sábado, 18 de fevereiro de 2017

HISTÓRIA DE ITAMBÉ - PARTE 17

                       AGRICULTURA ATUAL


        Hoje, o Município de Itambé produz, em maiores áreas, soja no verão e milho safrinha no inverno, de acordo com Pedro Cécere Filho, agrônomo da EMATER. Mas conta ainda com cana-de-açúcar, feijão, trigo, hortaliças, pastagens para gado e ovinos, áreas de reflorestamento com eucalipto. A maior parte da área de terras de Itambé pertence a poucos agricultores.
Safra de soja de 2010
Foto: Denizia Moresqui

         Segundo dados do documento Realidade Municipal de Itambé, 2011, feita pela EMATER, a agricultura familiar conta com 250 produtores e a patronal com 98. Os agricultores patronais detêm em torno de 70% da área rural de município. Os pequenos agricultores ainda resistem com dificuldades. Quem dispõe de mão-de-obra pode cultivar lavouras que dão maior rentabilidade, quem não tem cultiva soja e milho, culturas que dão pouco lucro. Segundo dados da EMATER, o número de trabalhadores rurais de Itambé é de 300 pessoas, a maioria trabalha no corte da cana. Geralmente o trabalho nas pequenas propriedades é feito pela própria família do agricultor. Pedro Cécere Filho acredita que a tendência é que, a cada dia, haja menos trabalhadores rurais devido ao desenvolvimento do Brasil, pois desloca as pessoas para outras áreas. Além disso, as máquinas estão entrando em quase todas as culturas, até na cana-de-açúcar. 

Cultivo de hortaliças: diversificação de culturas
Foto: Denizia Moresqui

        A diversificação das culturas poderia ser uma saída para os pequenos agricultores. Além disso, é preciso melhorar as atividades que já existem na propriedade para diminuir custos e aumentar a produtividade. No Município de Marialva, por exemplo, a área cultivada com uva é bem menor que a de soja, mas gera uma receita maior. Assim também acontece com o frango em Astorga e São Jorge do Ivaí. Outras saídas seriam a agroindústria, o artesanato e o turismo rural, como fontes de renda. A agroindústria transforma a matéria prima em produtos processados, agregando valores e aumentando a renda. Já o turismo rural, uma atividade recente no Norte do Paraná, vem crescendo e trazendo renda aos pequenos agricultores, que podem vender os produtos da agroindústria e artesanato.
            De acordo com estudos realizados pela Professora Elizabete Aparecida Moreno Nardi (1996) junto à Emater-Itambé, a pecuária vem crescendo desde a década de 70, apesar de ser uma atividade secundária no Município. Para tanto, as pastagens naturais deram lugar às plantadas com grama mais nutritiva. Além disso, nas áreas de descanso, plantam-se nabo, aveia preta e sorgo para alimentar os animais na entressafra. O diagnóstico da Emater de 1995 contava 5200 cabeças de gado, sendo 4000 de corte e 1200 de leite. Já a criação de suínos contava com 900 cabeças e ovinos 990 cabeças. O Município não possui granjas, apenas aves caseiras, cerca de 1200 galináceos.
                                      
                                               VILA RURAL

         No governo Jaime Lerner houve uma tentativa de levar as pessoas de volta às áreas rurais. O programa, denominado Vilas Rurais, loteava áreas com cinco mil metros quadrados, construía uma casa com 42 metros quadrados em cada lote, além de toda a infraestrutura para as famílias viverem com conforto e cultivarem seu pedaço de terra. A metodologia deste programa era o seguinte: os vileiros trabalhariam em outros locais, cultivariam seus terrenos para subsistência e venderiam o excesso. Na época da escolha dos beneficiados, havia 256 famílias inscritas, um dos critérios de escolha era a família já estar trabalhando com agricultura. A Vila Rural de Itambé, inaugurada em 13 de junho 2002, na gestão de Mário Forastieri, com 58 lotes, recebeu o nome do antigo proprietário do sítio que fora loteado: Pioneiro Luís Ursulino.
          O cultivo da terra é livre, cada proprietário escolhe o tipo de cultura ou criação de animais para sua área. Em Itambé, os vileiros cultivam hortaliças e criam aves e suínos. A assistência técnica fica a cargo da EMATER, Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural. Os moradores pagam uma taxa para a COHAPAR. Infelizmente, muitos proprietários não se adaptaram à vida na Vila e, com o passar do tempo, venderam seus lotes e voltaram para a cidade. Isso aconteceu com mais de 40% dos vileiros, segundo Pedro Cécere Filho, extensionista municipal da EMATER. Por fim, toda a vila passou a compor a área urbana do município de Itambé. 

Vila Rural “Pioneiro Luís Ursulino”
                         Fonte: http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl                              


Vila Rual “Pioneiro Luís Ursulina”
Foto: Denizia Moresqui

                                             FEIRA DO PRODUTOR RURAL

          Como forma de incentivar a agricultura familiar de Itambé, foi criada pela EMATER e pelos agricultores a Feira do Produtor Rural. Instalada todas as terças-feiras, na Rua Presidente Tancredo de A. Neves, em frente a Praça Pref. João Antônio Claro. Nesta feira, os agricultores podem vender seus produtos direto para o consumidor, aumentando os lucros. Além de hortaliças e legumes, são vendidos artesanato, doces e salgados. Com este canal de comercialização, a agricultura familiar ganha um importante avanço, garantindo a subsistência dos pequenos produtores. 

Roque e Elzira na Feira do Produtor Rural
Fonte: Denizia Moresqui

          A ideia da implantação da Feira do Produtor Rural nasceu em 1995. O casal de agricultores Roque Aparecido Tavares e Elzira Vertuan Tavares cultivavam em sua pequena propriedade lavoura branca, como soja e milho. Mas a rentabilidade era muito pequena. Então decidiram mudar para hortaliças e verduras. Para vender a produção, eles tentaram tornar-se feirantes em Maringá, o que não deu certo. A senhora Elzira sugeriu ao marido que eles montassem uma feira do produtor em Itambé. Roque, a princípio não acreditou muito que a ideia se concretizaria, mas apoiou a esposa. Sendo assim, Elzira procurou a agrônoma da EMATER, Edmara Zucoli, que aprovou a iniciativa junto com o Prefeito Paulo T. Honda. Em reuniões com outros agricultores, foram estabelecidas as regras para o funcionamento da feira. No dia 30 de agosto de 1995, na Travessa Elpídio Monteiro, foi realizada a 1ª Feira do Produtor Rural de Itambé. Naquele dia foram montadas 17 barracas. Por causa do projeto, houve um aumento do cultivo de hortaliças em Itambé, tanto em terrenos abertos como em estufas. Roque estima que teve um acréscimo de 50% em sua renda. Ele também vende seus produtos para supermercados de Itambé e Floresta. 

Produção de hortaliças na Chácara dos Meus Sonhos
Foto: Denizia Moresqui
                                     
                                       SINDICATO RURAL DE MARINGÁ
                                         Extensão de Itambé
          
          A agricultura sempre foi uma atividade de risco, visto que depende de condições climáticas ideais para garantir produtividade e lucros. Como já foi relatado, o clima de Itambé, inúmeras vezes, deu duros golpes nos agricultores com geadas. Por este motivo, a maioria deles sentiu a necessidade associar-se ao sindicato patronal para garantir seus direitos junto às instituições financeiras e em relação aos funcionários.
          A Associação Rural de Maringá foi criada em setembro de 1952 com a finalidade de acompanhar e conduzir a vocação agrícola da Cidade Canção. O Sindicato Rural Maringaense é modelo paranaense neste segmento. Foi o primeiro a informatizar todos os serviços prestados aos associados e, de forma pioneira no Estado, vem adotando medidas de forte repercussão social.  Um exemplo disto foi a instalação do Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista Rural. Com participação paritária de empregados e empregadores rurais, cria condições para que, de forma harmônica e respeitando-se direitos e deveres de ambas as partes, trabalhadores e patrões cumpram rigorosamente a legislação trabalhista, inclusive sem necessidade de interrupção de vínculo empregatício.
          Devido às crises econômicas pelas quais passou o Brasil, o Sindicato decidiu ampliar sua base territorial com a aglutinação de mais produtores. Assim surgiram as extensões de Sarandi, Paiçandu, Floresta e Itambé.
             Foram dois fatos marcantes que contribuíram para que Itambé contasse com a Extensão do Sindicato Rural de Maringá. Um deles deveu-se ao problema que vinha acontecendo com vários produtores junto a determinada instituição financeira. Uma grande geada atingiu o milho safrinha de 94, e a instituição queria que os produtores assumissem a dívida, mesmo eles já tendo pago seguro agrícola. O Sr. Valdir Edemar Fries, que na época era o Diretor do Departamento de Agricultura do Município, no período de 1988 a 1995, conhecia o trabalho do Sindicato Rural de Maringá e entrou em contato com o Secretário Executivo, o Sr. Valdecir Mokwa, juntamente com a diretoria sendo o Presidente, na época, o Sr. Aníbal Bianchini da Rocha. Então foi contratado o departamento jurídico do Sindicato para mover uma ação judicial contra a instituição financeira. Os produtores ganharam a ação e receberam o seguro agrícola.
        Outro fato marcante para a abertura de Extensão de Base foi por causa dos produtores de cana-de-açúcar. O Ministério do Trabalho exigia o registro dos funcionários e muitos trabalhadores rurais não queriam ser registrados devido ao desconto do INSS em folha de pagamento, foi realizado um trabalho diretamente nas propriedades conscientizando os trabalhadores da importância do registro em carteira.
        Na época, foram convidados os produtores e associados os Srs. Adenir Feltrin, Alberto Mesquini e Erasmo José Molinari para fazerem parte da Diretoria de Maringá, atualmente os produtores que compões a diretoria são os Srs. Elio Ramos, João Aparecido Bortolasci e Luiz Carlos Dias, e desde então, o Sindicato Rural vem se fortalecendo e prestando serviços e orientações aos Produtores Rurais do Município.

Diretoria do Sindicato Rural, 2011 – 2013
Fonte: Sindicato Rural de Maringá, Extensão de Itambé


Um comentário:

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