EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Até 1950, Itambé ainda era patrimônio de Mandaguari.
Mas, com a emancipação de Marialva, um abaixo assinado feito pela população de
Itambé e encaminhado ao Governo de Estado por José Joaquim Pereira elevou este
Patrimônio a Distrito de Marialva, através da Lei 790. Já em 11 de novembro de
1951, foi elevado a Distrito Judiciário. O subprefeito era o Senhor Rafael
Garcia, subordinado à Prefeitura de Marialva.
No final da década de 50, o Governador
Moysés Lupion foi responsável pela criação de muitos municípios, entre eles,
Itambé.
Lei 4.242, que cria o Município de Itambé publicado
no
Diário Oficial do Estado do Paraná. 25 de julho de
1960
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
O Município de Itambé foi criado no
dia 25 de julho de 1960, através da Lei Estadual 4.254. A primeira eleição para
prefeito e vereadores ocorreu a 3 de outubro de 1961, João Antônio Claro se
tornou Prefeito. A instalação solene, com a posse do Prefeito e Vereadores, foi
realizada no dia 30 de novembro de 1961, no Grupo Escolar “Olavo Bilac”. O
evento contou a presença do Juiz de Direito da Comarca de Marialva, Dr. Eládio
Pinheiro de Lima e do Sr. Jerson Capponi de Melo, vice-presidente da Câmara de
Vereadores de Marialva. Dona Ester Mateus Pinto de Melo, Escrivã do Cartório
Distrital de Itambé, conduziu a solenidade, na qual foram empossados os
Vereadores e o Prefeito do novo Município.
Abaixo segue a cópia fiel da ata de
Instalação do Município de Itambé:
ATA DE INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAMBÉ, POSSE DOS
VEREADORES DE PREFEITO.
Aos 30 (trinta) dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e
sesenta e um (1961), neste Município de
Itambé, Comarca de Marialva Estado do Paraná, às 16 (dezesseis) horas na sala
do Grupo Escolar, local em que foi designado para a respectiva solenidade,
presente o M.M. Juiz de Direito da Comarca de Marialva, deste Estado, Dr.
Eládio Pinheiro Lima, que convidou para fazer parte da mesa o Sr. Jerson Caponi
Melo, Vice Presidente da Câmara Municipal da Comarca de Marialva, Sr.ª Ester
Mateus Pinto de Melo M.D. Escrivã do Cartório Distrital, deste Distrito,
convidando ainda o Vereador mais idoso Sr. Silvestre Zamberlan, para assumir a
presidência da mesa. A seguir pelo M.M. Dr. Juiz foi determinado que para que
fosse eleita a Câmara, se procedesse a votação em secreto, o que foi feita
obtendo o seguinte resultado: para Presidente Silvestre Zamberlan (5) cinco
votos, Vice-Presidente Benito Rodrigues (5) cinco votos. 1º Secretário Antônio
Belasque Garcia 5 (cinco) votos; 2º Secretário José Caetano 5 (cinco) votos;
aos quais determinou o Dr. Juiz que tomassem os seus respectivos lugares; após
a posse. Foi pronunciado pelo Dr. Juiz um breve pronunciamento de
agradecimentos e elogios aos membros que acabaram de assumir a Vereança deste
Município elogiando ainda as autoridades presentes e ao ilustro Prefeito que
ainda ia ser empossado. A seguir com a palavra a mui digna Tabeliã deste
Distrito Sr.ª Dona Ester Mateus Pinto de Melo a qual elogiou a Câmara de
Vereadores ao Dr. Juiz pelo seu trabalho nesta Campanha e ao Sr. Prefeito e
demais autoridades. Prosseguindo o Presidente convidou os edis Severino Valler,
Clemente Zelak, e Diomar Pedrine, para que os membros trouxessem o Prefeito
eleito João Antônio Claro, para que o mesmo tomasse posse e fizesse o juramento
do Cargo que acabou de assumir, a seguir fez uso da palavra o Sr. Dr. Jerson
Caponi de Mello, o qual fez os elogios ao Sr. João Antônio Claro e a Câmara
Municipal de Marialva, elogiando finalmente a Câmara deste Município. A seguir
pediu a palavra o Sr. Clemente Zelak, fazendo uso da mesma falou agradecendo as
palavras dos que o antecederam, agradecendo os seus eleitores e criticando
finalmente o atraso do horário da posse dos Sr.s Vereadores. O Sr. Presidente
colocou a palavra livre. Fazendo uso da mesma o Vereador Rafael Lopes, falando
sobre a necessidade que o povo tem sobre uma administração perfeita e rápida.
Agradeceu ainda os trabalhos do Sr. Juiz e demais dos que o antecederam.
Ficando novamente livre a palavra a qual foi ocupada pelo Sr. Vereador Benito
Rodrigues, falou e agradeceu os seus Vereadores, os eleitores, o Dr. Juiz, o
Prefeito empossado e finalizando disse que no término do mandato que o seu nome
e dos companheiros ficassem gravados com letra de ouro. A continuar usou a
palavra o Sub-Tenente Afonso Pinheiro Camargo, agradecendo aos Sr.s Vereadores
e os que os antecederam, finalizando falou o Prefeito empossado. Sr. João
Antônio Claro este falou que está satisfeito com o povo pela sua vigência
durante os seus períodos na vereança o que o mesmo não podia deixar de ser
candidato por que a sua amizade era grande e a seguir ainda falou que os
Vereadores eram pessoas descentes e competentes para reger os destinos do
Município, o mesmo disse ainda que era honesto por que se o mesmo não fosse não
teria recebido 3 (três) diplomas e que mesmo foi um Prefeito eleito dentro dos
78 Municípios do Paraná, por isso ele era amigo do Governador, dizendo ainda
que foi um grande Vereador da Câmara de Marialva, agradecendo ainda os
Vereadores e o Sr. Presidente disse que sabe a dificuldade que tem as crianças
por que ele tem 10 filhos e fora outros que o mesmo cria, finalizando agradeceu
ao povo. Ainda o Sr. Rafael Lopes pediu a palavra para saber se já havia local
para funcionar a Câmara, o Sr. Presidente falou convocando os Vereadores para
uma reunião amanhã as 20:30 horas para estudar o seguinte: Local de Reunião da
Câmara; Local de Funcionar a Prefeitura; Código de Posturas; Regimento Interno
e Subsídios do Prefeito e Gratificação dos Vereadores. Nada mais havendo e se
tratar deu-se por encerrada a presente Ata do qual se lavrou o presente termo.
Eu Antonio Belasque Garcia Secretário que a escrevi e subscrevi.
Ass.
Silvestre Zamberlan
Benito Rodrigues
Antonio Belasque Garcia José
Bento
Rafael Lopes
Clemente Zelak
José Caetano
Diomar Pedrine
Severino Valler
(Ata transcrita em: ITAMBÉ: Aspectos Históricos, Geográficos e
Sócio-econômicos. Elizabete Aparecida Moreno Nardi. Trabalho realizado através
de financiamento do Projeto Vale Saber, SEED-Paraná. Itambé, 1996)
Instalação da Primeira Câmara de Vereadores
Fonte: Revista Itambé, 1984
Instalação do Município de Itambé
Fonte: Revista Itambé, 1984
O território
que corresponde a este Município foi desmembrado de partes dos territórios de
Marialva, Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí. Antes disso, o Rio Keller era a
divisa entre o Distrito de Itambé e o Município de Bom Sucesso. Os
limites de Itambé são: ao Norte com Marialva e Floresta, ao Sul, com Fênix e
Quinta do Sol, ao Leste, com Bom Sucesso e São Pedro do Ivaí e a Oeste com
Engenheiro Beltrão. A área total do município é de 244 quilômetros quadrados,
cortados por diversos rios e córregos.
Mapa do Município de Itambé
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
O aniversário de Itambé era comemorado no dia 30
de novembro, instituído através da Lei nº 46 de 17/4/1968. Esta Lei foi
revogada pelo Prefeito Gibson Linhares Monteiro e, pela Lei nº 181 de
16/12/1972, a data do aniversário do Município passou para 25 de julho. Mas, no
final da década de 70, quando o Prefeito era o Sr. Rafael Lopes e o Brasil governado
pelos militares, a comemoração passou a ser no dia 30 de novembro, data da
instalação do Município. Pois, o Ministério da Educação, a Secretaria de Estado
da Educação e o Núcleo de Educação de Mandaguari, exigiam a participação dos
alunos nos festejos, com desfiles, Hino Nacional e hasteamento da Bandeira. Mas
as escolas estavam de recesso em julho, por isso a data de aniversário passou a
ser comemorada em novembro, quando os alunos se encontravam em período
letivo. A data foi novamente transferida
para o dia 25 de julho pela Lei 1008/2009, na primeira gestão de Antônio Carlos
Zampar e Benedito dos Santos.
Prefeito João Antônio Claro, sua família e Padre Eduardo
Fonte: Família Claro
João Antônio Claro e sua esposa, Maria Ferreira Claro, vieram com seis filhos de Presidente Venceslau/SP para Itambé, em fevereiro de 1951. Inicialmente eles moraram na Fazendo Ouro Verde, onde João ajudou a abrir a mata e formar plantação de café, ficand ali de 1951 a 1953. Depois, mudou-se com a família para o Distrito de Itambé. Em 1953, foi delegado.
Em 1954, Claro entrou na política, candidatou-se a vereador de Itambé por Marialva, sendo eleito pela primeira vez. Candidatou-se ao mesmo cargo em 1958, vencendo novamente. Em 1961, quando Itambé passou a ser município, o Senhor João Antônio Claro venceu Misdei Moreschi e foi eleito o primeiro prefeito de Itambé.
Claro enfrentou muitas dificuldades durante
sua administração. Pois a maioria dos vereadores lhe fazia oposição.
Em 12 de abril de 1964, em cumprimento
à Emenda Constituicional nº 6/64, de 23 de fevereiro do mesmo ano, a Câmara dos
Vereadores se reuniu e elegeu, por unanimidade, o Senhor José Pereira de Melo
para assumir a cadeira de Vice-prefeito. Cargo que exerceu até o fim do mandato
de Claro.
Mesmo enfrentando dificuldades, na
gestão de Claro, foi instalada água puxada a motor e rede de encanamentos; foram feitas redes de energia elétrica,
com o apoio do Diretor da Eletrobrás, João Grenier, e do Governador Ney Braga.
Com a ajuda do Vereador Severino Valler, foi instalado o telefone. Houve a
criação da Escola Normal. Ainda foram construídas várias escolas isoladas nos bairros e comunidades rurais, como: Visconde de Mauá, Bairro Catarinense, Monteiro Lobato, Gabriel de Lara, Fazenda Garcia, entre outras.
Escola Isolada Gabriel de Lara, construída na gestão de Claro
Fonte: Família Claro
Em 1966, Sr. João Antônio Claro, apoiou o Sr. Misdei Moreschi para candidato a prefeito e Sócrates da Veiga para vice. Eles venceram e passaram a administrar o Município.
Claro ficou em Itambé até 1974. Depois se mudou para Cascavel/PR com sua esposa e filhos. Ele faleceu em 12 de dezembro de 1989, aos 73 anos.
NOVAS
CONQUISTAS
Já na gestão seguinte, de acordo com
o Sr. Alcides Benossi, o novo Prefeito Misdei Moreschi e seu Vice Sócrates da
Veiga conseguiram o apoio da Câmara. No primeiro ano de administração, a Prefeitura
adquiriu uma máquina niveladora usada, Caterpilar, e foi possível melhorar as
estradas. Também foi construída a primeira praça da cidade, a Praça Rui Barbosa, inaugurada nos anos 60, com a
presença do Deputado Estadual Arnaldo Busato.
O nome desta foi sugerido pelo Chefe de Gabinete João Batista da Silva
Paixão, por ter sido morador da cidade de Rui Barbosa-BA. A praça foi
remodelada várias vezes nas gestões seguintes.
Praça Rui
Barbosa
Fonte:
Prefeitura Municipal de Itambé
O primeiro prédio da Prefeitura era de madeira
e foi construído pelo fundador de Itambé, João Cortez Cappel, no final da
década de 40. O prédio ficava no mesmo local da atual Prefeitura, mas sua
entrada era pela Rua Humberto Moreschi.
Ao fundo, prédio da antiga Prefeitura
Fonte: Laura de Azevedo Coutinho
Em 1969, na gestão de Misdei Moreschi
e Sócrates da Veiga, iniciou-se a construção da atual Prefeitura, que foi
inaugurada na posse do Prefeito Gibson L. Monteiro, em fevereiro do ano
seguinte. O evento foi destaque no Jornal Folha de Londrina, edição de 15 de
fevereiro de 1970. A reportagem relatou a importância da obra para Itambé.
Inauguração da Prefeitura Municipal de Itambé, 1970
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
De acordo com a publicação, como Misdei não
fazia discursos, falou em seu nome o Advogado Casemiro Leonidas Choclay.
“Em
nome do Sr. Misdei Moreschi – disse o advogado – queremos agradecer a honraria
com que a Câmara de Vereadores o distingui. Agradecer também o prestígio que
lhe foi dado ao longo de seus quatro anos de administração, período em que
dotou Itambé de energia elétrica, escolas, motoniveladoras, veículos, estradas,
além de outros benefícios, entre os quais essa Prefeitura.
O
Prefeito que a mim confere a honra de representa-lo em seu discurso, sempre foi
fiel ao seu “slogan” – “Mais Ação e Menos Conversa” - , de forma, que hoje,
graças a esse princípio, Itambé se faz respeitada em todo o Estado, principalmente
em Curitiba,”
(Fonte: Folha de Londrina – 15/02/1970 – ano 23/nº 5405)
Folha de Londrina destaca a inauguração
Da Prefeitura de Itambé, 15/02/1970
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
Ainda, segundo a mesma reportagem de A Folha
de Londrina, o primeiro trecho de asfalto também foi construído nesta gestão,
na Avenida São João, entre a Praça Rui Barbosa e a Rua 15 de Novembro, com
recursos e maquinários do Município. Depois o asfalto foi estendido em torno da
Praça e continuação da Avenida São João. As pedras para o trabalho eram
trazidas de outros municípios. Além disso, foram ampliadas as redes de energia
elétrica, água e telefone, foi feita a arborização das ruas, meio fio e
calçadas na Avenida São João. Foi adquirida uma perua para transporte de
professores à zona rural, máquinas para a abertura de 80 quilômetros de
estradas rurais, para a fabricação de artefatos de concreto, 300 metros de
galerias fluviais, construção de pontes, bueiros, construção do prédio da
unidade sanitária e outras obras.
Contrução dos meio-fios na Avenida São João
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
SÍMBOLOS MUNICIPAIS
Outro marco importante desta época
foi a instalação dos símbolos do Município: o Brasão, a Bandeira e o Hino a
Itambé. A escolha dos símbolos coube ao Chefe de Gabinete João Batista da Silva
Paixão e à Professora Yara Nobre de Almeida Grenier. Os desenhos da primeira
bandeira e do primeiro brasão foram feitos em Maringá.
O Hino a Itambé foi escrito por
Sebastião de Lima. De acordo com artigo
publicado no jornal Estado do Paraná, em 31 de outubro de 1981, pelo jornalista
Aramis Millarch, com a manchete “Sebastião, o homem dos hinos do Paraná”,
Sebastião de Lima nasceu em Miraí, Minas Gerais, e chegou ao Paraná em 1957.
Ele era ex-sargento da Escola de Oficiais Especialistas e Guardas e também
compositor popular. Morou entre as décadas de 40 e 50 no Rio de Janeiro, onde
conviveu com outros compositores, como: Ataufo Alves, Francisco Alves, Wilson
Batista, Geraldo Pereira, Orlando Silva, e outros. Entre suas composições de
maior sucesso estão: “Vida de Vaqueiro”, “Eu Tiro Leite”, “Vaqueiro de Jamba”.
Na década de 70, passou a dedicar-se mais a composição de hinos municipais, com
ajuda da advogada Vera Vargas, irmã do então deputado Túlio Vargas. Só no
Paraná, criou 186 canções até 1981. Sobre este trabalho, o artigo declara:
“Quando o município é novo e não tem história, tradição ou fatos que
inspirem uma letra verdadeira, Sebastião coloca em ação sua imaginação: “Não há
problema, é só uma questão de bem pensar,” diz ele, que faz músicas e letra e
cuida da produção, requisitando para a gravação a banda da EIEG, da qual fez
parte até 1957, como regente auxiliar e músico.”
(site pesquisado em 2012)
Sebastião de Lima compunha seus
hinos para as Prefeituras que solicitavam por este trabalho, que era mais
lucrativo que as composições de música popular. Segundo a publicação, em 1981,
aos 63 anos, o compositor seguia viagem para Minas Gerais, onde faria mais
hinos municipalistas.
HINO A
ITAMBÉ
Itambé
minha terra querida
Serás
lembrada por todas gerações
Esta
terra, cidade florida
Relicário
de todos corações.
Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi
Em teu
solo tem riquezas mil
Que
progride ao trabalho criador
Tua gente
trabalha varonil
Na
infinita terra do esplendor.
Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi
Lindos
campos e verdejantes matas
Conquistadas
às margens do Ivaí
Um
governo bandeirante faz bravata
Neste
mundo verdadeiro amor surgiu.
Creio em ti, solo rico do Ivaí
Itambé, cidade igual eu nunca vi.
O Hino foi gravado numa pequena fita
cassete, que ficou por muito tempo guardada na Prefeitura. Então, a Professora
de música Lucimeire Severo de Lima decidiu fazer a partitura do hino para tocar
na sua bandinha rítmica. Ela lembra que foi muito difícil traduzir os sons da
fita em notas, mas contou com a ajuda da professora Benedita Machado e Márcia
Josefa Pedrine. Elas ouviram muitas vezes a gravação até conseguirem tirar
todas as notas da canção, que foi tocada pela bandinha numa solenidade de
formatura. Em 2007, Lucimeire levou o hino a Maringá e este foi gravado em CD
(disco compacto) pelo cantor e músico Reginaldo Granero. Dessa forma, este
símbolo municipal pôde ser mais difundido entre os itambeenses.
Outro símbolo municipal que Itambé
ganhou foi o brasão, criado através da Lei 18 de 04/07/1967. Nele havia o
desenho do Rio Ivaí, o maior rio que banha o município, das lavouras de café e
algodão, produtos que alavancaram o crescimento do município, o Cruzeiro do
Sul, que servia como bússola para os exploradores, a Coroa Mural em cor de
amarelo ouro, símbolo do domínio universal, além de um arado de mão,
simbolizando o trabalho artesanal do homem do campo e montes que deram origem
ao nome de Itambé. Abaixo do Brasão, a frase “Itambé – Solo Rico do Ivaí”,
destaca a localidade onde o município está situado e a riqueza das suas terras.
Primeiro Brasão de Itambé
Fonte: Biblioteca Municipal Pref. Gibson L. Monteiro
A bandeira retangular era azul
com o brasão no centro, que simboliza a expansão do poder em todo o Município.
Primeira Bandeira de Itambé
Fonte: Biblioteca Municipal Pref. Gibson L. Monteiro
Houve conquistas também para a área da
agricultura. No mandato de Gibson Linhares Monteiro e Paulo Orlandini, através
do Deputado Estadual Prof. Ari de Lima, Itambé recebeu a patrulha agrícola,
composta de cinco tratores equipados e uma colheitadeira, todos da marca Massey
Ferguson, para atender aos pequenos produtores.
Máquina da
Patrulha Rural
Fonte:
Prefeitura Municipal de Itambé
Destacam-se ainda a aquisição de
móvies para a Câmara e Prefeitura, término da ponte do Rio Keller, na estrada
entre Itambé e São Pedro do Ivaí, calçamento na cidade, construção do muro do
cemitério, do Estádio Municipal com vestiários e cercas de madeira, além do
alambrado, ampliação das redes de água e energia, construção de escolas rurais,
instalação da biblioteca pública, com ajuda de doadores de livros, entre outras
obras.
Prefeito Gibson Linhares Monteiro
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
De acordo com o ex-vereador Jovânio
Pereira dos Santos, no segundo mandato de Misdei Moreschi, tendo como Vice o
Senhor Mário Forastiere, foi adquirido um britador, uma pedreira, uma moto
niveladora Ubervaco 165S, duas pás carregadeiras, uma W7 e outra W20, uma
retroescavadeira 180H, três caminhões basculantes, um trator esteira AD14. Então
a Avenida São João recebeu galeria e asfalto em mais duas quadras. Além disso,
três veículos da marca Wilis e um Fusca também foram adquiridos. Tudo comprado
com recursos próprios, advindos da arrecadação da Coletoria.
Prefeito Misdei Moreschi, vice-prefeito Mário Forastieri e vereadores
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
A Coletoria, ou Agência de Rendas, era
administrada por Clemente Zelak, natural de Rio Claro do Sul. Ele chegou a
Itambé em 1955 para ocupar o cargo. Além disso, foi Vereador, comerciante e
agricultor.
Máquinas adquiridas pela Prefeitura
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Assim, as dificuldades iniciais foram
amenizadas e Itambé conquistou mais qualidade de vida para seus moradores e o
perímetro urbano ganhou novas casas e prédios comerciais.
Vista aérea de Itambé, 1970
Fonte: Vera Elosísa de Melo Assis
CÂMARA DE
VEREADORES
A Câmara de Vereadores de Itambé,
como já relatado acima, desde o início foi muito atuante, tendo como função
criar leis, projetos e fiscalizar o Poder Executivo. Na primeira legislação foi
de 1961 a 1964, os vereadores não recebiam salário, pois o município tinha
menos de cem mil habitantes, mesmo assim era preciso disputar a eleição com
muitos candidatos, chegando a três por vaga.
Primeira Câmara Municipal de Itambé
Fonte: Câmara Municipal de Itambé
O Primeiro Presidente da Câmara foi Antônio
Belasque Garcia e o segundo foi José Caetano, conhecido como Zé Belmiro. Os
demais vereadores desta legislação foram: Clemente Zelak, Severino Valler,
Diomar Pedrine, Rafael Lopes, Silvestre Zamberlan, José Caetano e Benito
Rodrigues. A partir de 25 de julho de 1974, pelo Decreto Lei estabelecido pelo
Presidente da República Ernesto Geisel, os vereadores de pequenos municípios
passaram a receber salários.
Reunião da Câmara dos Vereadores, 5ª Legislatura
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Entre os muitos projetos da Câmara se
destacam: a criação da creche, da APMI, a subestação da Copel e Sanepar, a
ligação de asfalto entre Itambé e Floresta, a inclusão na Constituição Federal
do auxílio de um salário mínimo para todos os deficientes do Brasil; projeto
enviado para a Comissão Paranaense que participou da elaboração da Constituição
de 1988 pelos vereadores Jovânio Pereira dos Santos e Pedro Rampelotti.
O trabalho da Câmara é essencial ao
Município, pois garante a manutenção da democracia e o cumprimento das leis.
POLÍCIA
CIVIL E MILITAR
Segundo Vera Eloísa de Melo Assis,
quando Itambé ainda era patrimônio e havia poucos moradores na área urbana, seu
avô, José Joaquim Pereira, foi o primeiro inspetor de quarteirão. Designado
pelo prefeito de Marialva, sua função era cuidar da ordem pública caso surgisse
algum problema. Depois, outras pessoas assumiram esse posto. Com o aumento da
população urbana, exigia-se a presença da polícia. Alguns policiais militares
foram designados para trabalharem aqui, como o Sargento Darci e o Cabo João.
Outros soldados foram o Cabo Noronha, o Soldado Joaquim, entre outros. Nos anos
60, vieram para Itambé o Sargento José Jovancil e o Cabo Zito.
José Joaquim Pereira e sua esposa
Maria Altina Pinto de Melo
Fonte: Renecéya de Melo Assis
De acordo com Aparecida Claro Moreschi, João Antônio Claro começou a trabalhar como o primeiro delegado de Itambé em 1953. Na época do incêndio que aterrorizou toda a população da cidade. Como delegado, lutou muito com o povo para apagar o fogo.
Quando Itambé deixou de ser patrimônio e
foi elevado à categoria de Distrito, o Senhor José Pereira de Melo foi nomeado
delegado. Os delegados da época eram chamados de “calça curta”, por não terem
formação superior. O termo é pejorativo e foi criado pelos baixaréis de
Direito. Os “calças curtas” faziam os mesmos trabalhos que os graduados. A
esposa de José, Dona Ester Mateus Pinto de Melo, era a escrivã da polícia.
Quando acontecia algum crime ou contravenção na área rural, ela ia com o marido
ou um policial até a localidade e levava sua máquina de escrever para registrar
os depoimentos.
Vera Eloísa de Melo Assis relata que
havia muitos homicídios neste Distrito. Alguns eram motivados por brigas na
zona de prostituição, além de disputas por terras. Segundo Vera, todos andavam
armados com peixeira, uma espécie de faca muito comprida e afiada, ou armas de
fogo. Alguns proprietários de terras contratavam jagunços, ou capangas, para
ajuda-los a se defender. Além disso, disputas políticas geravam muitos atritos
armados. Sendo assim, era preciso ter muita coragem para assumir o cargo de
delegado. José Pereira Melo atuou nesta função vários anos.
José Pereira de Melo
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
Mário Giraldelli substituiu José P. de
Melo, em meados da década de 50.Também ocupou o cargo o senhor Nicolau Lopes,
irmão do ex-prefeito Rafael Lopes e o Senhor Heleno.
Mudava-se constantemente de delegado, visto
que este posto era indicado pelo poder político. A pessoa que ocupou o cargo
por mais tempo foi o senhor Alvenires Vedovelli, de 1977 a 1991, quando morreu
num acidente automobilístico na rodovia entre Itambé e Floresta. Alvenires era
de Cambará/PR, chegou a Itambé com os pais, Guido Vedovelli e Iolanda Ebirolli,
em 1955. Inicialmente trabalhou no comércio, depois assumiu o cargo de Delegado
Titular. Em 1984, auxiliavam-no os
soldados: Valter Gabriel Fertonani, José Evaristo de Almeida e Adão Carlos
Serapião, do 4º Batalhão da Polícia Militar de Maringá.
Alvenires Vedovelli, delegado
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Depois outros delegados “calça curta”
e baixaréis ocuparam o cargo. Por fim, houve uma resolução do Governo do
Estado, Roberto Requião, nomeando o comando da Polícia Militar para administrar
a Polícia Civil. A partir de 2003, o Sargento Paulo Sérgio Celestino ficou
responsável pelas Polícias Civil e Militar de Itambé. Em 2006, a
responsabilidade passou para o Sargento Robson Luiz Louzada. Atualmente, um
investigador está à frente da Polícia Civil de Itambé.
CARTÓRIO
De acordo com Vera Eloísa de Melo
Assis, em 1948, seu pai, o Senhor José Pereira de Melo era motorista de
transportes e vereador em Abatiá, próximo de Santo Antônio da Platina, e veio
conhecer Itambé, porque os avós de Vera, José Joaquim Pereira e Maria Altina de
Melo haviam comprado terras na Água Manduri. Como gostou do lugar, José Pereira
de Melo também comprou um sítio na Gabirobeira, que empreitou para o Senhor
Américo Orlandini. José notou que não havia ainda nenhum cartório nesta
localidade. De volta à sua cidade, conversou com a esposa, a Professora Ester
Mateus Pinto de Melo, sobre a possibilidade de pleitearem o cartório em Itambé.
Eles se mudaram para cá e Dona Ester, professora estadual, tomou posse como
professora responsável das Escolas Reunidas de Itambé.
Mas ela já começou também a trabalhar
para o cartório de Marialva, fazendo registros civis em Itambé. O primeiro
casamento registrado no Distrito foi o de José Gonçalves de Souza e Maria
Francisca de Andrade, em 1º de maio de 1954; o primeiro nascimento e,
infelizmente, o primeiro óbito registrados são do bebê Eleneuza Maria dos
Santos, filha de Adalvo José dos Santos e Maria Amélia dos Santos, em 7 de
abril de 1954.
Família Melo
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
O Senhor João Cortez Capel fez um
documento ao Governo do Estado apresentando Dona Ester como candidata ao
cartório, documento este entregue por José Pereira de Melo diretamente ao
Governador Moisés Lupion. Vera destacou que, nesta época, a mulher ainda era
subjugada pela sociedade e pelas leis em relação ao trabalho. Até a década de
40, a Constituição da República Federativa do Brasil determinava que a mulher
só poderia trabalhar mediante autorização escrita do marido. Mesmo com a
promulgação da CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, de 1943, que garantia o
direito mais amplo da mulher ao trabalho, este só poderia ser exercido caso o
marido não o considerasse uma ameaça ao casamento. Então, para que Dona Ester
pudesse se candidatar ao concurso, no qual só homens participavam, a ajuda do
marido e de Cortez, fundador do Distrito, era fundamental. Assim ela se
inscreveu e foi aprovada no mesmo. Porém, como não havia nenhuma mulher
ocupando a função de Serventuária da Justiça em todo o Estado do Paraná e os
homens que foram aprovados depois dela se sentiram rebaixados, questionaram o
direito dela de assumir a vaga. Dona Ester entrou com um Mandado de Segurança
que foi homologado imediatamente pelo Juiz de Direito Dr. Leandro Freitas de
Oliveira, da Comarca de Marialva, dando a ela o direito de assumir o cargo. O
mesmo Juiz veio a Itambé empossá-la em 1955. Vera ressaltou que Dona Ester
Mateus Pinto de Melo foi a primeira mulher paranaense a assumir o posto de
Serventuária da Justiça no Estado.
Título de Serventuária da Justiça concedido pelo
Governador do Estado do Paraná à Dona Ester
Mateus Pinto de Melo, 12 de maio de 1955
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis
Assim os registros de imóveis,
nascimentos, casamentos e outros ficaram sob a responsabilidade do Cartório de
Registro Civil Melo. Como serventuária da justiça, Dona Ester atuou por trinta
anos, participando ativamente da vida social e política de Itambé. Junto com
Dona Isabel Rodrigues e Divina Rodrigues, foi professora de catequese, membro
do Apostolado de Oração, Ministra de Eucaristia. Participou da instalação do
Município de Itambé, como já fora mencionado e de inúmeros atos públicos. Dona
Ester aposentou-se e, em janeiro de 1991, seu filho José Tadeu Pereira de Melo
assumiu a titularidade do cartório. Em 1996, Tadeu faleceu e sua esposa, Vera
Lúcia de França Melo, assumiu seu lugar, atuando como cartorária.
Dona Ester Mateus Pinto de Melo realizando casamento coletivo. (Década
de 80)
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Então, em fevereiro de 2003, através de
um novo concurso público, a Advogada Yra Liz Stadler Franco assumiu o cartório
que passou a ser denominado Cartório Stadler.
Título de Delegação de Yra Liz Stadler Franco
Fonte: Yra Liz Stadler Franco
Bom dia, parabéns inicialmente pelo vosso Blog.
ResponderExcluirA Lei nº 18, de 4 de julho de 1967 trata da criação do Brasão Municipal oficial, porém tenho observado que há outro Símbolo Municipal sendo posto como Brasão qual o Município faz uso de forma correta? Obrigado. jocelioandrade@gmail.com
Olá, Jocélio. Houve uma mudança no Brasão por causa das mudanças nas lavouras de Itambé. Obrigada por ler meu blog.
ResponderExcluirBoa tarde,
ResponderExcluirComo faço para obter as imagens dos Símbolos Municipais Oficiais em boa resolução, fundo branco, Coloridas, bem como cópia da lei que os criou...
Segue artigo de nossa autoria:
https://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/tutoriais/brasao-armas-localidade/
Fins atualizar artigo acima com a verdadeira imagem do brasão municipal oficializado pela Lei nº 18, de 4 de julho de 1967.
Respeitosamente, Atenciosamente e Cordialmente,
Jocélio Andrade, Subtenente do Exército Brasileiro,
Servindo no 16º B I Mtz, Natal/RN.
Bom dia, Subtenente. Entre em contato com a Prefeitura Municipal de Itambé-PR, pelo telefone 44 32311222.
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