domingo, 12 de fevereiro de 2017

HISTÓRIA DE ITAMBÉ - PARTE 13

                                      ESPORTE E LAZER

            De acordo com Vera Eloísa de Melo Assis, o primeiro campo de futebol do Distrito de Itambé foi feito num terreno doado por João Cortez Cappel na esquina das Ruas Dr. Lafayette Grenier com a Rua Luiz Lopes. Vera diz que as crianças brincavam muito neste campo. Mais tarde, Cortez decidiu lotear este terreno e doou outro, ao lado do cemitério, para a instalação de outro campo, que foi feito pelo Prefeito de Marialva, Armando Moura, por volta de 1954, com o nome de Comercial.

Equipe do Comercial. Fonte: Família Claro

            Anos mais tarde, o campo recebeu o nome de Goiabão, uma homenagem ao Prefeito Gibson Linhares Monteiro que foi um grande incentivador do esporte e tinha o apelido de Papa Goiaba. Ainda na década de 50, Rafael Lopes fez um campo chamado Pó de Serra, por ser propriedade da serraria. 

Pó de Serra
Fonte: Eurípedes Mariano da Silva

            Segundo o relato do Dr. Mauro Nakamura, o esporte mais difundido nos primeiros anos de Itambé foi o futebol de campo, seguido pelo jogo de bocha para idosos, malha e o jogo de baralho, na modalidade truco. Na zona urbana e rural, chegaram a se formar cerca de 23 equipes de futebol, na cidade havia duas: o Comercial e o Pó de Serra. Os times disputavam entre si no campeonato intermunicipal e arrastavam multidões para os jogos. Mais tarde, surgiu uma equipe juvenil, o Alvorada, nome dado porque os atletas treinavam de manhã. Este time disputou o Campeonato Amador pela Liga Regional de Maringá, nos anos 70.

Equipe Alvorada
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

         Um time que se destacou no cenário regional foi o Itambé Atlético Clube. A equipe disputou o campeonato amador regional em 1971, ficando com o vice-campeonato. Os jogos foram promovidos pela Liga de Futebol de Maringá, mais ou menos trinta equipes participaram do evento.  


Equipe Itambé Atlético Clube
                           Fonte: Jovânio Pereira dos Santos                                                                          

         
                                               Salões de Baile

          De acordo com o relato do Sr. Jovânio Pereira dos Santos, os primeiros bailes de carnaval de Itambé eram feitos na rua, pois não havia salão que comportasse todos os foliões. Havia disputas entre blocos de diversas comunidades urbanas e rurais, um dos mais conhecidos era o bloco da família Bóbbo. Os grupos desfilavam na Avenida São João, enfeitados com as mais diversas fantasias típicas dos anos 50. Um júri escolhia o melhor, que ganhava um troféu. A festa era animada por uma banda amadora com instrumentos de sopro, percussão, entre outros.
         O Senhor Dalcides Michelato, dono do primeiro cinema da cidade, começou a promover o carnaval no local, por volta de 1959. Além dos bailes noturnos para os adultos, havia as matinês para as crianças. Dalcides se divertia como uma delas.

Dalcides Michelato, de palhaço, com crianças na matinê
Fonte: Rosa Maria Grenier Granzotto

          De acordo com Carlos Henrique Naufel, o segundo salão para bailes da cidade ficava na Avenida São João. O prédio era de propriedade do Senhor Nicolau Lopes. Em 1954, os senhores Miguel Jorge, Mauro Nakamura, José Pereira de melo e Dr. Lafayete Grenier melhoraram o local, que estava desocupado, para que parecesse um saloon de Faroeste. No seu interior, havia sacada onde as pessoas podiam se sentar, como se fossem camarotes. Lá eram feitos bailes de formatura, festas juninas, bailes comemorativos das estações do ano, da saudade e carnaval. Segundo a Professora Vera Eloísa de Melo Assis, no barracão também funcionava como um rinque de patinação. 

Barracão onde funcionava o Clube de Patinação
Fonte: Zilda Mancine

             O piso do salão foi feito em madeira, todo preparado para que as pessoas pudessem patinar e dançar. Em volta da pista, foi posta uma grade para a segurança dos patinadores. Os frequentadores pagavam mensalidades para frequentar o clube e alugavam os patins. Vera calcula que nesta época, Itambé contava com 20 mil habitantes, então o clube estava sempre cheio, era preciso esperar na fila para patinar. Além desta finalidade, no salão também havia jogos de baralho nas galerias e bar. Vera lembra ainda que os bailes eram elegantes, as pessoas se vestiam muito bem, visto que o café era lucrativo. Em 10 de março de 1960, quando o rinque de patinação foi desativado, fundou-se uma associação para os frequentadores do salão, denominada Sociedade Recreativa de Itambeense. Havia até uma carteirinha para identificar os sócios e o presidente do clube era o Senhor Osvaldo F. da Silva (Piteira).

Carteirinha da Sociedade Recretiva Itambeense
Fonte: Vera Eloísa de Melo Assis

         Depois, o Sr. Miguel Jorge (Michel) construiu um salão de bailes com mais de 400 metros, feito de madeira, com capacidade para 800 pessoas, na esquina da Rua Santo Indalécio com a Rua 15 de Novembro. O povo de Itambé ganhou um novo local para bailes de carnaval e outros eventos sociais. Carlos Henrique Naufel lembra que quando o povo dançava, o assoalho de madeira sobre altos troncos de peroba balançava e, para que os foliões deslizassem melhor, era jogado fubá no chão. Quando chovia, o tapete era de pó de serra. As pessoas chegavam ao baile com os sapatos cheios de lama; após dançaram, o barro secava e virava pó. Então a poeira cobria todos, ninguém saía limpo de lá. 

Carnaval no Clube do Michel
Fonte: Família Linhares Monteiro

             Carlos Henrique conta que aconteciam muitas brigas nos bailes, pelos mais variados motivos. As mesas eram enfeitadas com mamões verdes e velas para iluminar o local. Quando as pessoas já tinham bebido bastante, um jogava o mamão para o outro pegar; se atingisse a mulher de alguém, era briga na certa. Pessoas voavam pelas janelas e saía até tiros de revólver, mas nenhuma morte ocorreu. Em uma ocasião, os artistas de um circo instalado na cidade foram ao baile. Alguém jogou o mamão para cima que caiu nas costas da esposa do dono do circo. Foi uma das maiores brigas da história do salão. O baile acabou com tiros. Nem desculpas resolveram.

Baile social no salão do Michel
Fonte: Família Jorge

          O Sr. Alcides Benossi se lembra da primeira vez que participou de um baile de carnaval no salão do Sr. Michel, em 1962. Uma banda de Floresta animava a festa, que estava lotada. No meio do baile, surgiu uma briga que tomou conta de todo o salão. Só havia uma porta pequena e o Sr. Alcides correu para lá. Porém quando tentava sair para escapar da confusão, ficou imprensado na porta e não conseguia sair nem entrar. Alcides lembra que depois de acabada a briga, todos voltaram ao baile, menos ele que preferiu ir embora para o Guerra.
         Nas festas juninas, eram feitos desfiles nas ruas com carros de boi, noivos, padrinhos, convidados e sanfoneiros. Após o desfile, havia baile caipira. 

Desfile da Festa Junina
Fonte: Renecéya de Melo Assis

         O salão do Michel ficou em funcionamento até 1976. A partir de 1977, na gestão de Rafael Lopes, os bailes passaram a ser realizados no Clube Municipal de Itambé, mas ainda organizados por Michel. Carlos Henrique lembra que, no primeiro carnaval do clube, o piso de cimento nas laterais ainda estava úmido, o que não impediu a festa. A folia tomou conta do clube por muitos anos. Além de bailes de formatura, debutantes e outros, a partir dos anos 80 as brincadeiras dançantes aos domingos atraíam jovens e adolescentes de Itambé e região. Inicialmente o Som Eletrônico Mirage animou as festas, que aconteciam aos domingos à noite. Depois José Marcos Camilo montou o Macksson e passou a fazer as brincadeiras, que duraram até o início dos anos 2000.

Carnaval no Clube Municipal de Itambé, década de 80
Fonte: Eurípedes Mariano da Silva

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