ribeirão. Outra dificuldade era usar o banheiro, ou melhor, privada, que ficava a cinquenta metros de casa, pois deveria ser construída para baixo do poço. A noite, o caminho da casa até o banheiro era iluminado com vela.
     Em tempos de chuvas, formava-se um atoleiro tão grande na estrada, que era quase impossível sair do local.
        Homero Durvalino Sthefany, outro morador da Bonina, veio de Santa Amélia para Itambé em 1949, com a esposa e os pais; Durvalino Custódio e Ana Sthefany, já havia comprado um lote em 1944. Ficou vivendo com a esposa dezoito dias debaixo de uma barraca de lona, depois fizeram um rancho de palmito, com nove cômodos. Ao todo, três famílias moravam juntas. As brigas das crianças eram inevitáveis.  A água usada pela família era do rio Bonina, tanto para cozinhar, beber quanto para higiene pessoal, até que foi feito um poço.  Os alimentos para os primeiros seis meses já foram trazidos na mudança, além de algumas galinhas e porcos. Ele lembra que havia muitos bichos na mata, até onças, que Homero ajudou a matar. Quatro alqueires de floresta foram derrubados e, após dois anos, foi plantado café. Como ainda não havia venda no local, Homero lembra que carregava sacos de 50 quilos de açúcar, arroz ou de batatas nas costas de Itambé até a Bonina. As crianças estudavam na cidade e percorriam os seis quilômetros de distância a pé e descalças.

        Os católicos da comunidade se reuniam nas casas para estudarem a Bíblia e rezarem. Na Bonina, foi instalado o primeiro templo da Igreja Congregação Cristã no Brasil de Itambé. Por isso, lá havia muitos músicos.

                                              Fazenda Três Minas

           A Fazenda Três Minas foi de propriedade do pai dos Senadores Álvaro e Osmar Dias. De acordo com Álvaro, Silvino Fernandes Dias, seu pai, é natural de Quatá/SP e veio ao Paraná em 1938. De sua cidade até Londrina, viajou de jardineira e, no lombo de cavalo, até Mandaguari, onde se hospedou num hotel. Junto com corretores foi até ao local onde se localiza a cidade de Maringá e comprou lotes próximo à futura UEM, Universidade Estadual de Maringá, interessou-se por esta região por haver no local um rio e por saber que a linha férrea passaria por ali. Começou a cultivar café, mas sua família permanecia em Quatá, cidade que visitava constantemente. Em 1954, construiu uma casa em Maringá e trouxe a esposa, Helena, e seus filhos. Como as safras de café lhe deram muito lucro, o Senhor Dias pôde adquirir outras fazendas, como a Três Minas em Itambé. Álvaro se recorda bem desta, da qual escreveu em seu blog, pesquisado em 2013:

      “Foi o ponto de partida para a formação de novas fazendas de café, como a de Itambé, que muito me impressionava, ainda garoto, pela beleza e grandeza de suas lavouras!”

Moradores da Fazenda Três Minas
Fonte: Suelena Jaqueta

      Posteriormente, a propriedade foi vendida para Manuel Donha. Havia cinquenta e duas famílias que trabalhavam no local como meeiras. A fazenda chegou a produzir 53 mil sacas de café, que eram transportadas por dois caminhões. Mais tarde, a propriedade foi vendida para a família MacGovan, que a arrendou para a Família Ossucci. O café foi arrancado para o cultivo de soja e algodão. Atualmente, a família MacGovan administra a propriedade.
                                           
         
                                                Água Marialva

            De acordo com o Sr. Pedro Denarde, sua família morava em Trabijú/SP e, em 1950, mudou-se para Cambé/PR. Seu pai, José Denarde, trabalhou como meeiro, juntou dinheiro e, em 1953, comprou onze alqueires de terras na Água Marialva, do Sr. João Cortez Cappel. A viagem de Cambé a Itambé durou cinco dias, sobre um caminhão pau-de-arara, que trouxe os móveis, bagagens, a família e a criação de animais. A chuva fez com que a ponte que dava acesso ao sítio caísse. Então foi preciso dar a volta por Maringá, atravessar a Ponte Preta, passando pelo Patrimônio Guerra. Para piorar, as crianças, cinco na época, estavam com sarampo e varicela.
           A propriedade estava coberta pela floresta. O Sr. José contratou trabalhadores para ajudá-lo a derrubar a mata e a fazer as covas para o plantio do café. Enquanto esta lavoura não produzia, a família subsistia com o cultivo de milho e arroz entre as ruas do cafezal. 

Moradores da Comunidade Água Marialva
Fonte: Pedro Denarde

           Havia também a criação de animais para alimentação, como porcos e galinhas, gado leiteiro e de corte, e para o trabalho na roça, cavalos. Pedro Denarde disse que ele e a esposa trabalhavam com o arado puxado pelos equinos. O marido riscava o solo e a mulher vinha atrás plantando as sementes com uma plantadeira manual. O primeiro trator foi adquirido pela família em 1966 para o cultivo da soja e algodão.
           Além dos Denarde, cerca de vinte famílias viviam em pequenos sítios na região, como as de Osvaldo e Duvílio Salin, Brito, Talhiari e, do outro lado do rio, José Deolindo, entre outras.
           As crianças estudavam com a Professora Dulce de Souza Santos e com o Professor Aurélio de Souza Santos. Depois, foi feita outra escola, onde o Professor era José Deolindo. Por volta de 1963, Padre Aldo L. Matias celebrou uma missa no local e mais tarde houve um baile. De madrugada, no fim da festa, um incêndio destruiu a escola. Então, os alunos passaram a estudar em Itambé, a seis quilômetros de distância. Nas casas, além de missas, eram realizados terços, nos quais era servido chá de chocolate, figo ou mate pela dona da casa, procissões e via sacras. Em junho, faziam-se festas para os santos do mês com levantamento de mastro.
          Lá havia campo de futebol, malha e bocha.  O time de futebol da comunidade se chamava Usina, porque havia uma usina (alambique) na localidade que produzia pinga e melado, de propriedade do Sr. Vanildo.

Time de futebol Usina
Fonte: Pedro Denarde

         No terreirão de café, eram realizados bailes com os sanfoneiros Pedro Piroca e Antônio Hernandes. A festa durava a noite toda. No meio do baile, havia o leilão da Rosa da Meia Noite, neste os rapazes tentavam arrematar uma rosa de papel que lhes daria o direito de escolher qualquer moça para dançar. Se ela rejeitasse o vencedor, ele poderia dançar sozinho um música inteira.
         Devido às constantes geadas, na década de 70, a comunidade foi perdendo moradores. Muitos proprietários de terras venderam seus lotes e os meeiros procuraram trabalho em outras cidades.
        O Sr. Pedro Denarde e sua esposa se lembram com saudades do tempo que viviam na Água Marialva. Segundo o casal, as pessoas eram mais solidárias e havia muitos motivos para sorrir. Não existia orgulho nem luxo.
         Outra moradora do local foi a Senhora Idalina Alves da Rocha. Natural de Palmital/SP, ela chegou a Cambé/PR com onze anos de idade. Em 1960, já casada com João Pedro da Rocha, Idalina veio para Itambé trabalhar como empreiteira no sítio de seu pai, João Andrade Cézar, na região da Água Marialva. O casal derrubou a mata, construíu uma casa, cavou um poço e começou a plantar café. Para a subsistência da família neste período, eles fabricavam canudinhos de doce de leite para vender. Dois anos depois da chegada de João e Idalina, houve uma geada que queimou toda a plantação e o pai dela não prorrogou o prazo da empreita. Então, ela e o marido foram embora para a cidade de Itambé e abriram uma pequena fábrica de doces.
    

                                      Cafundó e Santa Ria de Cássia

          Próximo à Fazenda Minerva, havia a Comunidade Cafundó. Nesta se destacam os moradores Alécio Orlandini e Paulino Orlandini, irmãos que se tornaram vereadores na mesma eleição. Pois em sua comunidade existiam muitos eleitores. Paulino foi também vice-prefeito na gestão de Gibson Linhares Monteiro. Com o tempo, a Cafundó juntou-se com a Comunidade Santa Rita de Cássia, devido à infraestrutura desta última, como venda de secos e molhados, escola, campo de futebol e igreja.
         Em entrevista às professoras Elisabete Aparecida Moreno e Maria Helena Zampar dos Santos, em 2008, o Senhor Ernesto Barbosa Ramos contou que veio para esta localidade em 1954, nesta época pertencente a Bom Sucesso. Ele estava com treze anos e acompanhava a família, seu pai se chamava Benedito Ramos. Eles eram de Minas Gerais, depois moraram por dois anos em Sete de Maio/PR. A mudança para Itambé foi de caminhão. O Senhor Ernesto lembra que choveu muito e o veículo não conseguiu transpor a lama, o motorista desistiu da viagem e Benedito precisou alugar outro meio de transporte para chegar ao destino. O que só foi possível fazer com o uso de uma carroça. Quando chegaram, uma parte da fazenda fora desmatada pelo irmão de Benedito, o restante do trabalho, a família se encarregou de fazer com foices e machados. Havia um rancho de palmito, para onde os Ramos se mudaram. Depois, eles começaram a fazer casas de tábuas, o pai e os filhos cerravam a madeira.
          Para o abastecimento de água, havia um poço de dez metros de profundidade. Como ainda não existia escola no local, os filhos de Benedito não puderam estudar. Com o crescimento da população no local, foi feita uma escola ao lado da venda, era um salão com varandinha na frente. Aparecida Zamberlan foi uma das primeiras professoras. Em 1973, Ana Mussato e sua irmã Santina lecionaram na escola.
         As famílias rezavam terços nas casas e, para assistir missa, era preciso ir de carroça à cidade. A capela só foi erguida na década de 70, a pedido de Padre Aldo L. Matias. A comunidade se chamava São Sebastião, mas como Dona Generosa Ribeiro Ramos, esposa de Ernesto, era devota de Santa Rita de Cássia, a capela levou este nome e a comunidade também. Tempos depois, outra capela maior foi construída no lugar desta.
         O meio de transporte mais utilizado era a carroça, que levava os moradores para fazer compras e ir ao médico. Como havia muitas famílias morando nestas redondezas, uma socorria a outra. A mãe de Generosa era a parteira da comunidade.
       Os Ramos tentaram cultivar café, mas a geada o destruiu. A fartura veio com a hortelã menta, que permitiu à família ampliar suas terras. Mesmo assim a vida era simples.  Segundo Dona Generosa, as pessoas possuíam poucas roupas e sapatos, quem tinha três vestidos era considerada rica.
       Também residiam no Cafundó João Rodrigues Celotto, de Catanduva/SP. Ele era dono de uma venda de secos e molhados, além de transportar cerais com um caminhão.

Família Ramos na Comunidade Santa Rita de Cássia
Fonte: Maria Helena Zampar dos Santos

                                             Água Gilberto

             A Água Gilberto ficava à margem direita do Córrego Mariza. Lá viviam as famílias de João e Valdemar Passoni, Hover Zamberlan, José Lourenço Neto, Antônio Cassani, Pedro Meira, Dulcídio Amâncio de Melo, Dário Pedrângelo, Antônio rosa, Marakama, entre outros. Todas as suas casas eram de madeira e não havia muitas. Como não existia igreja no local, os moradores frequentavam as missas no Distrito Mariza ou em Itambé. Algumas vezes,  Padre Aldo Lourenço Matias realizou as celebrações no barracão da família Pedrângelo, ou em casas e barracas armadas; cerca de cem pessoas participavam das missas. As principais culturas eram a hortelã menta e o café.
            No local, havia a Escola Isolada Cristo Rei, na qual lecionavam o Professor Gotardo Lourenço Bueno e sua esposa, Maria de Souza Bueno. Eles se mudaram para a Água Gilberto em 1966, vindos de Arapongas/PR e passaram a viver na casa dos pais de Gotardo, a três quilômetros da escola. Inicialmente, Maria foi merendeira e zeladora. Ela se recorda de que precisava cozinhar no quintal da escola, pois não havia cozinha. Além disso, era preciso rachar e carregar lenha para o fogão. Então Maria pediu para o Prefeito Misdei Moreschi construir uma casinha onde o casal poderia morar e fazer as refeições dos alunos. O pedido foi atendido e eles logo se mudaram. 

Alunos da Escola Isolada Cristo Rei e Professor Gotardo
Fonte: Maria de Souza Bueno

           Como havia muitos alunos, a escola funcionava em três turnos. De manhã e à tarde, o ensino era voltado às crianças de 1ª à 4ª séries. No período noturno, funcionava o Mobral, para alfabetizar jovens e adultos. No total, cerca de 120 alunos estudavam na Escola Cristo Rei. Nesta época, a sala ficou pequena para atender a todos, então a Professora Dulce de Souza Santos, que coordenava as escolas do município, pediu a Maria de S. Bueno para que também lecionasse. Foi construída mais uma sala e, após fazer o exame de admissão para o ginásio, Maria começou o novo trabalho, mas continuou a preparar a merenda e a limpar a escola.
          Para reforçar a alimentação dos alunos, Maria decidiu fazer uma horta, pediu duzentos metros de tela ao Prefeito e plantou vários tipos de verduras, as sementes foram fornecidas pela Horta Municipal. Os alunos também levavam ingredientes para tornar as refeições ainda mais saborosas.
         O Maestro Amilton dava aulas de violão para as crianças, com ajuda do Manuel Alves da Silva. Aos sábados, a cada um ou dois meses, eram realizadas festas com muita cantoria. A escola ficava repleta de cantores, instrumentistas e público. Os eventos atraíam pessoas de toda a redondeza.

Dia de música na Escola Isolada Cristo Rei
Fonte: Maria de Souza Bueno

         Na década de 70, já havia ônibus para transportar os moradores da zona rural até a cidade, a Princesa do Ivaí. Maria conta que o último ponto ficava no Alto Garcia, era preciso andar mais um trecho com os sacos de compras nas costas para chegar à Água Gilberto.
        Apesar das dificuldades, Maria de S. Bueno tem saudades daquele tempo. Segundo ela, a amizade entre as pessoas eram muito grande. Quando deu a luz ao seu filho Reinaldo, os vizinhos levaram muitos presentes, como: macarrão, vinte ou trinta frangos, arroz, sabonete, talco, corte de tecido, tudo com amor e simplicidade.

Maria de Souza Bueno entregando certificado
de conclusão a aluno do Mobral
Fonte: Maria de Souza Bueno

                                      Fazenda Santa Cecília

        Joana de Oliveira Vicente veio de São Paulo para Itambé em 1960. Ela e a família se tornaram colonos na Fazenda Santa Cecília. O que estimulou a mudança foi a promessa de riquezas no Norte do Paraná descritas pelos parentes do seu marido, que trabalharam aqui antes. Eles diziam que a região era muito boa, que dava para juntar dinheiro com o rastelo. Ela lembra que o primeiro dono da Fazenda Santa Cecília era o Sr. Durval Costa, que vendeu as terras para seu genro, Dr. José Geraldo da Luz, advogado do Estado, morador de Maringá. O administrador da propriedade foi o Sr. Giacomo Antoniassi. No local, moravam trinta e três famílias de colonos em casas de madeira, algumas de cinco e outras de seis cômodos, varanda, privada, água encanada da mina e o chão era de terra batida. Todos trabalhavam na produção de café.
         Como algumas famílias eram evangélicas e a propriedade ficava longe da cidade e do outro lado do Rio Keller, o Dr. José Geraldo cedeu uma casa para que servisse de templo aos fiéis. Eles tiraram as paredes que dividiam os cômodos e transformaram a casa num salão. Ali, presbíteros da Assembleia de Deus vindos de Itambé e Maringá pregavam a Palavra do Senhor a cerca de quarenta pessoas. Havia reuniões às terças, quintas, sábados e domingos.
         Dona Joana ressalta que seus patrões eram muito bons. A cada quinze dias, eles matavam porcos ou bois para distribuir gratuitamente a carne aos colonos. Os trabalhadores também recebiam leite, feijão e arroz. Pouco se comprava na cidade e, quando era preciso ir a Itambé, um caminhão da fazenda transportava os colonos. Mas também havia uma venda de secos e molhados na propriedade.
         Na sede, havia uma grande casa de madeira, na qual Dona Joana trabalhava. Um motor garantia a eletricidade, havia água encanada, dois banheiros com vaso sanitário, no quintal, um pomar.
  
                                                  Batoque
        
        As terras do Batoque são compostas por vales e colinas. O primeiro proprietário foi um mineiro de Itajubá, chamado Antônio Batoque. Ele voltou para Minas e trouxe seus cunhados, Antônio e José Baltazar, para que também comprassem terras na mesma localidade. Por isso foi criada a região do Batoque.   

Região do Batoque
Foto: Denizia Moresqui

        No fim da estrada do Batoque, vivia o Sr. Sebastião, conhecido como Sebastião da safra, que criava porcos caipiras, estes eram vendidos em Apucarana, pois lá terminava a estrada de ferro. Sebastião levava os suínos a pé até lá, percorrendo aproximadamente oitenta quilômetros.
        Posteriormente o Sr. Batoque vendeu as terras para Alberto e Carlos Schlatter. A família Schlatter mudou-se de Presidente Venceslau/SP para Itambé em 1950, adquirindo a Fazenda Suíça, nome dado por serem descendentes de suíços. Assim que chegou, Alberto construiu o templo da Igreja Presbiteriana Independente nesta fazenda, que chegou a ter 150 membros.  Depois Alberto também adquiriu a Fazenda Jam, que pertencia ao Sr. João Jam, morador de Londrina e proprietário do posto de combustíveis Changrilá.
      De acordo com o Senhor Francisco Suniga Pavan, que chegou a Itambé em 1953, também vindo de Presidente Venceslau; no Batoque não se plantava café por causa das intensas geadas, os primos Schlatter cultivavam hortelã menta e depois milho. Assim como todos os agricultores da vizinhança.

Plantação de algodão na região do Batoque
Fonte: Ademar Adão Rodrigues

       Além dos Schlatter e dos Suniga, as famílias Carvalho, Calixto, Candinho, de Virgílio Adão, Bertoldi, Mendes e Pereira também moravam na região. Ao todo, eram quarenta famílias. Lá havia um alambique de hortelã, visto que a produção era grande. Havia também uma escola isolada, cuja professora era a Senhora Maria Candinho. A diversão se resumia a pescarias no Rio Keller, quando sobrava um tempo entre um serviço e outro. Para fazer compras, as pessoas iam a Mandaguari com o ônibus do Jú Lopes. A estrada era tão ruim que os passageiros precisavam descer para empurrar o veículo frequentemente. Além disso, havia a necessidade de passar a noite naquela cidade e retornar só no outro dia a Itambé, devido à demora da viagem.
      O Senhor Francisco Suniga Pavan lembra ainda de como foi a derrubada das matas. As árvores eram imensas, havia muitas perobas, por isso uma das propriedades da região foi denominada Fazenda Perobal. Quando os agricultores derrubavam as árvores, eles gritavam para comemorar o tombo. Infelizmente, uma delas atingiu fatalmente o Sr. Calixto Soares dos Santos, pai do Senhor José Calixto, então os gritos deram lugar ao silêncio e à tristeza.


Sr. Calixto Soares dos Santos e seu carro de boi
Fonte: Nadir Soares da Silva

      Alvarina Pereira Mendes e seu filho Anésio, que também moraram por muito tempo nesta região, contam que havia um campo de futebol na Fazenda Jam, os bailes eram feitos sob barracas de lona e atraíam pessoas de outras comunidades rurais e da zona urbana. O sítio de Américo Higino Pereira, pai de Dona Alvarina, ficava entre a Fazenda Perobal e o Batoque, ele chegou aqui em 1947. Alvarina veio depois com o marido e dois filhos. Tudo era mato e ela ficou morando num ranchinho de palmito e tabuinha.

      
                                               Jaguaruna

           Apesar de ficar bem próxima ao perímetro urbano de Itambé, ao lado do Rio Marialva, a Comunidade Jaguaruna sempre pertenceu ao Município de Marialva, mesmo após a emancipação política de Itambé. Porém, seus moradores estudavam, faziam compras e participavam da vida social de Itambé. Lá havia uma capela para realização de missas.
          A família Assis era de Minas Gerais, mas mudou-se para São João da Boa Vista/SP, onde já trabalhavam na lavoura. Por volta de 1948, vieram para o Paraná em busca de prosperidade. Conceição e Paulo de Assis Pinto compraram uma propriedade na comunidade Jaguaruna, a seis quilômetros da zona urbana de Itambé. Lá, eles cultivavam muitas frutas, inclusive uvas, com as quais produziam vinho artesanalmente. Koren Assis lembra que seus avôs, cultivavam um enorme pomar. Ela disse que gostava de ficar na chácara para brincar no Rio Marialva, colher frutas e verduras, subir nas árvores, andar de carroça, comer pão assado no forno à lenha. Rosa Maria Grenier Granzotto e Vera Eloísa de Melo Assis também se lembram desta chácara com saudades, porque frequentemente visitavam o lugar e eram bem recebidas pelos proprietários e por Glorinha, uma das filhas do casal. Vera escreveu com saudades em uma rede social:

        “Só quem viveu este período para poder contar a magia da casa e da chácara, parreiras de uvas, frutos, rio, cavalos, galinhas, passarinhos, fartura de tudo, eu passava a semana inteira na chácara com Glorinha. Quando menina, quem costurava minhas roupas era ela que tinha muito bom gosto, íamos passear na Jaguaruna ver os moços bonitos, assistir à missa e depois ir à quermece....ficávamos a noite para o baile, depois eles iam nos buscar, porque tinha a travessia do rio que faziamos de canoas e porque vó cuidava muito. Tenho saudade de tudo, que Deus os tenham guardado no lugar onde reservou para as pessoas maravilhosas como eles.”

             Apesar de a propriedade ser pequena, lá se produzia de tudo para a subsistência, criavam-se porcos, galinhas e até cabras. Havia somente um cavalo para a lida com o arado e para puxar a carroça, que Conceição usava para vir à missa e fazer compras na cidade, como relatou Katine Hellen Assis, neta dos proprietários.
            O filho de Conceição e Paulo, Dionísio, chegou aqui anos mais tarde e tornou-se o primeiro alfaiate de Itambé.

Família Assis Pinto e moradores da Jaguaruna
Fonte: Katine Hellen Assis

               Outros moradores da Jaguaruna eram os membros da família Perin. Eles também vieram de São Paulo. Lacídio lembra que seu pai, Onório, ouviu falar muito de Marialva, então decidiu mudar-se para esta região. Em 1948, quando chegaram à localidade nem sabiam que havia um Patrimônio chamado Itambé tão próximo, só conheceram o vilarejo quase um ano depois da chegada. Onório tentou cultivar café, mas a geada não permitia o crescimento das mudas. Para viver, os Perin plantavam hortelã, milho e feijão. Mas por vezes, após a colheita do feijão, eles não encontravam compradores e os grãos apodreciam. No ano de 1950, Onório cavou um poço e não encontrou água, além disso, colheu muito feijão, que apodreceu sem ser comercializado. Então ele pegou toda a produção o jogou dentro do poço. Lacídio lembra que o poço ficou cheio de grão até em cima. Anos depois, a família mudou-se para o Guerra, onde finalmente Onório conseguiu cultivar café.

Membros da Família Perin
Fonte: Lacídio Perin

                                       Água Keller e Água Manduri

       Na Água Keller, margem esquerda do rio, vivia a família de Jacob Silgail, imigrante russo. Ele chegou ao Brasil em 1909 e residiu no Distrito de Corumbataí, Rio Claro/SP. Em 1951, mudou-se para Itambé, formando lavouras de café. Nesta localidade foi instalado o primeiro alambique de hortelã. Nesta localidade, à margem esquerda do rio, também viveu o imigrante italiano Ampério Beltramim, desde 1955. Aparecido Campos, de Pirassununga/SP, mudou-se para esta comunidade em 1952, adquirindo um lote. No mesmo ano, chegou João Rodrigues, de Catanduva/SP. José Goulart e a família de Antônio Caetano também residiram nesta região.                                           
       A comunidade da Água Manduri ficava bem ao lado da Água Keller. José Joaquim Pereira, sua esposa Maria Altina Pinto de Melo e parentes do casal ouviram as propagandas sobre as terras de Itambé. Então, em 1946, vieram conhecer o local e gostaram. Tudo ainda era mato, eles se preocuparam com a falta de estrutura. Além disso, o medo que as mulheres sentiram de viver num local isolado fez com que a mudança fosse adiada. Em 1947, finalmente a família mudou-se para Itambé, nesta época nem havia estradas, apenas picadas na mata. Foi preciso abrir caminhos à foice e facão, até chegarem à divisa desejada: Gleba Ijuy, Água Manduri. Neste lugar, foram montadas barracas de lona, depois construídas casas de palmito e taboínha lascada ou de sapé. A única coisa que a família fez então foi trabalhar. Em 1953, vieram para a região o filho de José Joaquim, José Pereira de Melo e sua esposa, Ester Mateus Pinto de Melo. Assim que organizou a propriedade, José Joaquim construiu quatro casas na vila de Itambé. Quando se mudou para cá, tornou-se inspetor de quarteirão, uma espécie de chefe de segurança pública.

Família Pereira de Melo
Fonte: Renecéya de Melo Assis

           O suíço Rodolfo Schlatter chegou ao Brasil em 1920. Inicialmente, residiu no Bairro Suíço (atual São Bernardo do Campo) em São Paulo, capital. Em 1950, adquiriu uma propriedade na Água Manduri e se mudou para cá com a esposa, Marta Schlatter Weber, e os filhos.                                
           Outra família que morou na Água Manduri foi Zampar. O Sr. Antônio Zampar relatou que eles viviam em Ribeirão Preto/SP. Em 1942, Isidoro Zampar mudou-se para Cambé/PR, com a esposa e dez filhos, a fim de trabalhar como meeiro nas lavouras de café. Com o lucro da lavoura, em 1955, adquiriu um lote de terras na Água Mandurí, em Itambé. Mas não se mudaram para cá, arrendaram o sítio e continuaram o trabalho em Cambé. Porém, devido à geada de 1955, que queimou todo o café, Isidoro e os filhos decidiram começar tudo de novo nas suas próprias terras.

Moradores da Água Manduri
Fonte: Família Zampar

       Além de café, eram cultivados: feijão e milho, para venda e subsistência, criavam cerca de cinquenta cabeças de gado leiteiro para consumo familiar. Eles possuíam um caminhão F6, que usavam para o trabalho e para fazer compras na cidade. Os vizinhos eram o Sr. José Janiaki, José Vioto e as famílias de meeiros. Havia um campo de futebol no sítio do Sr. Vioto.

Família de Antônio Zampar
Fonte: a própria família

       A família toda viveu na comunidade até 1975, quando a Geada Negra acabou por desestimular a cafeicultura. Apenas o Sr. Antônio Zampar permaneceu nestas terras.
     
                                      Outras comunidades rurais
        Havia comunidades rurais ainda na Fazenda São Paulo, Fazenda Santa Cruz, entre outras. Guilherme Miotti chegou a Itambé em 1948, adquirindo terras onde residiram várias famílias.
       Em toda a extensão da Água da Serraria, ou Água Ipacaraí, havia famílias, como a de Luís Fedrigo, José Granero, entre outras. A filha de José, Gertrudes Granero, lembra que o sítio deles ficava a uns três quilômetros da zona urbana de Itambé. Numa queda d’água, José montou um moinho para a produção de fubá e farinha de trigo. O Senhor Luiz Della Coleta, natural de Caconde/SP, também mudou-se para a Água da Serraria, em 1949. Mesmo ano em que chegaram à localidade as famílias de José Ferreira de Carvalho e do italiano Luiz Garbeloto. O Senhor Antônio Verni, paulista de São Manoel, adquiriu um lote na comunidade em 1951. No ano seguinte, seu sogro, Valério Zaninelo, iniciou a abertura das terras. Outro morador da localidade era o Sr. José Martins, descendente de espanhóis. No seu sítio havia um campo de futebol e o time que se destacou por vencer vários campeonatos municipais.

Família Granero na abertura das terras da Água da Serraria, 1948
Fonte: Gertrudes Granero



18 comentários:

  1. Muito linda essa História, minha Mãe Maria Helena Ferreira Claro, filha do finado João Antonio Claro (meu avô) e João Ossucci (meu avô por parte de pai), ambos homens e mulheres que fizeram história nessa cidade e pelo que ouço deles, todos foram muito felizes ai!!! Que legal, que honra ver meus dois sobrenomes nessa linda História!!! Parabéns pelas fotos !!! Se tiver mais imagens gostaria de ver meu e-mail é alexandre.ossucci@hotmail.com

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    1. Olá, Alexandre. Obrigada por ler meu blog. No meu facebook, há mais de 6 mil fotos antigas de Itambé. Procure nos álbuns ITAMBÉ HÁ TEMPOS.

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  2. OLÁÁÁÁÁÁÁ....

    Sou bisneto do Humberto Moreschi, neto do Augusto Moreschi, me chamo Augusto Moreschi Neto ... muito legal ... adorei saber um pouco mais sobre minha história !!!!! Bendito seja Deus pela sua disposição... Deus lhe abençoe!!!

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    1. Olá, Augusto. Também sou bisneta do Humberto Moreschi. Sou neta do Misdei Moreschi. Foi muito legal escrever toda essa história, entrevistei mais de cem pessoas, além de pesquisas em livros, sites, jornais, e trabalhos científicos. Obrigada por ler meu blog, primo.

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    2. Prima, perdoe-me a demora em responder-lhe. Minha avó (Maria Antônia de Sousa Moreschi) tem uma foto do nosso bisavô como faço para te mandar?

      Outra coisa, você sabe os nomes dos pais do Humberto Moreschi? Estou tentando o reconhecimento italiano isso iria ajudar muito. Você sabe se na nossa linha genealógica do nosso bisavô alguém já tentou o reconhecimento italiano?

      Se algum Moreschi da descendência de Humberto Moreschi já conseguiu me contate por favor!

      augustomoreschi@hotmail.com

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    3. Imigração da minha família
      Os imigrantes italianos viajavam, escondidos nos porões de navios, sem nenhum conforto, fugindo da Itália, não tinham passaporte, eram clandestinos a procura de uma terra melhor.
      Junto com todos esses imigrantes vieram NICOLA MORESCHI (34 anos) sua esposa MARIA FLIZI MORESCHI (36 anos) e seus filhos PRIMO (8 anos), GIUSEPPE CESARE (5 anos) e ANNUNCIATA (1 ano).
      Em 19/04/1887, vindo no navio BEARN da cidade de Viadana , região da Lombardia na Itália e desembarcando no porto de Santos. Ficaram hospedados na HOSPEDARIA DOS IMIGRANTES, localizada no Braz em São Paulo. No Brasil, o casal teve mais dois filhos, Humberto e Giácomo, nascidos no Estado de São Paulo. Humberto Moreschi foi pai de Misdei, meu avô.

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  3. Linda história Denizia. A família de minha mãe também é Moreschi. Familiares que vieram de Verona Italia e instalaram-se no RS. Atualmente, parte vive em SC e RS. Fiquei na dúvida com o seu sobrenome Moresqui. Grande abraço. Sandra

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  4. Olá, Sandra. Meu sobrenome ficou Moresqui por erro de cartório. Mas meu avô se chamava Misdei Moreschi. Vou sempre ao Rio Grande do Sul, a família de meu marido é de Jaguari, região de Santa Maria. Obrigada por ler meu blog.

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  5. OI DENISIA VOCE ESQUECEU DA ESCOLA ISOLADA UMBERTO DE CAMPOS DO RIO MARIALVA,E PROFESSOR FRANCISCO DE ASSIS,[IRMÃO DO SEU LIO] SOGRO DO CUMANI

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    1. OI, ninguém me falou desta escola e do professor. Se tiver fotos e informações sobre eles, escreva e mande pra mim. Whats 44 988427001

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  6. Olá Oi Denizia Moresque qual o nome da escola rural construída as margens de uma estrada rumo a fazenda minerva pois meu til e natural de Itambé ele gostaria de saber o nome dessa escola se puder me ajudar eu agradeço

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  7. Alguém sabe onde o Humberto Moreschi nasceu? Taquaritinga ou Araraquara ???

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  8. Respostas
    1. Oi Denizia... conseguimos a Certidão de Nascimento dele o Humberto Moreschi nasceu em Araraquara nasceu em 01/01/1890 com o nome de UMBERTO MORASQUE ...

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  9. Como foi bom ler isto e saber um pouco mais da história da fazenda que marcou minha infância! Sou neto de Dr. José Geraldo da Luz e bisneto de Dr. Durval. Dois grandes homens que tenho como exemplo na minha vida e família!
    Obrigado e parabens pelo seu empenho, Deus lhe abençoe muito!!

    Leandro Costa Luz Freire

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  10. Fazenda Santa Cecília

    Se tiver mais informações, por favor... entre em contato!

    leandrofreire03@gmail.com

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O circo no Moreschi

 Bairro Moreschi (Fazenda Anjo da Guarda), local onde, possivelmente, o circo fora montado                                           ...