segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

HISTÓRIA DE ITAMBÉ - PARTE 5

      EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
                             
          Até 1950, Itambé ainda era patrimônio de Mandaguari. Mas, com a emancipação de Marialva, um abaixo assinado feito pela população de Itambé e encaminhado ao Governo de Estado por José Joaquim Pereira elevou este Patrimônio a Distrito de Marialva, através da Lei 790. Já em 11 de novembro de 1951, foi elevado a Distrito Judiciário. O subprefeito era o Senhor Rafael Garcia, subordinado à Prefeitura de Marialva.
         No final da década de 50, o Governador Moysés Lupion foi responsável pela criação de muitos municípios, entre eles, Itambé. 

Lei 4.242, que cria o Município de Itambé publicado no
Diário Oficial do Estado do Paraná. 25 de julho de 1960
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
                            
         O Município de Itambé foi criado no dia 25 de julho de 1960, através da Lei Estadual 4.254. A primeira eleição para prefeito e vereadores ocorreu a 3 de outubro de 1961, João Antônio Claro se tornou Prefeito. A instalação solene, com a posse do Prefeito e Vereadores, foi realizada no dia 30 de novembro de 1961, no Grupo Escolar “Olavo Bilac”. O evento contou a presença do Juiz de Direito da Comarca de Marialva, Dr. Eládio Pinheiro de Lima e do Sr. Jerson Capponi de Melo, vice-presidente da Câmara de Vereadores de Marialva. Dona Ester Mateus Pinto de Melo, Escrivã do Cartório Distrital de Itambé, conduziu a solenidade, na qual foram empossados os Vereadores e o Prefeito do novo Município.
          Abaixo segue a cópia fiel da ata de Instalação do Município de Itambé:

ATA DE INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAMBÉ, POSSE DOS VEREADORES DE PREFEITO.

           Aos 30 (trinta) dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e sesenta e um  (1961), neste Município de Itambé, Comarca de Marialva Estado do Paraná, às 16 (dezesseis) horas na sala do Grupo Escolar, local em que foi designado para a respectiva solenidade, presente o M.M. Juiz de Direito da Comarca de Marialva, deste Estado, Dr. Eládio Pinheiro Lima, que convidou para fazer parte da mesa o Sr. Jerson Caponi Melo, Vice Presidente da Câmara Municipal da Comarca de Marialva, Sr.ª Ester Mateus Pinto de Melo M.D. Escrivã do Cartório Distrital, deste Distrito, convidando ainda o Vereador mais idoso Sr. Silvestre Zamberlan, para assumir a presidência da mesa. A seguir pelo M.M. Dr. Juiz foi determinado que para que fosse eleita a Câmara, se procedesse a votação em secreto, o que foi feita obtendo o seguinte resultado: para Presidente Silvestre Zamberlan (5) cinco votos, Vice-Presidente Benito Rodrigues (5) cinco votos. 1º Secretário Antônio Belasque Garcia 5 (cinco) votos; 2º Secretário José Caetano 5 (cinco) votos; aos quais determinou o Dr. Juiz que tomassem os seus respectivos lugares; após a posse. Foi pronunciado pelo Dr. Juiz um breve pronunciamento de agradecimentos e elogios aos membros que acabaram de assumir a Vereança deste Município elogiando ainda as autoridades presentes e ao ilustro Prefeito que ainda ia ser empossado. A seguir com a palavra a mui digna Tabeliã deste Distrito Sr.ª Dona Ester Mateus Pinto de Melo a qual elogiou a Câmara de Vereadores ao Dr. Juiz pelo seu trabalho nesta Campanha e ao Sr. Prefeito e demais autoridades. Prosseguindo o Presidente convidou os edis Severino Valler, Clemente Zelak, e Diomar Pedrine, para que os membros trouxessem o Prefeito eleito João Antônio Claro, para que o mesmo tomasse posse e fizesse o juramento do Cargo que acabou de assumir, a seguir fez uso da palavra o Sr. Dr. Jerson Caponi de Mello, o qual fez os elogios ao Sr. João Antônio Claro e a Câmara Municipal de Marialva, elogiando finalmente a Câmara deste Município. A seguir pediu a palavra o Sr. Clemente Zelak, fazendo uso da mesma falou agradecendo as palavras dos que o antecederam, agradecendo os seus eleitores e criticando finalmente o atraso do horário da posse dos Sr.s Vereadores. O Sr. Presidente colocou a palavra livre. Fazendo uso da mesma o Vereador Rafael Lopes, falando sobre a necessidade que o povo tem sobre uma administração perfeita e rápida. Agradeceu ainda os trabalhos do Sr. Juiz e demais dos que o antecederam. Ficando novamente livre a palavra a qual foi ocupada pelo Sr. Vereador Benito Rodrigues, falou e agradeceu os seus Vereadores, os eleitores, o Dr. Juiz, o Prefeito empossado e finalizando disse que no término do mandato que o seu nome e dos companheiros ficassem gravados com letra de ouro. A continuar usou a palavra o Sub-Tenente Afonso Pinheiro Camargo, agradecendo aos Sr.s Vereadores e os que os antecederam, finalizando falou o Prefeito empossado. Sr. João Antônio Claro este falou que está satisfeito com o povo pela sua vigência durante os seus períodos na vereança o que o mesmo não podia deixar de ser candidato por que a sua amizade era grande e a seguir ainda falou que os Vereadores eram pessoas descentes e competentes para reger os destinos do Município, o mesmo disse ainda que era honesto por que se o mesmo não fosse não teria recebido 3 (três) diplomas e que mesmo foi um Prefeito eleito dentro dos 78 Municípios do Paraná, por isso ele era amigo do Governador, dizendo ainda que foi um grande Vereador da Câmara de Marialva, agradecendo ainda os Vereadores e o Sr. Presidente disse que sabe a dificuldade que tem as crianças por que ele tem 10 filhos e fora outros que o mesmo cria, finalizando agradeceu ao povo. Ainda o Sr. Rafael Lopes pediu a palavra para saber se já havia local para funcionar a Câmara, o Sr. Presidente falou convocando os Vereadores para uma reunião amanhã as 20:30 horas para estudar o seguinte: Local de Reunião da Câmara; Local de Funcionar a Prefeitura; Código de Posturas; Regimento Interno e Subsídios do Prefeito e Gratificação dos Vereadores. Nada mais havendo e se tratar deu-se por encerrada a presente Ata do qual se lavrou o presente termo. Eu Antonio Belasque Garcia Secretário que a escrevi e subscrevi.

Ass.
Silvestre Zamberlan                                                                        Benito Rodrigues
Antonio Belasque Garcia                                                                José Bento
Rafael Lopes                                                                                  Clemente Zelak
José Caetano                                                                                  Diomar Pedrine
                                                                                                      Severino Valler


(Ata transcrita em: ITAMBÉ: Aspectos Históricos, Geográficos e Sócio-econômicos. Elizabete Aparecida Moreno Nardi. Trabalho realizado através de financiamento do Projeto Vale Saber, SEED-Paraná. Itambé, 1996)

Instalação da Primeira Câmara de Vereadores
Fonte: Revista Itambé, 1984

Instalação do Município de Itambé
Fonte: Revista Itambé, 1984
  
              O território que corresponde a este Município foi desmembrado de partes dos territórios de Marialva, Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí. Antes disso, o Rio Keller era a divisa entre o Distrito de Itambé e o Município de Bom Sucesso. Os limites de Itambé são: ao Norte com Marialva e Floresta, ao Sul, com Fênix e Quinta do Sol, ao Leste, com Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí e a Oeste com Engenheiro Beltrão. A área total do município é de 244 quilômetros quadrados, cortados por diversos rios e córregos. 

Mapa do Município de Itambé
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

              O aniversário de Itambé era comemorado no dia 30 de novembro, instituído através da Lei nº 46 de 17/4/1968. Esta Lei foi revogada pelo Prefeito Gibson Linhares Monteiro e, pela Lei nº 181 de 16/12/1972, a data do aniversário do Município passou para 25 de julho. Mas, no final da década de 70, quando o Prefeito era o Sr. Rafael Lopes e o Brasil governado pelos militares, a comemoração passou a ser no dia 30 de novembro, data da instalação do Município. Pois, o Ministério da Educação, a Secretaria de Estado da Educação e o Núcleo de Educação de Mandaguari, exigiam a participação dos alunos nos festejos, com desfiles, Hino Nacional e hasteamento da Bandeira. Mas as escolas estavam de recesso em julho, por isso a data de aniversário passou a ser comemorada em novembro, quando os alunos se encontravam em período letivo.  A data foi novamente transferida para o dia 25 de julho pela Lei 1008/2009, na primeira gestão de Antônio Carlos Zampar e Benedito dos Santos.

Prefeito João Antônio Claro, sua família e  Padre Eduardo
Fonte: Família Claro


          João Antônio Claro e sua esposa, Maria Ferreira Claro, vieram com seis filhos de Presidente Venceslau/SP para Itambé, em fevereiro de 1951. Inicialmente eles moraram na Fazendo Ouro Verde, onde João ajudou a abrir a mata e formar plantação de café, ficand ali de 1951 a 1953. Depois, mudou-se com a família para o Distrito de Itambé. Em 1953, foi delegado.
         Em 1954, Claro entrou na política, candidatou-se a vereador de Itambé por Marialva, sendo eleito pela primeira vez. Candidatou-se ao mesmo cargo em 1958, vencendo novamente. Em 1961, quando Itambé passou a ser município, o Senhor João Antônio Claro venceu Misdei Moreschi e foi eleito o primeiro prefeito de Itambé. 
           Claro enfrentou muitas dificuldades durante sua administração. Pois a maioria dos vereadores lhe fazia oposição.
        Em 12 de abril de 1964, em cumprimento à Emenda Constituicional nº 6/64, de 23 de fevereiro do mesmo ano, a Câmara dos Vereadores se reuniu e elegeu, por unanimidade, o Senhor José Pereira de Melo para assumir a cadeira de Vice-prefeito. Cargo que exerceu até o fim do mandato de Claro.
          Mesmo enfrentando dificuldades, na gestão de Claro, foi instalada  água puxada a motor e rede de encanamentos;  foram feitas redes de energia elétrica, com o apoio do Diretor da Eletrobrás, João Grenier, e do Governador Ney Braga. Com a ajuda do Vereador Severino Valler, foi instalado o telefone. Houve a criação da Escola  Normal. Ainda foram construídas várias escolas isoladas nos bairros e comunidades rurais, como: Visconde de Mauá, Bairro Catarinense, Monteiro Lobato, Gabriel de Lara, Fazenda Garcia, entre outras. 


Escola Isolada Gabriel de Lara, construída na gestão de Claro
Fonte: Família Claro

            Em 1966, Sr. João Antônio Claro, apoiou o Sr. Misdei Moreschi para candidato a prefeito e Sócrates da Veiga para vice. Eles venceram e passaram a administrar o Município.
          Claro ficou em Itambé até 1974. Depois se mudou para Cascavel/PR com sua esposa e filhos. Ele faleceu em 12 de dezembro de 1989, aos 73 anos.
                                           NOVAS CONQUISTAS

          Já na gestão seguinte, de acordo com o Sr. Alcides Benossi, o novo Prefeito Misdei Moreschi e seu Vice Sócrates da Veiga conseguiram o apoio da Câmara. No primeiro ano de administração, a Prefeitura adquiriu uma máquina niveladora usada, Caterpilar, e foi possível melhorar as estradas. Também foi construída a primeira praça da cidade, a Praça Rui Barbosa,               inaugurada nos anos 60, com a presença do Deputado Estadual Arnaldo Busato.  O nome desta foi sugerido pelo Chefe de Gabinete João Batista da Silva Paixão, por ter sido morador da cidade de Rui Barbosa-BA. A praça foi remodelada várias vezes nas gestões seguintes.

Praça Rui Barbosa
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

           O primeiro prédio da Prefeitura era de madeira e foi construído pelo fundador de Itambé, João Cortez Cappel, no final da década de 40. O prédio ficava no mesmo local da atual Prefeitura, mas sua entrada era pela Rua Humberto Moreschi.

Ao fundo, prédio da antiga Prefeitura
Fonte: Laura de Azevedo Coutinho

          Em 1969, na gestão de Misdei Moreschi e Sócrates da Veiga, iniciou-se a construção da atual Prefeitura, que foi inaugurada na posse do Prefeito Gibson L. Monteiro, em fevereiro do ano seguinte. O evento foi destaque no Jornal Folha de Londrina, edição de 15 de fevereiro de 1970. A reportagem relatou a importância da obra para Itambé. 

Inauguração da Prefeitura Municipal de Itambé, 1970
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

            De acordo com a publicação, como Misdei não fazia discursos, falou em seu nome o Advogado Casemiro Leonidas Choclay.

       “Em nome do Sr. Misdei Moreschi – disse o advogado – queremos agradecer a honraria com que a Câmara de Vereadores o distingui. Agradecer também o prestígio que lhe foi dado ao longo de seus quatro anos de administração, período em que dotou Itambé de energia elétrica, escolas, motoniveladoras, veículos, estradas, além de outros benefícios, entre os quais essa Prefeitura.
        O Prefeito que a mim confere a honra de representa-lo em seu discurso, sempre foi fiel ao seu “slogan” – “Mais Ação e Menos Conversa” - , de forma, que hoje, graças a esse princípio, Itambé se faz respeitada em todo o Estado, principalmente em Curitiba,”
      (Fonte: Folha de Londrina – 15/02/1970 – ano 23/nº 5405)

Folha de Londrina destaca a inauguração
Da Prefeitura de Itambé, 15/02/1970
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

            Ainda, segundo a mesma reportagem de A Folha de Londrina, o primeiro trecho de asfalto também foi construído nesta gestão, na Avenida São João, entre a Praça Rui Barbosa e a Rua 15 de Novembro, com recursos e maquinários do Município. Depois o asfalto foi estendido em torno da Praça e continuação da Avenida São João. As pedras para o trabalho eram trazidas de outros municípios. Além disso, foram ampliadas as redes de energia elétrica, água e telefone, foi feita a arborização das ruas, meio fio e calçadas na Avenida São João. Foi adquirida uma perua para transporte de professores à zona rural, máquinas para a abertura de 80 quilômetros de estradas rurais, para a fabricação de artefatos de concreto, 300 metros de galerias fluviais, construção de pontes, bueiros, construção do prédio da unidade sanitária e outras obras.

Contrução dos meio-fios na Avenida São João
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

                                          SÍMBOLOS MUNICIPAIS
            Outro marco importante desta época foi a instalação dos símbolos do Município: o Brasão, a Bandeira e o Hino a Itambé. A escolha dos símbolos coube ao Chefe de Gabinete João Batista da Silva Paixão e à Professora Yara Nobre de Almeida Grenier. Os desenhos da primeira bandeira e do primeiro brasão foram feitos em Maringá.
          O Hino a Itambé foi escrito por Sebastião de Lima.  De acordo com artigo publicado no jornal Estado do Paraná, em 31 de outubro de 1981, pelo jornalista Aramis Millarch, com a manchete “Sebastião, o homem dos hinos do Paraná”, Sebastião de Lima nasceu em Miraí, Minas Gerais, e chegou ao Paraná em 1957. Ele era ex-sargento da Escola de Oficiais Especialistas e Guardas e também compositor popular. Morou entre as décadas de 40 e 50 no Rio de Janeiro, onde conviveu com outros compositores, como: Ataufo Alves, Francisco Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Orlando Silva, e outros. Entre suas composições de maior sucesso estão: “Vida de Vaqueiro”, “Eu Tiro Leite”, “Vaqueiro de Jamba”. Na década de 70, passou a dedicar-se mais a composição de hinos municipais, com ajuda da advogada Vera Vargas, irmã do então deputado Túlio Vargas. Só no Paraná, criou 186 canções até 1981. Sobre este trabalho, o artigo declara:

         “Quando o município é novo e não tem história, tradição ou fatos que inspirem uma letra verdadeira, Sebastião coloca em ação sua imaginação: “Não há problema, é só uma questão de bem pensar,” diz ele, que faz músicas e letra e cuida da produção, requisitando para a gravação a banda da EIEG, da qual fez parte até 1957, como regente auxiliar e músico.”
(site pesquisado em 2012)

             Sebastião de Lima compunha seus hinos para as Prefeituras que solicitavam por este trabalho, que era mais lucrativo que as composições de música popular. Segundo a publicação, em 1981, aos 63 anos, o compositor seguia viagem para Minas Gerais, onde faria mais hinos municipalistas.

     HINO A ITAMBÉ 
Itambé minha terra querida
Serás lembrada por todas gerações
Esta terra, cidade florida
Relicário de todos corações.

Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi

Em teu solo tem riquezas mil
Que progride ao trabalho criador
Tua gente trabalha varonil
Na infinita terra do esplendor.

Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi

Lindos campos e verdejantes matas
Conquistadas às margens do Ivaí
Um governo bandeirante faz bravata
Neste mundo verdadeiro amor surgiu.

Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi.

        O Hino foi gravado numa pequena fita cassete, que ficou por muito tempo guardada na Prefeitura. Então, a Professora de música Lucimeire Severo de Lima decidiu fazer a partitura do hino para tocar na sua bandinha rítmica. Ela lembra que foi muito difícil traduzir os sons da fita em notas, mas contou com a ajuda da professora Benedita Machado e Márcia Josefa Pedrine. Elas ouviram muitas vezes a gravação até conseguirem tirar todas as notas da canção, que foi tocada pela bandinha numa solenidade de formatura. Em 2007, Lucimeire levou o hino a Maringá e este foi gravado em CD (disco compacto) pelo cantor e músico Reginaldo Granero. Dessa forma, este símbolo municipal pôde ser mais difundido entre os itambeenses.
        Outro símbolo municipal que Itambé ganhou foi o brasão, criado através da Lei 18 de 04/07/1967. Nele havia o desenho do Rio Ivaí, o maior rio que banha o município, das lavouras de café e algodão, produtos que alavancaram o crescimento do município, o Cruzeiro do Sul, que servia como bússola para os exploradores, a Coroa Mural em cor de amarelo ouro, símbolo do domínio universal, além de um arado de mão, simbolizando o trabalho artesanal do homem do campo e montes que deram origem ao nome de Itambé. Abaixo do Brasão, a frase “Itambé – Solo Rico do Ivaí”, destaca a localidade onde o município está situado e a riqueza das suas terras.


Primeiro Brasão de Itambé
Fonte: Biblioteca Municipal Pref. Gibson L. Monteiro

              A bandeira retangular era azul com o brasão no centro, que simboliza a expansão do poder em todo o Município.

Primeira Bandeira de Itambé
Fonte: Biblioteca Municipal Pref. Gibson L. Monteiro
                                     
          Houve conquistas também para a área da agricultura. No mandato de Gibson Linhares Monteiro e Paulo Orlandini, através do Deputado Estadual Prof. Ari de Lima, Itambé recebeu a patrulha agrícola, composta de cinco tratores equipados e uma colheitadeira, todos da marca Massey Ferguson, para atender aos pequenos produtores. 

Máquina da Patrulha Rural
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

           Destacam-se ainda a aquisição de móvies para a Câmara e Prefeitura, término da ponte do Rio Keller, na estrada entre Itambé e São Pedro do Ivaí, calçamento na cidade, construção do muro do cemitério, do Estádio Municipal com vestiários e cercas de madeira, além do alambrado, ampliação das redes de água e energia, construção de escolas rurais, instalação da biblioteca pública, com ajuda de doadores de livros, entre outras obras.

Prefeito Gibson Linhares Monteiro
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

         De acordo com o ex-vereador Jovânio Pereira dos Santos, no segundo mandato de Misdei Moreschi, tendo como Vice o Senhor Mário Forastiere, foi adquirido um britador, uma pedreira, uma moto niveladora Ubervaco 165S, duas pás carregadeiras, uma W7 e outra W20, uma retroescavadeira 180H, três caminhões basculantes, um trator esteira AD14. Então a Avenida São João recebeu galeria e asfalto em mais duas quadras. Além disso, três veículos da marca Wilis e um Fusca também foram adquiridos. Tudo comprado com recursos próprios, advindos da arrecadação da Coletoria. 


Prefeito Misdei Moreschi, vice-prefeito Mário Forastieri e vereadores
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

         A Coletoria, ou Agência de Rendas, era administrada por Clemente Zelak, natural de Rio Claro do Sul. Ele chegou a Itambé em 1955 para ocupar o cargo. Além disso, foi Vereador, comerciante e agricultor.

Máquinas adquiridas pela Prefeitura
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

          Assim, as dificuldades iniciais foram amenizadas e Itambé conquistou mais qualidade de vida para seus moradores e o perímetro urbano ganhou novas casas e prédios comerciais.

Vista aérea de Itambé, 1970
Fonte: Vera Elosísa de Melo Assis

                                     CÂMARA DE VEREADORES

           A Câmara de Vereadores de Itambé, como já relatado acima, desde o início foi muito atuante, tendo como função criar leis, projetos e fiscalizar o Poder Executivo. Na primeira legislação foi de 1961 a 1964, os vereadores não recebiam salário, pois o município tinha menos de cem mil habitantes, mesmo assim era preciso disputar a eleição com muitos candidatos, chegando a três por vaga.

Primeira Câmara Municipal de Itambé
Fonte: Câmara Municipal de Itambé

         O Primeiro Presidente da Câmara foi Antônio Belasque Garcia e o segundo foi José Caetano, conhecido como Zé Belmiro. Os demais vereadores desta legislação foram: Clemente Zelak, Severino Valler, Diomar Pedrine, Rafael Lopes, Silvestre Zamberlan, José Caetano e Benito Rodrigues. A partir de 25 de julho de 1974, pelo Decreto Lei estabelecido pelo Presidente da República Ernesto Geisel, os vereadores de pequenos municípios passaram a receber salários. 

Reunião da Câmara dos Vereadores, 5ª Legislatura
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

         Entre os muitos projetos da Câmara se destacam: a criação da creche, da APMI, a subestação da Copel e Sanepar, a ligação de asfalto entre Itambé e Floresta, a inclusão na Constituição Federal do auxílio de um salário mínimo para todos os deficientes do Brasil; projeto enviado para a Comissão Paranaense que participou da elaboração da Constituição de 1988 pelos vereadores Jovânio Pereira dos Santos e Pedro Rampelotti. 
        O trabalho da Câmara é essencial ao Município, pois garante a manutenção da democracia e o cumprimento das leis.

                                      POLÍCIA CIVIL E MILITAR

           Segundo Vera Eloísa de Melo Assis, quando Itambé ainda era patrimônio e havia poucos moradores na área urbana, seu avô, José Joaquim Pereira, foi o primeiro inspetor de quarteirão. Designado pelo prefeito de Marialva, sua função era cuidar da ordem pública caso surgisse algum problema. Depois, outras pessoas assumiram esse posto. Com o aumento da população urbana, exigia-se a presença da polícia. Alguns policiais militares foram designados para trabalharem aqui, como o Sargento Darci e o Cabo João. Outros soldados foram o Cabo Noronha, o Soldado Joaquim, entre outros. Nos anos 60, vieram para Itambé o Sargento José Jovancil e o Cabo Zito. 

José Joaquim Pereira e sua esposa
Maria Altina Pinto de Melo
Fonte: Renecéya de Melo Assis

          De acordo com Aparecida Claro Moreschi, João Antônio Claro começou a trabalhar como o primeiro delegado de Itambé em 1953. Na época do incêndio que aterrorizou toda a população da cidade. Como delegado, lutou muito com o povo para apagar o fogo. 
          Quando Itambé deixou de ser patrimônio e foi elevado à categoria de Distrito, o Senhor José Pereira de Melo foi nomeado delegado. Os delegados da época eram chamados de “calça curta”, por não terem formação superior. O termo é pejorativo e foi criado pelos baixaréis de Direito. Os “calças curtas” faziam os mesmos trabalhos que os graduados. A esposa de José, Dona Ester Mateus Pinto de Melo, era a escrivã da polícia. Quando acontecia algum crime ou contravenção na área rural, ela ia com o marido ou um policial até a localidade e levava sua máquina de escrever para registrar os depoimentos.
          Vera Eloísa de Melo Assis relata que havia muitos homicídios neste Distrito. Alguns eram motivados por brigas na zona de prostituição, além de disputas por terras. Segundo Vera, todos andavam armados com peixeira, uma espécie de faca muito comprida e afiada, ou armas de fogo. Alguns proprietários de terras contratavam jagunços, ou capangas, para ajuda-los a se defender. Além disso, disputas políticas geravam muitos atritos armados. Sendo assim, era preciso ter muita coragem para assumir o cargo de delegado. José Pereira Melo atuou nesta função vários anos.

José Pereira de Melo
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

        Mário Giraldelli substituiu José P. de Melo, em meados da década de 50.Também ocupou o cargo o senhor Nicolau Lopes, irmão do ex-prefeito Rafael Lopes e o Senhor Heleno.
       Mudava-se constantemente de delegado, visto que este posto era indicado pelo poder político. A pessoa que ocupou o cargo por mais tempo foi o senhor Alvenires Vedovelli, de 1977 a 1991, quando morreu num acidente automobilístico na rodovia entre Itambé e Floresta. Alvenires era de Cambará/PR, chegou a Itambé com os pais, Guido Vedovelli e Iolanda Ebirolli, em 1955. Inicialmente trabalhou no comércio, depois assumiu o cargo de Delegado Titular.  Em 1984, auxiliavam-no os soldados: Valter Gabriel Fertonani, José Evaristo de Almeida e Adão Carlos Serapião, do 4º Batalhão da Polícia Militar de Maringá.

Alvenires Vedovelli, delegado
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

          Depois outros delegados “calça curta” e baixaréis ocuparam o cargo. Por fim, houve uma resolução do Governo do Estado, Roberto Requião, nomeando o comando da Polícia Militar para administrar a Polícia Civil. A partir de 2003, o Sargento Paulo Sérgio Celestino ficou responsável pelas Polícias Civil e Militar de Itambé. Em 2006, a responsabilidade passou para o Sargento Robson Luiz Louzada. Atualmente, um investigador está à frente da Polícia Civil de Itambé.

                                                CARTÓRIO

           De acordo com Vera Eloísa de Melo Assis, em 1948, seu pai, o Senhor José Pereira de Melo era motorista de transportes e vereador em Abatiá, próximo de Santo Antônio da Platina, e veio conhecer Itambé, porque os avós de Vera, José Joaquim Pereira e Maria Altina de Melo haviam comprado terras na Água Manduri. Como gostou do lugar, José Pereira de Melo também comprou um sítio na Gabirobeira, que empreitou para o Senhor Américo Orlandini. José notou que não havia ainda nenhum cartório nesta localidade. De volta à sua cidade, conversou com a esposa, a Professora Ester Mateus Pinto de Melo, sobre a possibilidade de pleitearem o cartório em Itambé. Eles se mudaram para cá e Dona Ester, professora estadual, tomou posse como professora responsável das Escolas Reunidas de Itambé.
         Mas ela já começou também a trabalhar para o cartório de Marialva, fazendo registros civis em Itambé. O primeiro casamento registrado no Distrito foi o de José Gonçalves de Souza e Maria Francisca de Andrade, em 1º de maio de 1954; o primeiro nascimento e, infelizmente, o primeiro óbito registrados são do bebê Eleneuza Maria dos Santos, filha de Adalvo José dos Santos e Maria Amélia dos Santos, em 7 de abril de 1954.

Família Melo
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

          O Senhor João Cortez Capel fez um documento ao Governo do Estado apresentando Dona Ester como candidata ao cartório, documento este entregue por José Pereira de Melo diretamente ao Governador Moisés Lupion. Vera destacou que, nesta época, a mulher ainda era subjugada pela sociedade e pelas leis em relação ao trabalho. Até a década de 40, a Constituição da República Federativa do Brasil determinava que a mulher só poderia trabalhar mediante autorização escrita do marido. Mesmo com a promulgação da CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, de 1943, que garantia o direito mais amplo da mulher ao trabalho, este só poderia ser exercido caso o marido não o considerasse uma ameaça ao casamento. Então, para que Dona Ester pudesse se candidatar ao concurso, no qual só homens participavam, a ajuda do marido e de Cortez, fundador do Distrito, era fundamental. Assim ela se inscreveu e foi aprovada no mesmo. Porém, como não havia nenhuma mulher ocupando a função de Serventuária da Justiça em todo o Estado do Paraná e os homens que foram aprovados depois dela se sentiram rebaixados, questionaram o direito dela de assumir a vaga. Dona Ester entrou com um Mandado de Segurança que foi homologado imediatamente pelo Juiz de Direito Dr. Leandro Freitas de Oliveira, da Comarca de Marialva, dando a ela o direito de assumir o cargo. O mesmo Juiz veio a Itambé empossá-la em 1955. Vera ressaltou que Dona Ester Mateus Pinto de Melo foi a primeira mulher paranaense a assumir o posto de Serventuária da Justiça no Estado. 

Título de Serventuária da Justiça concedido pelo
Governador do Estado do Paraná à Dona Ester
Mateus Pinto de Melo, 12 de maio de 1955
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

           Assim os registros de imóveis, nascimentos, casamentos e outros ficaram sob a responsabilidade do Cartório de Registro Civil Melo. Como serventuária da justiça, Dona Ester atuou por trinta anos, participando ativamente da vida social e política de Itambé. Junto com Dona Isabel Rodrigues e Divina Rodrigues, foi professora de catequese, membro do Apostolado de Oração, Ministra de Eucaristia. Participou da instalação do Município de Itambé, como já fora mencionado e de inúmeros atos públicos. Dona Ester aposentou-se e, em janeiro de 1991, seu filho José Tadeu Pereira de Melo assumiu a titularidade do cartório. Em 1996, Tadeu faleceu e sua esposa, Vera Lúcia de França Melo, assumiu seu lugar, atuando como cartorária.

Dona Ester Mateus Pinto de Melo realizando casamento coletivo. (Década de 80)
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

          Então, em fevereiro de 2003, através de um novo concurso público, a Advogada Yra Liz Stadler Franco assumiu o cartório que passou a ser denominado Cartório Stadler. 

Título de Delegação de Yra Liz Stadler Franco
Fonte: Yra Liz Stadler Franco

4 comentários:

  1. Bom dia, parabéns inicialmente pelo vosso Blog.

    A Lei nº 18, de 4 de julho de 1967 trata da criação do Brasão Municipal oficial, porém tenho observado que há outro Símbolo Municipal sendo posto como Brasão qual o Município faz uso de forma correta? Obrigado. jocelioandrade@gmail.com

    ResponderExcluir
  2. Olá, Jocélio. Houve uma mudança no Brasão por causa das mudanças nas lavouras de Itambé. Obrigada por ler meu blog.

    ResponderExcluir
  3. Boa tarde,

    Como faço para obter as imagens dos Símbolos Municipais Oficiais em boa resolução, fundo branco, Coloridas, bem como cópia da lei que os criou...

    Segue artigo de nossa autoria:

    https://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/tutoriais/brasao-armas-localidade/

    Fins atualizar artigo acima com a verdadeira imagem do brasão municipal oficializado pela Lei nº 18, de 4 de julho de 1967.

    Respeitosamente, Atenciosamente e Cordialmente,
    Jocélio Andrade, Subtenente do Exército Brasileiro,
    Servindo no 16º B I Mtz, Natal/RN.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Subtenente. Entre em contato com a Prefeitura Municipal de Itambé-PR, pelo telefone 44 32311222.

      Excluir

O circo no Moreschi

 Bairro Moreschi (Fazenda Anjo da Guarda), local onde, possivelmente, o circo fora montado                                           ...