MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Cinema
O primeiro cinema de Itambé foi feito
dentro de um armazém com sacaria, na Avenida São João, no local onde hoje há
uma padaria. Era o Cine Brasil do Sr. Dalcides Michellato. Havia projetor,
telão e cadeiras para o público que lotava as sessões. Os filmes exibidos eram
do Mazzaropi, Gordo e Magro, bang-bangs.
Segundo Eurípedes Mariano, havia uma pequena sala de cinema num terreno da Família Coneglian, que depois virou moradia de uma família de descendentes de japoneses.
Segundo Eurípedes Mariano, havia uma pequena sala de cinema num terreno da Família Coneglian, que depois virou moradia de uma família de descendentes de japoneses.
Outro cinema da cidade de Itambé foi do
Sr. Gibson Linhares Monteiro. Ele construiu um prédio próprio para cinema, no
local onde hoje é a residência da família Bortolasci. Era o Cine Ouro Verde, um
grande barracão feito de madeira, com capacidade para mais de 200 pessoas, a
energia ainda era a motor. Às vezes, no meio do filme, o motor enguiçava e
todos iam embora sem ver o fim da história e voltavam no dia seguinte para
continuar a sessão. Outro inconveniente enfrentado pelos frequentadores do
cinema era a fumaça de cigarro. Nesta época, fumar em ambiente fechado era
habitual. Sábados, domingos e quartas-feiras havia sessões. Famílias inteiras
compareciam para se divertirem juntas. Muitos casais de namorados também se
encontravam lá. Os filmes eram guardados em grandes latões redondos, trazidos
de Maringá por ônibus. Em época de muitas chuvas e estradas enlameadas, não
havia filme.
Interior do Cine Itambé em noite de formatura.
Fonte: Eurípedes Mariano da Silva
O Sr. Alcides Benossi lembra que, por
volta de 1961, passaram um filme para adultos; os meninos se dependuraram nas
janelas do lado de fora para tentar assisti-lo. A polícia ficou de plantão para
impedir que os menores de idade tentassem entrar. A sessão lotou de curiosos
que nem tinham ideia do que era um filme para adultos. Alguns já saíram logo no
início da exibição. Mesmo quem permaneceu até o final, ficou espantado com o
que viu. Foi a única vez que este tipo de película foi exibida pelo cinema.
O
espaço também era usado para shows. Num deles, Sérgio Reis se apresentou no
início de sua carreira. O Senhor Jovânio Pereira dos Santos lembra que, por
haver poucas pessoas na plateia, o cantor teria se recusado a cantar. Mas
diante dos protestos dos presentes, ele mudou de ideia.
Ao fundo Cine Ouro Verde. Fonte: Família Claro
Depois, Gibson vendeu o cinema e o
novo proprietário o nomeou de Cine Itambé. Este cinema inspirou um menino a se
tornar ator, produtor e cineasta. Otalício Sirino nasceu em Itambé, a 25 de
setembro de 1958. Ainda garoto trabalhou no Cine Itambé, como ele mesmo conta:
“Quando menino eu limpava o Cine Itambé, na cidade onde nasci, a 300
quilômetros de Cascavel. O cinema nem existe mais, virou uma igreja. Mas eu era
fascinado, assitia a todos os filmes e sonhava em me tornar um dia um artista
de cinema. Então fui me preparando para isso, procurando os caminhos que me
aproximavam do meu ideal.”
Site pesquisado em 25/2/2014
Cine Itambé. Fonte: Família Claro
Ele mudou-se para Cascavel, onde
aprendeu artes marciais, estudou História e fez especialização em cinema.
Passou a usar o nome artístico de Talício Sirino, criou junto com a esposa,
Salete Machado, a Tigre Produções Cinematográficas e desde 1993 tem se dedicado
a produzir filmes de ação com artes marciais. Na década de 2000, foi
entrevistado por Jô Soares, onde falou sobre a origem do seu sonho em Itambé.
Dentre seus filmes estão: Fronteira Sem Destino,
Acerto Final, A História do Fogo e do Fogão, A Filha do Chefe, Conexão Brasil,
Conexão Japão, Curitiba Zero Grau, Operação Rapina, A Tímida Luz de Vela das
Últimas Esperanças, Operação Paraguai e Carreras. Em 2013, recebeu o título de
Cidadão Honorário de Cascavel por seu trabalho que ajudou a divulgar a cidade
como pólo cinematográfico.
Cartaz do filme Conexão Japão
Site pesquisado em 25/2/2014
As pessoas que viviam na zona rural
contavam ainda com um cinema itinerante. De acordo com José Carlos Nardi, José
Luís levava o equipamento de projeção e som numa Kombi até as propriedades
rurais onde havia muitas famílias. Lá, ele montava este equipamento em escolas
ou barracões, vendia ingressos e exibia filmes, geralmente de Mazzaropi. As
sessões ficavam lotadas, José Carlos lembra que, na Gabirobeira, onde morava, cerca
de duzentas pessoas compareciam à escola para ver o filme. Assim acontecia em
todos os bairros e comunidades rurais aonde o cine itinerante chegava.
Com o advento da televisão, as
sessões foram se esvaziando, até que não compensava mais manter cinemas. Então,
praticamente todas as salas de pequenos municípios foram fechadas.
Televisão
Os aparelhos de televisão chegaram
a Itambé em meados dos anos 60, eles eram bem grandes e só transmitiam a TV
Coroados de Londrina e ainda com muito chuvisco. A loja que vendia os aparelhos
e eletrodomésticos era a Casa das Novidades, instalada na Avenida São João. Os
proprietários, da família Nakamura, colocaram um televisor ligado para chamar a
atenção dos consumidores e alavancar as vendas. Mas o valor era alto e poucas
pessoas podiam comprá-lo.
Então, no bar do Pedro Custódio foi
instalado um aparelho que, além de permitir o acesso deste meio de comunicação
a todos, as vendas aumentavam. O bar
ficava lotado à noite para a exibição da novela Irmãos Coragem. As famílias que
contavam com o aparelho também abriam suas casas para a vizinhança. Até que a Prefeitura,
na gestão de Gibson Linhares Monteiro, instalou um televisor na Praça Rui
Barbosa para a população ter acesso às novelas e aos jogos da Copa do Mundo de
1970.
Aparelho de TV que foi instalado na praça
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Telefone
De acordo com o ex-vereador Jovânio
Pereira dos Santos, as primeiras linhas telefônicas foram instaladas em Itambé
no início dos anos 60, gestão de João Antônio Claro. O Vereador Severino Waller
conseguiu a instalação de serviços telefônicos na cidade junto ao Diretor do
Sistema Telefônico Paranaense, Sr. Ardinal Ribas. O próprio Vereador promoveu
uma campanha para vender 26 linhas, pois era a quantidade mínima exigida pela
companhia para instalar o serviço em Itambé. O preço era bem alto, com o mesmo
valor daria para comprar um carro usado ou uma moto. O serviço era precário, a
ligação dentro do município era direta, mas no caso de interurbanos, era
preciso pedir à telefonista em Floresta para fazer as chamadas. Se o pedido
fosse feito pela manhã, a ligação só seria completada à tarde. Assim, a pessoa
perdia o dia todo na espera. A companhia telefônica era privada, de propriedade
do senhor Agnaldo Ribas, de Maringá. Já no fim dos anos 70, foi autorizado o
aumento de linhas, em torno de 40, e foi instalado o DDD, Discagem Direta à
Distância, por intermédio da Câmara dos Vereadores, facilitando as ligações,
não era mais preciso usar o posto de serviço de Floresta.
Correio
A Srª. Ida Besler Mantovani conta
que Itambé passou a ter o serviço postal por volta de 1958. Não havia agência
de correio, o Sr. Paulo Bogenschneider tinha um bar na cidade, alugou a caixa
postal número 36 na agência de Marialva e divulgou o serviço em Itambé. Então,
quando os moradores se correspondiam, colocavam como endereço a caixa postal 36.
Duas vezes por semana, o ônibus que fazia a linha Itambé-Marialva trazia as
cartas e encomendas até o bar do Sr. Paulo. Sua sobrinha, Clara, separava a
correspondência em prateleiras em ordem alfabética e as entregava aos
destinatários. O serviço era gratuito, as pessoas pagavam apenas quando
precisavam enviar cartas, pois havia o custo dos selos.
Bar onde funcionava o posto do correio.
Fonte: Prefeitura M. de Itambé
Em 1971, o prefeito Misdei Moreschi
resolveu destinar uma sala da Prefeitura para instalar o posto de correio.
Convidou a Srtª. Ida Besler, que trabalhava na agência de rendas, para assumir
o posto, este seria mantido pelo município. Então em novembro de 1971, as
correspondências foram retiradas do bar e levadas para a Prefeitura. Mas a
caixa postal 36 ainda foi usada por muitos anos. Com o tempo, as cartas e
encomendas destinadas à Itambé começaram a vir de Maringá. No posto de Itambé,
foram colocadas caixas postais que, inicialmente, não eram pagas. Quem quisesse
podia escolher uma e usá-la gratuitamente.
Bar onde funcionava o posto do correio.
Fonte: Prefeitura M. de Itambé
Agência dos Correios na Avenida São João, 1978
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé
Nesta época, a agência dos Correios
ganhou sede própria, que ficava no local onde hoje está a agência do Banco do
Brasil, depois foi transferida para o prédio da rodoviária, em seguida para o
prédio onde hoje está o destacamento policial. Os prédios usados eram públicos
e a Prefeitura não cobrava aluguel dos Correios. Isto só mudou na década de 90,
quando o município precisou do imóvel e a Empresa se mudou para a Avenida São
João e passou a pagar as despesas das instalações.
Rodoviária, local onde funcionou a agência dos Correios. Fonte:
Família Claro
Como gerente dos Correios, Ida recebia
cartas de pessoas à procura de familiares desaparecidos. Ela foi responsável
pela reunião de muitas famílias, algo que lhe proporcionava muita alegria.
Rádio
Outro meio de comunicação que
faz parte da nossa história é o rádio. Segundo o Sr. José Dolce, quase todas as
família possuíam um aparelho destes. Pois, os rádios funcionavam a pilha e
podiam ser ouvidos em qualquer lugar, tanto no campo quanto na cidade. Um dos
meios de vida do Sr. Dolce foi consertar este tipo de aparelho.
Tanto era o acesso da população às
ondas sonoras, que Itambé ganhou uma emissora de Rádio, denominada Porta Voz.
Sua sede ficava na Avenida São João, próxima à Rua Luís Lopes. Ela foi montada
por dois técnicos em eletrônica, João Barbosa e Pedro Cirilo. O primeiro foi de
carona até Brasília para tentar conseguir a concessão da rádio. José Costa
também ficou sócio do empreendimento. Os locutores eram o Nho Xadrez, o Nho
Braga, Nho Braga, Nascimento, Sebastião de Souza e Gilberto Bonora. Bonora fazia um programa de humor,
conhecido hoje com “Stand Up”, e, junto com Sebastião de Souza, apresentava o Programa Os Brotos Comandam. Outro programa de Souza era A Viola e o Violeiro. Havia um pequeno auditório no prédio da rádio onde o público podia assistir aos
seus cantores ao vivo, como João Granero e seu filho Serginho, Lúcia Gouveia, a
dupla Jovenil e Jovenal, entre outros.
Além de músicas populares, a rádio
também transmitia programação religiosa. Dona Judite Maria Lopes lembra que, na
década de 60, as congregações das igrejas evangélicas Missionária, Assembleia
de Deus e Avivamento Bíblico se uniam e faziam um culto ao meio dia, todos os
domingos, que era transmitido para Itambé e região. O grupo denominava-se
Jovens do Arauto. Eles pregavam a Palavra de Deus e cantavam com acompanhamento
de violão.
Aos domingos, a rádio também promovia
uma festa com a participação de vários cantores da região e transmitia a
programação ao vivo. Um dos cantores era o Senhor José Zamberlan, que formava
dupla sertaneja com Durval Negri. Eles até gravaram uma música juntos. José
escreveu diversas canções, mas nunca conseguiu recursos para gravar o próprio
disco.
José Zamberlan
Fonte: Família Zamberlan
Outro cantor a se apresentar na Rádio
foi José Alves dos Santos, o José Rico, que mudou-se para Itambé em 1966 e
formava dupla com um policial. O Sr. Dolce tornou-se amigo de José Rico e conta
que, nesta época ele passava por dificuldades financeiras, pois estava no
início de sua carreira. Como a música ainda não lhe rendia dinheiro, ele chegou
a trabalhar de saqueiro numa cerealista da cidade para sobreviver. Em 1970,
José Rico foi embora para São Paulo tentar fazer sucesso como cantor, conheceu
Romeu Januário de Matos, com quem formou a dupla: Milionário e José Rico. Até
hoje, já gravaram vinte e nove álbuns e venderam cerca de 35 milhões de
exemplares. São conhecidos como “As Gargantas de Ouro do Brasil”.
José Rico com seu amigo José Dolce em show após cerimônia
de entrega do título de Cidadão Honorário ao cantor (2007)
Fonte: Hirata Produções
Em 2007, a Câmara de Vereadores
concedeu ao cantor o título de Cidadão Honorário de Itambé, em reconhecimento à
sua história. Além da solenidade na Câmara, foi realizado um show na rua.
Vereadores, Prefeito João Cabrera e José Rico em solenidade na Câmara
Fonte: Hirata Produções
A Rádio Porta Voz funcionou até 1968,
quando o Padre Aldo L. Matias comprou os equipamentos de José Barbosa, único
dono na época, para usar nas missas. Depois o equipamento foi descartado pelo
Padre Pedro Canísio Dapper.
✌
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