SAÚDE
O primeiro médico a morar em Itambé
foi o Dr. Lafayette Grenier, natural de Curitiba. Formado na Universidade
Federal do Paraná, casou-se com a Professora Yara Nobre de Almeida Grenier. De
Curitiba, se mudaram para Cornélio Procópio à procura de um campo de trabalho
menos saturado do que o da capital. Neste período, o casal conheceu a família
Lopes. O Sr. Luís Lopes, dono de uma serraria em Itambé, convidou o Dr. Lafayette
para conhecer o Patrimônio. Encantado com a natureza do lugar, o médico
resolveu morar aqui. A mudança ocorreu em 1951, quando Itambé ainda estava coberta
pela mata virgem e habitado por uma rica fauna. Dez anos depois, ele começou a
construir um hospital, num terreno doado pelo Senhor Simão Persona, que ficou
pronto em 1962, e foi denominado Hospital Santa Izabel. Nesta época não havia
nenhum sistema público de saúde, como o SUS. No entanto, Dr. Lafayette não
deixava de atender ninguém por falta de pagamento. Quem não tinha dinheiro
pagava com galinha, porco ou outro produto. Quem não possuía nada, não pagava e
mesmo assim era atendido.
Doutor Lafayette Grenier e sua família, 1952
Fonte: Maria Helena Zampar dos Santos
Dr. Lafayette e o Dr. Jurandir eram
os únicos médicos da região para atender a uma população que chegou, em números
não oficiais, a trinta e cinco mil habitantes. O Dr. Jurandir atuou por pouco
tempo no Município. Depois o Dr. Lafayette precisava fazer o trabalho
praticamente sozinho. Ele enfrentava muita lama e poeira, andando de Jeep, para
prestar assistência médica aos moradores da zona rural. Outros médicos até
vieram trabalhar com ele nesta época, mas não aguentaram as dificuldades
advindas da falta de infraestrutura. De acordo com Guilherme de A. Grenier,
filho do Dr. Lafayette, o que manteve o pai em Itambé foi o amor por esta
terra. Ele nunca expressou desejo de deixá-la, por se sentir realizado aqui.
Como médico, podia exercer sua profissão, como um “menino” podia desfrutar da
natureza, o que não teve a chance de fazer quando criança, por viver na capital
nesta fase da vida. Além disso, o respeito e a gratidão do povo para com ele eram
frequentemente expressos em forma de elogios e atitudes que o conquistaram.
Hospital construído pelo Dr. Lafayette Grenier
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Outra dificuldade enfrentada pelo
médico era a falta de enfermeiras com formação técnica ou acadêmica. Quando
precisava fazer alguma cirurgia, contava com a ajuda de sua esposa, Yara. Ela
fazia o papel de instrumentadora. Muitos itambeenses nasceram pelas mãos do
casal. O Doutor também ensinou a função de enfermeira às leigas para que o
ajudassem. Dona Raimunda Clemente de Souza trabalhava como cozinheira do
hospital, quando faltavam enfermeiras para o serviço, ela também assumia esta
função. Como as eventualidades eram constantes, deixou a cozinha e tornou-se
enfermeira definitivamente. Esta profissão também foi escolhida por suas
filhas, Maria José Clemente da Silva e Maria Aparecida Clemente da Silva.
O médico também ensinava os
procedimentos de partos às pessoas que se dispunham a ajudá-lo. Uma delas foi
Izolina de Andrade, mais conhecida como Dona Júlia. De acordo com sua filha,
Lídia Novaes Amante, Nega, Dona Júlia saiu do interior de São Paulo e chegou a
Itambé em 1957. Aqui trabalhou na lavoura. Como nasciam muitos bebês no
Distritro, ela logo se interessou em ajudar as mães, trabalhou um semana com o
Dr. Lafayete e já aprendeu o procedimento. O primeiro parto que realizou foi em
sua própria filha, Nega, quando esta deu à luz ao seu filho Ademir Novaes
Amante, em1960. Dona Júlia realizava partos na zona urbana e rural. Às vezes,
acabava de chegar em casa, após dar assistência a um nascimento, e já havia
pessoas esperando para levá-la a outra parturiente. Ela perdeu as contas de
quantas crianças ajudou a trazer ao mundo. A parteira não recebia pelo
trabalho, mas algumas pessoas lhe davam presentes. Para se locomover aos
lugares mais distantes usava cavalos e charrete. Ela não tinha nenhum
instrumento próprio para este trabalho, usava o que havia na casa da
parturiente. Dona Júlia amava este ofício, trabalhou como parteira até aos 85
anos, faleceu em 5 junho de 2008.
Maria Conceição Maldonado dos Santos,
ex-moradora de Itambé, se recorda de que Dona Júlia fazia muitos partos na zona
urbana e rural de Itambé. Debaixo de sol, de chuva, de madrugada, lá estava ela
com seu paletó surrado ajudando as mulheres a darem à luz. Maria Conceição
disse ainda que a parteira era uma pessoa simples, mas dava às pessoas orgulho
de serem itambeenses. Vera Lúcia G. Moresqui lembra que Dona Júlia também
gostava de cozinhar em festas e ajudava em tudo o que fosse preciso sem receber
nada por isso.
Dona Júlia ( Izolina de Andrade)
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Dr. Lafayette não podia contar com
exames laboratoriais para diagnosticar doenças. Ele baseava-se no conhecimento
adquirido na universidade e em sua experiência. Através dos sintomas expressos
pelo paciente, o médico descobria qual era o seu mal. Até câncer, ele conseguia
diagnosticar. Neste caso o paciente era encaminhado ao Hospital das Clínicas de
São Paulo. Frequentemente, os médicos deste hospital enviavam cartas
parabenizando Dr. Lafayette pela precisão no diagnóstico das doenças. A Srª.
Vitorina Dolce confirma este fato dizendo que seu modo de examinar era tão bom
que parecia que ele tinha usado aparelhos para auxiliá-lo. O pai de Vitorina
estava com uma dor no abdômen, tomou vários remédios, mas a dor não passou.
Então foi se consultar com o Dr. Lafayette. O médico, só por ouvir as queixas
do paciente e examinar o local da dor, constatou que ele estava com câncer.
Apesar da falta de recursos, o médico
tentava prestar um bom atendimento a todos. Quando o caso era grave, ele sofria
junto com o paciente.
Na gestão de Misdei Moreschi e
Sócrates da Veiga, foi construído o Posto de Saúde, a inauguração contou com a
presença do Secretário da Saúde do Estado, Dr. Arnaldo Faivo Busato. Então Dr.
Lafayette começou a atender também nesta unidade de saúde, onde trabalhou até os
últimos dias de vida, falecendo em 1986. Guilherme afirma sobre o pai:
“O lugar dele era
Itambé. Eu acredito que, se hoje ele estivesse vivo e fosse pra começar a vida
de novo em uma cidade, ele começaria novamente aqui em Itambé, tanto ele quanto
minha mãe.”
Doutor Lafayete em frente ao Posto de Saúde
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
De acordo com Laura
de Avevedo Coutinho, o hospital foi reinaugurado em setembro de 1974, com o
nome de Associação Beneficente de Itambé. Laura era escriturária e
recepcionista, Maria de Lourdes Bianchessi e Maria eram enfermeiras, Olga e
Jacira trabalhavam na limpeza, Dona Júlia era cozinheira e o Senhor Gonela era
o administrador e cuidava do almoxarifado. Nesta época, atendia no hospital o
médico Josail Torres Galino. O presidente da Diretoria da Associação era o
Senhor Armando Lourenço Lima.
Funcionários da Associação Beneficente de Itambé
Fonte: Laura de Azevedo Coutinho
Outro grande profissional da saúde em Itambé o farmacêutico Mauro Nakamura. Os irmãos de Mauro
adquiriram um lote de terras na região da Água do Móoca. Ainda como estudante
de farmácia, Mauro veio a Itambé pela primeira vez em junho de 1948, durante as
férias da faculdade em Ribeirão Preto, para conhecer o distrito. Como gostou
muito do lugar, depois de formado, em novembro de 1950, decidiu vir para Itambé,
com toda a família, abrir uma farmácia.
Ao centro, o
Sr. Mauro Nakamura
O Sr.
Mauro conta que as dificuldades para viver aqui eram muitas. Em época de
chuvas, gastava-se uma semana para ir de Mandaguari à Londrina, onde se
compravam medicamentos. Em tempos de seca, a poeira era tamanha que encobria
toda a visão do motorista. Outro fator que dificultava o serviço era a abertura
de firma que só poderia ser feita na Capital Federal. Os documentos demoravam
até um ano para ficarem prontos. Para minimizar o problema, os escritórios de
contabilidade contratavam correspondentes que davam agilidade ao serviço.
Farmácia e venda da Família Nakamura, início da década de 50
Fonte: http://www.japao100.com.br/perfil/506/galeria/3059/
O farmacêutico ajudou Dr. Lafayette Grenier em muitos atendimentos,
especialmente em partos. Segundo Mauro Nakamura, estes atendimentos eram feitos
geralmente por parteiras. Em cada bairro rural existia uma mais experiente.
Caso ela não conseguisse fazer o procedimento, o médico era requisitado e
acompanhado pelo farmacêutico. Como havia muitos nascimentos e a locomoção era
difícil, Mauro disse que houve noites que ele e o Dr. Lafayette andavam toda a
madrugada para atender as mulheres grávidas. Algumas crendices populares
atrapalhavam o trabalho dos profissionais da saúde. O marido de uma gestante
caminhou a pé por vinte quilômetros até a casa do Dr. Lafayette à procura de
ajuda. O médico chamou Mauro para que este levasse soro plasma, pois a mulher
estava com hemorragia. Era Quinta-Feira Santa e, após a cerimônia religiosa, o
povo tinha o costume de bloquear a estrada com paus e troncos. Então foi
preciso que o esposo, o médico e o farmacêutico fossem retirando os obstáculos
por todo o trajeto até a casa da mulher, o que atrasou muito a viagem. Quando
chegaram, ela já estava quase morta. O Dr. Lafayette disse para Mauro aplicar o
soro. O farmacêutico tinha entregado o frasco do soro ao marido dela durante o
trajeto, mas o homem o perdera. Não deu tempo de voltar para procurá-lo e a
mulher faleceu. Na volta para casa, o soro foi encontrado ao lado da porteira.
Família Nakamura na Drogaria Nakafarma
Fonte: Família Nakamura
Em outro atendimento, mais uma crendice
popular atrapalhava o atendimento. Chegando à casa da gestante, Mauro ouviu uma
batucada ensurdecedora. As mulheres faziam este barulho por acreditarem que ele
facilitaria o parto. Então o farmacêutico pediu para que parassem e elas
concordaram. Mas, mesmo ele explicando que estas crendices não tinham
fundamento científico, não adiantava. Pois o poder da tradição era mais forte
que o da ciência.
Para Mauro Nakamura, o caso mais
difícil que atendeu foi de uma mulher que morava na propriedade do Sr. Modena,
na barranca do Rio Ivaí. Ele e o Dr. Lafayette foram até o local atendê-la.
Mesmo após várias horas de trabalho de parto, a criança não nascia. Então o
médico pediu a Mauro que a levasse até Mandaguari para que pudesse ser
submetida a uma cesariana. Ele acreditava que o bebê já estava morto, mas era
preciso salvar a mãe. O médico não pôde ir junto, mas deixou sua maleta com
Mauro. No caminho, a mulher entrou em trabalho de parto. O farmacêutico parou o
Jeep, a cobriu com um lençol e fez o parto ali mesmo. Infelizmente, como
predissera Dr. Lafayette, a criança estava morta. Acabado o parto, Mauro levou
o casal até o hospital de Marialva, deu-lhes algum dinheiro e entregou a
paciente aos cuidados do Dr. Pedrinho.
De acordo com o pioneiro João
Naujalis, o Doutor Lafayette e Mauro Nakamura foram extremamente importantes para
a população de Itambé. Na palavras de Naujalis:
“Eles foram os pais do povo, deram a vida pelo povo de Itambé, cuidando
de todos.”
Primeiro
Hospital de Itambé
Interior do primeiro hospital de Itambé
Foto: Denizia Moresqui
Por volta de 1961, chegou a Itambé o médico
Antônio Godinho Machado. Ele instalou seu consultório no prédio construído pelo
Sr. José Gagui, na Rua Santana. O médico pediu apoio ao Sr. Misdei Moreschi,
proprietário de serraria na época, e construiu o primeiro hospital da cidade,
onde hoje funciona o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Além do Dr. Godinho,
também trabalhou neste hospital o Dr. Hugo, um boliviano. A unidade de saúde
atendeu à população durante oito ou dez anos. Alguns equipamentos hospitalares
da época permanecem guardados até hoje no prédio, como maca, seringas, armários
de remédios, estufa, entre outros. A Senhora Frida M. Bianchessi foi atendida
pelo Doutor Godinho quinze dias depois da inauguração do hospital e lembra que
estava com fortes dores no abdômen. O médico a examinou apenas por toques de
mãos, já que não havia equipamentos que ajudassem nos diagnósticos.
Equipamentos e instrumentos do primeiro hospital de Itambé
Fotos: Denizia Moresqui
Depois Dr. Godinho comprou cotas do
Hospital São Marcos, onde passou a atender com o Dr. Said Ferreira e outros colegas
de profissão. Mais tarde, tornou-se sócio do Hospital Maringá. Ele também foi
presidente do time de futebol Grêmio Maringá, chefe da 15ª Regional de Saúde de
Maringá, chefe de gabinete do Secretário de Saúde do Paraná, Dr. Arnaldo F.
Busato. Atualmente, o Dr. Godinho é diretor clínico do Hospital Municipal de Paranhos,
Mato Grosso do Sul.
Dr. Antônio Godinho Machado
Fonte: Família Lopes
Além
das farmácias da zona urbana, no Patrimônio Santo Antônio (Guerra), também
havia este comércio. Um dos donos foi o Sr. Alcides Benossi. Ele chegou aqui
com seu pai em 1951. A família adquiriu um lote de terras onde plantava feijão,
milho e café. Mas Alcides decidiu trabalhar como atendente numa farmácia, onde
aprendeu a fazer manipulação de medicamentos. Por volta de 1958, o dono do
comércio mudou-se para Cambuí e Alcides comprou o estabelecimento. Ele lembra
que as enfermidades mais comuns eram: gripe, cólicas de rim, gastrite,
disenteria e catapora nas crianças. A penicilina era o remédio para quase tudo.
Havia vacinas para difteria, tétano e coqueluche, conservadas em geladeiras
movidas a querosene. Mas estas não eram fornecidas pelo governo e sim vendidas
na farmácia. Mesmo com poucos recursos na área de saúde, a mortalidade infantil
era baixa. O Sr. Alcides conta que ajudou o Dr. Lafayete a realizar dois partos
na região do Guerra. Lá, também havia parteiras para realizar este trabalho. O
farmacêutico prático lembra que uma delas, conhecida como Dona Pina, realizou
setenta e dois partos num único mês.
Um sério problema enfrentado pela
população eram as picadas de cobra. Toda vez que acontecia um acidente com
estes animais, era preciso ir à Londrina buscar o soro antiofídico, o que, com
a melhoria das estradas, demorava cerca de um dia.
Uma história curiosa envolvendo o Sr.
Alcides é contada por Olímpio Bianchessi. Este pioneiro lembra que se mudou um
menino doente para sua propriedade no Bairro Catarinense. O pai contava que ele
fora desenganado pelos médicos. Então Olímpio decidiu leva-lo até o Guerra para
que Alcides o examinasse. O farmacêutico prático disse que havia remédio para o
mal, mas era caro. O Sr. Olímpio se propôs a pagar por tudo. O tratamento foi
iniciado e, dentro de poucos meses, o menino ficou curado.
Em 1983, quando o Patrimônio Santo Antônio
já estava quase vazio, o Sr. Alcides fechou a farmácia e mudou-se para a cidade
de Itambé, onde acabou de vender todo o estoque de remédios.
Havia outros farmacêuticos
práticos na cidade, como Otto Moraes de Souza e seu irmão Armando, além de
Geraldo Gonçalves Torres, Floriano Gawilik, que vendeu sua farmácia para José
Godoy Bueno.
Os primeiros dentistas, entre
práticos e formados, foram: José Moreira, conhecido como José Dentista foi o
primeiro a chegar a Itambé. Depois vieram Renato, Osvaldo Fernandes da Silva, João
Godoy Bueno, Emílio Denz e Luiz Terematsu.
Atendimento na farmácia do prático Geraldo Gonçalves Torres
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
CEMITÉRIO
De acordo com o Dr. Mauro
Nakamura, nos primeiros anos de colonização, quando as pessoas morriam, eram
sepultadas em Marialva ou Mandaguari. Os corpos eram transportados em caminhões
de toras, corpos de crianças foram transportados até sobre a capota da
jardineira (ônibus), até que Itambé contasse com o próprio cemitério.
A derrubada das matas do terreno do
cemitério foi feita por Nicanor Amaral de Oliveira, João Rodrigues, Rafael
Lopes e Osvaldo Rodrigues, em 1950. Como já mencionado anteriormente, a muralha
foi feita de tabuinha por João Cortez Capel, entre 1950/51, provavelmente. O
pioneiro Antônio Pelatti lembra que o primeiro corpo enterrado no cemitério de
Itambé foi de uma mulher, seu nome seria Amábile, esposa de Osvaldo Henrique
dos Santos, funcionário da serraria. Ela teria morrido de varicela ou parto, no
início da década de 50. Ao lado deste túmulo, foram sepultados o Senhor Mário
Machado, Pedro Pelatti e um morador da colônia bahiana, chamado Benedito.
Mesmo já existindo cemitério em Itambé, o
transporte dos corpos da zona rural até o distrito era difícil. Dr. Mauro lembra que certa vez faleceu uma
senhora que morava na margem esquerda do Rio Keller. Transportaram seu corpo de
caminhão até a barranca do rio, mas não puderam atravessar, porque uma forte
chuva elevou o nível das águas. Então foi preciso pedir ajuda ao Sr. Antônio de
Souza, para que ele fosse de Jeep até o Bairro Catarinense buscar o único bote
da região de propriedade do Sr. Pedro Bianchessi. Na ocasião o irmão de Pedro,
o agrimensor José Bianchessi, estava hospedado lá e viera ao bairro com um Jeep
militar. Então José emprestou o Jeep para que Argemiro e seu primo levassem o
bote até o rio. Colocaram o caixão feito de tábuas de peroba dentro da
embarcação e, com muita dificuldade, atravessaram o Keller. Depois, foram a pé
até a cidade e trouxeram o Jeep da serraria para transportar o caixão e
sepultar o corpo.
Outra dificuldade frente aos
falecimentos era a forma de avisar as famílias que moravam longe, devido à
ausência dos meios de comunicação. Antônio Pelatti conta que um jovem recém-casado,
chamado Daniel, veio de Cornélio Procópio sozinho trabalhar nas terras que seu
pai adquirira. Enquanto Cravinho, como era conhecido, desmatava o lote para a
construção de uma casa, houve um acidente com lascas de árvore que perfuraram
seu abdómen e ele morreu. Pedro Bastos viu o corpo e foi falar com Pelatti para
que pudessem avisar a família do rapaz. Não havia meio de transporte para que
eles fossem até Cornélio Procópio. Então, para que o falecido não fosse
enterrado sem o conhecimento dos parentes, Antônio Pelatti conseguiu carona no caminhão
dos Linhares até Mandaguari; lá ele embarcou num ônibus para Cornélio Procópio.
Quando chegou àquela cidade, Pelatti ficou perdido, pois não sabia onde morava
a família de Daniel. Como já havia morado ali, lembrou-se de um conhecido, dono
de venda, e foi pedir-lhe informações. O vendeiro conhecia o pai do rapaz e
levou Pelatti até sua casa, chegando lá, o vendeiro apresentou-o ao pai de
Daniel. Então Pelatti deu-lhe a triste notícia. O homem, desesperado, chegou a
Itambé no outro dia para buscar o corpo do filho, que ainda estava no mesmo
lugar do acidente.
João B. Paixão e Gibson Linhares Monteiro no portão do cemitério
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
A muralha do cemitério foi
reestruturada em alvenaria na gestão de Gibson Linhares Monteiro e no primeiro
mandato do Prefeito Mário Forastieri, o local passou por inúmeras reformas,
como o calçamento das ruas e entre os túmulos, construção da capela, do
necrotério, do cruzeiro e arborização.
Calçamento do cemitério
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
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