INFRAESTRUTURA
ESTRADAS E MEIOS DE
TRANSPORTE
Meios de transporte mais utilizados nos primeiros anos
de Itambé: equinos
Fonte: Mônica Osvaldo do Nascimento
A falta de estradas no
distrito de Itambé era um dos maiores problemas enfrentados pela população.
Durante os primeiros anos de colonização, os moradores precisavam percorrer a
pé grandes distâncias para fazer compras, ir à igreja e visitar parentes. Oswaldo
Bianchessi e sua família foram de Itambé à Mandaguari a pé para o casamento da
irmã. Eles saíram do Bairro Catarinense às duas horas da manhã e chegaram ao
destino às vinte e duas horas. No dia seguinte, após a cerimônia, a família
voltou para Itambé no Jeep de José Bianchessi.
Com estradas ruins, o meio de
transporte mais eficiente e acessível então eram equinos. Pois, além de mais
baratos que automóveis, passavam por obstáculos que nem Jeeps conseguiam
transpor. Quem não possuía montaria, precisava andar a pé mesmo. Em frente às
primeiras casas de comércio de Itambé, havia até estacionamento para os
animais, com locais para amarrá-los. Mas em algumas situações, como no caso do
transporte de enfermos, a tração animal deixava a desejar, por ser lenta e
desconfortável. As carroças também ajudavam. Atreladas aos animais, era
possível transportar mais pessoas e mercadorias, mas as viagens eram demoradas.
Carroça usada pela família Fedrigo
Fonte: Família Fedrigo
A bicicleta foi outro meio de transporte que
serviu aos itambeenses, principalmente aos que moravam na zona rural. A
primeira bicicletaria da cidade pertenceu ao Senhor Yoshio Ikeda.
Bicicletaria do Ikeda
Fonte: Ayrton Rocha
O atual Vice-prefeito, Benedito dos Santos,
quando morava na região da Moóca, vinha estudar na cidade com este meio de
transporte. Ele percorria cerca de seis quilômetros. Numa noite, voltando para
casa levou um susto perto da Fazenda Perobal e decidiu, então, dormir na cidade
e só voltar para casa pela manhã. Seu abrigo era a boleia de um caminhão que
ficava estacionado no Posto Atlantic. Benedito, ainda menor de idade, chegou a
montar um bicicletaria na Avenida São João, pois a utilização deste meio de
transporte estava crescendo.
Dito Bó e seu meio de transporte: a bicicleta
Fonte: Benedito dos Santos
Onório Perin comprou um sítio no
Patrimônio Guerra e outro em Paiçandu. Aqui seus filhos mais velhos tomavam
conta da terra e, para se locomoverem e ajudarem o restante da família no
trabalho em Paiçandu, Lacídio Perin e seus irmãos também usavam bicicletas. A
viagem demorava cerca de cinco horas em dias de sol. Quando chovia, era preciso
empurrar o veículo nos locais mais lamacentos, o que atrasava os ciclistas.
Mesmo assim, fizeram o percurso inúmeras vezes, pois era o único meio de transporte
possível para os Perin naquela época.
O ex-vereador Jovânio Pereira
dos Santos lembra que, entre 1947 e 1951, quando Itambé pertencia a Mandaguari,
a vida era muito difícil por não haver médicos ou farmácias. Quando alguém
ficava doente, precisava ser levado à Mandaguari. Em caso de morte, o corpo
também deveria ser levado lá para ser sepultado. Mas não havia transporte exclusivo para isso.
Então o Sr. Paulo Tutti e o Sr. Paulo Bogenschneider, que vinham à Itambé de
caminhão buscar toras, faziam este transporte. Tanto os doentes quanto os
mortos viajavam sobre as toras no caminhão.
Tipo de caminhão usado para o transporte de
toras, passageiros, enfermos e falecidos
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
O Dr. Mauro Nakamura lembra que
as condições das estradas eram péssimas. Quando o tempo estava bom, a viagem
entre Itambé e Londrina durava um dia. Em épocas de chuva, não havia previsão
de chegada. Na estrada entre Itambé e Cambuí, na altura da Fazenda Suíça,
pertencente à família Schlatter, havia um trecho estivado com palmito. Qualquer
quantidade de chuva transformava esse local em um lamaçal intransponível. Se
chovesse vários dias seguidos, Itambé ficava isolado. Para comprar alimentos e medicamentos
nas cidades próximas, era preciso viajar a pé ou a cavalo. A pioneira Francisca
Cardoso Rosa lembra que ela e o esposo saíam, a pé, a uma hora da manhã de
Itambé e chegavam às duas da tarde em Mandaguari. Quem morava à margem esquerda
do Rio Keller sofria mais ainda. Além de a distância ser maior, era preciso
atravessar o rio cheio. O local mais fácil para fazer a travessia era na foz,
onde havia corredeiras.
Em 1948, Lacídio Perin, ainda
criança, morava com os pais à margem direita do Rio Marialva. A família ficou
sabendo que, à outra margem, havia um novo patrimônio. Onório Perin, pai de Lacídio, decidiu
conhecer o lugar e, junto com o vizinho Pedro de Souza, abriu uma picada. Então
chegaram à Fazenda Três Minas, uma das primeiras a ser habitadas. Depois da
fazenda, já havia uma estrada para chegar ao Patrimônio de Itambé. No local, só
existiam três casas comerciais: do Paulo Tutti, do Paulo Xavier e uma venda de
José e Antônio Donaire, além de poucas residências. Como o povoado era próximo
do sítio de Perin, ele decidiu fazer uma ponte sobre o Rio Marialva a fim de
facilitar a travessia. Onório e Pedro cortaram duas perobas, colocaram lado a
lado sobre o leito do rio e pregaram tábuas sobre elas. A pinguela ficava a uns
cinquenta metros abaixo da ponte atual. Assim era possível que seus filhos
estudassem e que as famílias fizessem compras em Itambé. Tempos depois, a
Prefeitura de Marialva construiu uma ponte de madeira no lugar da pinguela; a
primeira chuva elevou as águas do rio e a esta foi destruída.
Venda de Antônio Donaire (detalhe: bicicleta e carro antigo)
Fonte: Família Linhares
Outra dificuldade era o escoamento
da safra. O meio de transporte mais usado pelos colonizadores eram as carroças,
o Sr. José Barbosa, por exemplo, tinha uma carroça com seis burros. Ele
transportava a safra de outros agricultores do fundo das propriedades até a
estrada mais próxima. A falta de estradas e transporte fazia com que os
produtores vendessem seus grãos a aventureiros que se diziam cerealistas. Estes
vinham até a localidade trazendo a sacaria, compravam a produção dos
agricultores, carregavam o caminhão e, simplesmente, iam embora sem pagar pelo
produto.
Mais tarde, para acabar com este
problema, os agricultores resolveram fazer as estradas para escoar a produção
até Mandaguari. Nos bairros rurais, sempre havia um líder que convidava os
colonos para o trabalho. Cada um levava sua própria ferramenta: machado,
trançador, marreta, cunha. Quem tinha cavalo, levava o animal e um couro de boi
para carregar terra e piçarra, a fim de fechar os trechos com brejos. E assim
foi feito até onde hoje se encontra o posto de pedágio entre Marialva e
Mandaguari. As estradas estaduais que dão acesso a Itambé foram feitas pela
Cia. Melhoramentos, mas a conservação das mesmas coube aos agricultores.
Depois se mudou para cá a
família Lopes, que adquiriu uma serraria próxima à nascente Água Ipacaraí. A
família possuía Jeep e caminhão de puxar toras. Com estes veículos, o povo
ganhou mais meios de transporte. Quando uma mulher ia dar à luz e precisava
buscar a parteira, ou quando alguém estava muito doente e era necessário ir à
Mandaguari para receber atendimento médico, o Sr. Rafael Lopes gentilmente
fazia o transporte.
Jeep da Família Lopes
Fonte: Zilda Mancine
Em seguida, veio para cá a
família Moreschi para abrir a Fazenda Anjo da Guarda. Esta família possuía
vários veículos, como caminhões e Jeeps, e também passou a transportar a
população.
Como já fora mencionado, a
família Bindewald, dos irmãos João, Alberto e Henrique, além do cunhado Paulo
Bongenscheneider, trabalhavam com a extração e o transporte de madeira. Como,
muitas vezes, precisavam levar passageiros em cima das toras, por volta de
1947, decidiu adaptar um caminhão para este transporte, que passou a fazer a
linha Itambé-Cambuí-Mandaguari. O percurso era de 40 quilômetros, percorridos
em três horas nos dias secos e doze horas em dias de chuva. Em 1950, a família
adquiriu a primeira jardineira, depois a frota foi ampliada para cinco ônibus.
Anos mais tarde, a empresa foi vendida.
Jardineira que transportava os itambeenses
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
O Sr. Jonas, da família
Paruche, também trabalhou com transporte coletivo. Os ônibus demoravam o dia
todo para ir até Marialva e Mandaguari e voltar a Itambé. A empresa foi vendida
a uma empresária de Mandaguari que ampliou o negócio com a compra de mais
veículos, o que melhorou o transporte dos passageiros.
Fonte: Prefeitura
Municipal de Itambé
Depois, a empresa foi vendida para o
Sr. Lourival Lopes, conhecido como Jú. A frota era composta por três ou quatro
veículos. Com o tempo, apenas um veículo fazia o transporte da população. O
motorista era conhecido como Zé Bigode, além de circular pelas cidades
vizinhas, o ônibus também levava romeiros à Aparecida do Norte. A Princesa de
Ivaí, de Jandaia do Sul, comprou a empresa do Jú. Isto foi um grande avanço
para Itambé, pois os ônibus passavam pelos bairros rurais e levavam o povo até
Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí. Além disso, o número de pessoas que possuía
veículo próprio aumentou.
Ônibus de Lourival Lopes
Fonte: Zilda Mancine
Como a população crescia
rapidamente, a demanda por transporte fez com que a cidade tivesse dois pontos
de táxi, com dez veículos cada, um na Praça Rui Barbosa e outro na Avenida São
João, próximo à Rua Ver. Antônio Belasque Garcia.
Ponto de Táxi em frente à Praça Rui Barbosa, ao fundo,
construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Graças de Itambé
Fonte: Família Santana
Em 1951, Marialva é emancipado a
município e Itambé passa a ser um de seus distritos. Aqui foi criada uma
subprefeitura de Marialva num prédio próximo ao local onde hoje está instalada
a Prefeitura M. de Itambé. Um parente do prefeito de Marialva, chamado Antônio
Garcia foi nomeado subprefeito e tentava atender aos anseios da população.
Então a cada dois ou três anos, o prefeito de Marialva mandava uma máquina para
arrancar os tocos do meio das ruas da área urbana de Itambé.
Para tentar melhorar o Distrito, seus
moradores se lançaram na política. Rafael Lopes, João Claro e Dr. Lafayete Grenier
se candidataram a vereadores em Marialva. Os três foram eleitos, mas antes do
fim do mandato, Dr. Lafayete renunciou ao cargo. Rafael Lopes foi o vereador
mais votado de todo o Município. Com isto, Itambé passou a ser bem representado
junto à Prefeitura de Marialva. Estes vereadores requeriam, entre outras
coisas, a conservação de estradas. Mesmo assim, o serviço era precário, feito
com apenas uma moto niveladora e uma esteira. O trabalho era completado com o
auxílio braçal.
Transbordamento do Rio Keller
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Outro obstáculo enfrentado pelos
agricultores era a transposição de córregos e rios para se locomoverem. Nos
casos de córregos, pontes de madeira resolviam a questão. Mas Itambé é cortado
pelo Rio Keller, os agricultores que viviam na margem esquerda do rio
enfrentavam um grande problema quando precisavam ir ao distrito, visto que não
era possível transpor as águas de carro e pontes feitas exclusivamente de
madeira não aguentavam as enchentes. Pois, a margem do rio foi desmatada e as
árvores derrubadas ficavam nas barrancas. Quando chovia, os troncos desciam o
rio e enroscavam nos pilares da ponte, forçando-os até cederem. Os troncos
também represavam a água e o rio transbordava, chegando a alcançar dois metros
acima do nível normal. A primeira ponte construída sobre o Rio Keller foi feita
pelos agricultores que moravam na margem esquerda do rio com madeira bruta. Na
primeira enchente, foi destruída. Depois se construiu uma pinguela para que as
pessoas pudessem atravessar a pé. Mas a chuva a levou.
Primeira ponte de madeira construída sobre o Rio Keller
(Os ônibus de
Lourival Lopes foram postos sobre a ponte para
comprovar
resistência da obra)
Fonte: Fátima
Moreschi Passareli
Inauguração da segunda ponte sobre o Rio Keller
Fonte: Wilson Prado
A segunda ponte foi feita com madeira
aparelhada com vão no meio, mais alta que o leito do rio, mas também não
resistiu à força da água. Então foi feita uma barca que só transportava
veículos de pequeno porte. Quando Itambé se emancipou politicamente, uma ponte
de madeira foi construída pelo Prefeito João Antônio Claro.
Anos depois, devido às fortes chuvas,
a ponte construída por Claro não resistiu. Então este trecho da estrada voltou
a ser um problema. Na gestão do Prefeito Misdei Moreschi e Sócrates da Veiga,
foi firmado um convênio com o Governo do Estado, que possibilitou a construção
da ponte de concreto que resiste até hoje. A assistência de engenharia ficou
por conta do DER, Departamento de Estradas e Rodagem, o mestre de obras foi o
Sr. Osmar Barboza. A obra foi inaugurada na gestão de Gibson Linhares Monteiro
e Paulino Orlandini.
Construção
da nova ponte sobre o Rio Keller
Fonte:
Prefeitura Municipal de Itambé
Em 2012,
chuvas torrenciais de mais de 200 milímetros nos mês de junho voltaram a
provocar o transbordamento do Rio Keller. A água cobriu a ponte que liga Itambé
a São Pedro do Ivaí. Ônibus escolares não puderam transitar, os agricultores
precisaram dar a volta por outros caminhos para ter acesso às suas terras.
Houve muitas dificuldades durante uma semana. Mas nada comparado ao que viveram
os pioneiros.
Transbordamento do Rio Keller, 2012
Fonte: Geraldo Marcos de Brito
A ponte
que liga Itambé a Bom Sucesso também passou pelos mesmos problemas da outra. Em
1978, rodou e durante quatro meses o local ficou intransponível, então o
prefeito Rafael Lopes, tendo como vice Miguel Jorge Nauffel, construiu uma ponte
de madeira com as cabeceiras de concreto, que foi demolida na década de 80
quando saiu a ligação de asfalto até Bom Sucesso, uma nova ponte de alvenaria foi feita pela
companhia contratada pelo governo do Estado e resiste até hoje.
Primeira ponte sobre o Rio Keller entre Itambé e Bom Sucesso
Fonte:
Prefeitura Municipal de Itambé
Na década de 60, a Prefeitura M. de
Itambé adquiriu uma patrola e abriu a Estrada da Paineirinha, que passava pelo
Ribeirão Bonina, Fazenda Moema, Bairro Jaguaruna e saía na Estrada Velha entre
Maringá e Floresta. Depois foi feita a estrada que liga Itambé a Floresta, como
relatou José Antônio dos Santos, Zé da Mota, funcionário da Prefeitura de
Itambé que ajudou neste trabalho. Na gestão de Misdei Moreschi e Sócrates da
Veiga, foi construída também uma ponte de madeira sobre o Rio Marialva, já que
a ponte anterior, construída por João Claro pegou fogo.
Ponte sobre o Rio
Marialva
Fonte: Fátima
Moreschi Passaneli
Nesta mesma gestão, foi feita a
estrada entre Itambé e Floresta. Para fazer a ponte de concreto sobre o
Ribeirão Pinguim, os funcionários da Prefeitura cavaram uma vala e desviaram as
águas do rio para construí-la em terra seca. Pronta a obra, as águas voltaram
ao leito do rio e as valas foram fechadas.
Abertura de estradas com uso de máquinas
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
No governo de Jaime Canet Jr., o
Prefeito Misdei Moreschi acompanhado dos vereadores: Antônio R. Machado, Miguel
Jorge Nauffel, Bruno Ossucci e o autor do projeto, Jovânio P. dos Santos, foram
até Curitiba, onde tiveram uma audiência com o Governador. Junto à comitiva
estava o Deputado Jorge Sato. Nesta audiência, as autoridades itambeense
solicitaram a ligação de asfalto entre Itambé e Floresta. Então o Estado
asfaltou o trecho e construiu a ponte de concreto sobre o Rio Marivalva dando
mais rapidez às viagens. A obra, PR 546, foi inaugurada da gestão de Rafael
Lopes e Miguel Jorge Nauffel. Após a morte de Misdei Moreschi, a Assembléia
Legislativa do Estado do Paraná decretou pela Lei nº 7196, de 10 de setembro de
1979, sancionada pelo Governador Ney Braga, que o trecho da rodovia entre
Itambé e Floresta fosse denominada Estrada Misdei Moreschi.
Prefeito e Vereadores de Itambé em audiência com
o Governador Jaime Canet Jr.
Fonte: Jovânio Pereira dos Santos
Depois foram asfaltadas as estradas
que ligam Itambé a Bom Sucesso, obra iniciada por José Richa. Como este trecho
é uma extensão da PR 546, em 13 de janeiro de 1986, foi sancionada, pelo
Governador José Richa, a lei que denominou todo o trajeto, de Floresta a Bom
Sucesso, de Rodovia Misdei Moreschi. Já a rodovia entre Itambé e São Pedro do
Ivaí, PR 457, foi feita no governo de Álvaro Dias, gestão do Prefeito Antônio R
Machado e vice Mário Forestiere. O trecho entre Itambé e o Distrito de Mariza,
levou o nome de Rodovia João Batista Paixão, pela Lei Estadual nº 8888, de 6 de
outubro de 1988; sancionada pelo Governador Álvaro Dias.
Mas
a primeira estrada que deu acesso a Itambé, a Estrada Keller, até hoje não foi
asfaltada, mesmo sendo este município Comarca de Marialva.
Primeira estrada asfaltada de Itambé, Estrada Misdei
Moreschi
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Até a década de 60, a água que
abastecia os moradores de Itambé era retirada de poços por meio de caçambas. A
Senhora Aparecida Trevisan dos Santos conta que na Rua 15 de novembro, esquina
com a Rua Santana, hoje Rua Dr. Lafayete Grenier, havia um poço de uso
comunitário, o povo fazia fila para retirar água. Para lavar roupas, era
preciso ir até outros poços, como o que ficava onde hoje é o terreno da Horta
Municipal, Rua José Joaquim Pereira. Aparecida disse que lavava roupa num poço
entre a Rua 15 de Novembro e a Rua Santo Indalécio. Lembra ainda que, assim que
pendurava a roupa úmida na cerca, vinha um vento e enchia tudo de pó.
Vera Eloísa de Melo Assis conta que,
por volta de 1952, João Cortez Cappel fez uma rede de água e instalou três
torneiras públicas. Uma ficava em frente à Farmácia Confiança, do Senhor Otto
Ramos Breta, atual Bar do Nego; outra em frente à Farmácia Nakafarma, do Senhor
Mauro Nakamura, que antes ficava na esquina; e a última num terreno vazio na
esquina da Avenida São João com a Rua Ver. Antônio Belasque Garcia, atualmente
endereço do Edifício Pioneiro. Depois, Cortez fez ainda instalação de água para
todas as casas, poucas na época, com poço artesiano e uma grande caixa d’água
que existe até hoje no terreno da Sanepar, a água chegava às torneiras com
ajuda de motor. Porém, este estragou e as famílias ficaram três anos sem o
benefício.
Mulheres lavando roupas perto da nascente, Rua José Joaquim Pereira
Fonte: Mônica Osvaldo do Nascimento
Durante a administração de João
Antônio Claro, em 1964, o Governador Ney Braga concedeu a Itambé todo o
encanamento necessário para fazer a instalação de redes de água. Esta era
trazida da nascente Água Ipacaraí, ou Água da Serraria. Lá havia um poço com um
motor, feito por João Cortez Cappel. Além do poço, Cortez também instalou uma
caixa d’água próxima ao campo de futebol. Então, havendo o encanamento e a
fonte de água, os funcionários da prefeitura fizeram a instalação da rede.
Chegada dos canos fornecidos pelo Governo do Estado
Fonte: Família Claro
Início dos trabalhos para instalação da rede de água
Fonte: Família Claro
O sucessor de Claro, Misdei Moreschi,
assumiu a Prefeitura e um grande problema em relação ao abastecimento. O povo
deveria pagar a conta de água para a Prefeitura. Mas isto geralmente não
acontecia. Apenas 20% da população honrava o compromisso. Desta forma, não
havia recursos para fazer a manutenção do serviço. Outro problema é que a
maioria das famílias possuía um poço d’água no quintal e preferia usá-lo a pagar
pelo abastecimento público.
O problema persistiu no mandado de
Gibson Linhares Monteiro, Gigi. Além da falta de pagamento, a falta de água
também incomodava o povo. Então Gigi comprou bombas e começou a puxar água de
minas próximas ao perímetro urbano. Mas o problema não foi totalmente
resolvido.
Equipamento para cavar poço artesiano
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Terminado o mandato de Gigi, Misdei
Moreschi volta a ser prefeito e a assumir o problema. Ele fez estudos para
verificar a possibilidade de trazer água da Fazenda Três Minas. Depois furou um
poço na Horta Municipal e construiu uma grande caixa d’água. O que amortizou o
problema, mas não o resolveu.
Então Rafael Lopes assumiu a prefeitura,
no Governo do Estado, toma posse Jaime Canet Junior. Este governador fazia o
deslocamento do poder, viajava até outras regiões do Estado do Paraná e instalava
nelas o governo. Quando Canet instalou-o em Maringá, Rafael Lopes e o
presidente da Câmara de Vereadores, Jovânio Pereira dos Santos, foram falar com
ele para tentar resolver a questão da água em Itambé. Mas o governador não quis
assumir o problema e prometeu dar apenas um poço ao município, que foi
construído na chácara da família Brás. Como ainda não foi suficiente, outros
poços foram construídos. Mas a solução só viria quando a Prefeitura e a Câmara
conseguiram passar a responsabilidade do abastecimento para a Sanepar.
Agora quem tinha um problema eram os
cidadãos que estavam acostumados a não pagar a conta de água. A prefeitura, por
ter caráter político, evitava cortar o abastecimento dos inadimplentes. Mas a
Sanepar exigia o pagamento, caso contrário, a água era cortada. Como não havia
outro jeito, a maioria da população habitou-se a pagar por esta conta.
Mas ainda não havia rede de esgoto. Nas
casas, eram construídas fossas para o armazenamento da água do banheiro e da
cozinha. Quando estas enchiam, um caminhão pipa com mangueira era usado para
esvaziá-las.
Já o lixo doméstico era recolhido e
queimado nos quintais, depois a Prefeitura passou a recolhê-lo com trator e
carreta. Este era levado para um terreno na Estrada Keller, a poucos metros da
cidade, e despejado a céu aberto, sem nenhum tipo de separação ou tratamento.
ENERGIA ELÉTRICA
Assim que começou a vender lotes em
Itambé, o Senhor João Cortez Capel instalou um motor estacionário com gerador
de energia para o abastecimento da cidade, na Rua São Pedro, e iluminou com
postes a Avenida São João. Mas o motor foi pouco utilizado, pois por volta das
vinte e uma horas, ele era desligado para economizar óleo diesel e a cidade
ficava no escuro. Então, a iluminação das casas e estabelecimentos comerciais
era feita por meio de lampiões a gás, como o Colimã e o Lampião Aladim. O
barulho provocado por eles parecia de turbina de avião, como conta o
ex-vereador Jovânio P. dos Santos. A luz dos lampiões era muito forte e
prejudicial à visão. José Antônio dos Santos, o Zé da Mota, lembra que, nas
casas, a luz era obtida com o uso de velas e lamparinas. Sem geladeira, os
alimentos mais perecíveis, como carne e peixe, deveriam ser consumidos em pouco
tempo. A carne de porco era cozida e armazenada em latões de gordura. Sem
televisão, a maioria das pessoas dormia cedo.
A energia também era fornecida com a ajuda de motores particulares, mas
estes só funcionavam até às vinte horas. A serraria e as algodoeiras também
contavam com geradores próprios.
Quem mais sofria com a falta de energia
elétrica eram os responsáveis pela saúde, como o farmacêutico Dr. Mauro
Nakamura e o médico Dr. Lafayete de Almeida Grenier. Lafayete até instalou em
sua casa um motor para gerar energia. Gilherme de Almeida Grenier conta que o irmão
de seu pai, João Grenier, trabalhava como diretor da Eletrobrás, Centrais
Elétricas Brasileiras S.A.. Em meados da década de 60, João veio a Itambé, de
carro Itamaraty, visitar o Dr. Lafayete e percebeu o problema da falta de
energia no Município, então prometeu resolvê-lo. Ele encaminhou um pedido à
Eletrobrás para que fossem instalados postes e fiação da subestação mais
próxima. O que foi uma grande ajuda para que Prefeito João Antônio Claro
pudesse levar energia aos moradores de Itambé.
Prefeito João Antônio Claro na inauguração
da rede elétrica de Itambé
Fonte: Família Claro
Então, com o pedido de João Grenier e de João
Antônio Claro, a Copel, Companhia Paranaense de Energia Elétrica, fez
instalações de rede de alta tensão. Mas esta rede foi estendida a algumas ruas,
como a Avenida São João, Rua São Pedro, Rua Santana, hoje denominada Rua Dr.
Lafayete de A. Grenier, e a Rua Santo Indalécio, o que correspondia de 30 a 40
por cento da área urbana. As outras ruas, assim como a zona rural, ainda
ficaram no escuro.
Tempos depois, João Grenier voltou a
Itambé e constatou que faltava energia toda vez que chovia. Então ele solicitou
melhoria no sistema. Depois de várias tentativas de sanar o problema, este foi
resolvido quando a Copel construiu uma subestação em Itambé, o que só aconteceu
nos anos 80, por solicitação dos vereadores Jovânio Pereira dos Santos e
Ferdinando Bianchessi.
Subestação da Copel em Itambé
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
A primeira localidade rural a receber
energia elétrica foi a Fazenda Ouro Verde, de propriedade de Guilherme Meyer.
Por ser um homem próspero e organizado, ele conseguiu levar energia da cidade
de Itambé até sua propriedade com seus próprios recursos. Depois, doou suas
instalações à Copel para que a empresa fizesse a manutenção da rede. A maioria
das comunidades rurais recebeu energia elétrica no governo José
Richa, com a implantação do Click Rural, um sistema que contava com apenas um
fio de transmissão, ideia trazida do Oriente Médio, terra dos ancestrais de
Richa. Mas nem todas as propriedades alcançaram o benefício. O Sr. Paulo
Fedrigo disse que até hoje a eletricidade não chegou às propriedades da Água
Bonina, o mesmo aconteceu à Água Marialva, como relatou o Sr. Pedro Denardo.
Fazenda Ouro Verde, a primeira área rural a receber energia elétrica
Fonte: Família Meyer
Bom dia. Meu é Adriano Rausch Souto e gostaria de entrar em contato com meus primos da Fazenda Ouro Verde, os filhos de Guilherme Meyer. Poderia me passar o telefone ou e-mail deles, caso os tenha.
ResponderExcluirMeus e-mails são: adriano@iapar.br ou h2orausch@gmail.com
Obrigado pela atenção
Adriano Eausch Souto
Olá, Adriano. Tenho o endereço do facebook da Marilena Meyer.
Excluirhttps://www.facebook.com/marilena.meyer
Boa noite Denizia. Gostaria de saber se vc descende dos Moreschi que habitaram na região de Felonica - mantova - Italia e aqui no Brasil em São Paulo começando por São Lourenço do Turvo, Matão. Eu faço a nossa árvore genealógica e minha triavó era Moreschi.
ResponderExcluirEu não conheço bem a história da minha família. Sei que sou descendente de Nicola Moreschi, vindo da Itália, seu bisneta do seu filho, Humberto Moreschi.
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