quinta-feira, 2 de março de 2017

HISTÓRIA DE ITAMBÉ - PARTE 25


                   TURISMO E MEIO AMBIENTE

             CURSOS DE TURISMO REGIONAL

         A ideia de implantar o turismo regional em Itambé surgiu quando Antônio Carlos Zampar fez uma viagem ao município de Bonito-MS. Segundo ele, durante um passeio de bote num rio do Município, percebeu que o local se parecia com os rios de Itambé. Então pensou que também seria possível atrair turistas para cá.

         Quando assumiu a Prefeitura em 2009, Zampar decidiu pôr seu sonho em prática, com ajuda do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), incentivou cursos de formação para funcionários públicos e pequenos produtores rurais. Além disso, firmou convênio com a Retur ( Rede de Turismo Regional), para garantir a divulgação do Município. O público alvo deste programa são moradores de Itambé e região, que podem sair da rotina, principalmente nos fins de semana, visitando locais bonitos, agradáveis e apreciar comidas diferentes. Então, vários projetos já estão sendo desenvolvidos neste setor, como os que se seguem abaixo:

Grupo participante do primeiro curso de turismo regional em Itambé
Fonte: Denizia Moresqui

                                             CARNAVAL DE RUA
         Como visto anteriormente, o carnaval em Itambé começou na rua, depois foi para salões, como o do Michel e o Clube Municipal. Mas na gestão de João Cabrera e Vítor Aparecido Fedrigo, os blocos e foliões voltaram para a rua. O Carnaval Popular tomou conta da Avenida São João e agradou tanto que, na gestão de Antônio Carlos Zampar e Benedito dos Santos, a folia continuou arrastando milhares de pessoas e sendo animada com bandas profissionais.

Carnaval 2013
Foto: Denizia Moresqui

          Segundo Zampar, o evento é uma inclusão social. Antes, poucas pessoas poderiam frequentar os bailes nos salões, agora, todos podem participar da folia, independente de classe social. Além disso, Zampar acredita que a festa ajuda a promover o turismo em Itambé, já que traz centenas de foliões da região para a cidade. Como o carnaval sempre foi tradição por aqui, o sucesso do evento está garantido. Em 2014, estima-se que mais de vinte mil pessoas compareceram à Avenida São João para prestigiar a festa nas três noites de baile. Cerca de quinze blocos ajudam na animação. Para manter a tranquilidade do evento, são contratados seguranças particulares e há o reforço de policiais militares da região. A estrutura da festa conta com palco, decoração, banheiros químicos, barracas de: alimentos, bebidas, fantasias e acessórios. O carnaval também é um bom negócio para o comércio da cidade, principalmente bares, lanchonetes e supermercados.

Público do Carnaval 2013
Foto: Denizia Moresqui

                                    FESTAS JUNINAS POPULARES
          A promoção das Festas Juninas Populares foi outra medida para fortalecer tradições e atrair visitantes.  A Divisão Municipal de Cultura ficou com esta responsabilidade, apoiada por outros setores públicos.  As festas, iniciadas em 2010, na gestão de Antônio Carlos Zampar e Benedito dos Santos, acontecem nos meses de junho e julho, geralmente nos conjuntos habitacionais, centro e Vila Rural, tendo por objetivo proporcionar lazer aos itambeenses e visitantes. Nos eventos, são distribuídos gratuitamente à população chá de amendoim, pipoca e quentão. Há também bailes com banda e quadrilha.
          Zampar disse em entrevista ter percebido que a festa junina era uma tradição que estava se perdendo com o tempo. Então decidiu promove-las por toda a cidade para que crianças e adultos desfrutassem de momentos de lazer. 

Festa Junina Popular na Avenida São João
Foto: Denizia Moresqui

                                       PRATO TÍPICO DE ITAMBÉ
         Mais um desafio para a implantação do turismo foi a escolha do prato típico de Itambé, que foi feita através de um concurso promovido pela Prefeitura Municipal, por meio da Divisão de Cultura, ainda na primeira gestão de Antônio Carlos Zampar e Benedito dos Santos, no dia 20 de maio de 2010. Doze pratos criados por moradores do município disputaram o prêmio: um forno de micro-ondas. Compareceram ao evento, realizado na Associação dos Funcionários da Cocari, autoridades políticas, moradores de Itambé e os julgadores dos pratos.

Logomarca do Prato Típico
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

             O júri, formado por profissionais de culinária, turismo, televisão e prefeitos, escolheu como prato vencedor o Carneiro de Sol ao Fogo de Chão, criado pelo casal Luís Carlos e Ana Lúcia Possobon, proprietários de um restaurante rural. Ao final do julgamento, todos puderam apreciar as refeições.
            No aniversário de Itambé, em 25 de julho de 2010, o prato foi servido a 700 pessoas no Salão Paroquial e a renda revertida a escolas e entidades do Município. No ano seguinte, cerca de 1600 pessoas compareceram à festa para saborear o carneiro, o que comprovou o sucesso do prato. Até um selo comemorativo foi criado pelos Correios e lançado no almoço. A receita do prato já foi destaque em dois canais de televisão, o que contribuiu para a divulgação da festa. Em 2012, a festa foi realizada nos clubes Municipal e Recreativo, o que deu mais comodidade aos participantes, já que o espaço era maior.

Carneiro de Sol ao Fogo de Chão
Fonte: Hirata Produções
            
                         CARNEIRO DE SOL AO FOGO DE CHÃO (receita)

INGREDIENTES:

6 kg. de carneiro (costela, paleta ou pernil), sal moído.
Acompanhamento: arroz carreteiro com salada.
Ingredientes do arroz:7 xícaras de arroz,½ xícara de óleo de soja,1 colher de alho picado,1 cebola média picada,3 tabletes de caldo de carne,1 kg. de charque, sal e cheiro verde a gosto, água suficiente para cozinhar o arroz.
Ingredientes da salada:1 repolho manteiga, maionese, mostarda, limão, sal, cheiro verde, óleo composto de oliva a gosto.

MODO DE FAZER:

Carneiro: mergulhe o carneiro na salmoura por 3 horas. Retire da salmoura e tire o excesso de sal, em seguida, dê uma noite de sereno. No outro dia, deixe o dia todo no sol.
Após o dia de sol, lave a peça em água corrente e deixe na água morna por 30 minutos.
Coloque no espeto e asse em fogo de chão por mais ou menos 4 horas.
Arroz: corte o charque em pedaços pequenos. Tire o excesso de sal e cozinhe até ficar mole, escorra. Numa panela, coloque o óleo e frite o alho e a cebola, adicione o charque e o arroz, sal, cheiro verde, caldo de carne dissolvido e água o suficiente para cozinhar o arroz.
Salada: Rasgue o repolho e tempere com maionese, mostarda, sal, limão, óleo composto de oliva e cheiro verde a gosto.
“Parece difícil, mas é fácil de fazer e gostoso de comer.”
AUTORES: Luís Carlos Possobon e Ana Lúcia R. Possobon.

                          CAMINHADA INTERNACIONAL NA NATUREZA
            Também em prol do turismo, estimulando e promovendo o desenvolvimento territorial sustentável, foi implantada a Caminhada Internacional na Natureza. Esta atividade, que faz parte dos Esportes Populares, surgiu na França, logo após a Segunda Guerra Mundial, tendo como objetivo estimular as atividades comerciais das províncias, nas periferias das grandes cidades, destruídas pela guerra. O esporte pode ser praticado em grupo ou individualmente por pessoas de todas as idades, classes sociais, com necessidades especiais, por isso a denominação “popular”. Atualmente, 39 países aderiram ao projeto, que movimenta 16 milhões de caminhantes, normalizados pelo Internacionaler Volksporter Verbunder – Federação Internacional dos Esportes Populares – IVV, com sede na França. Itambé já está inscrito desde 2012 nesta entidade.
           O Brasil pratica a atividade desde 2000 e em 2006 foi criado a ANDA BRASIL: Confederação Brasileira de Esportes Populares, Caminhadas na Natureza e Inclusão Social, no Rio de Janeiro, da qual Itambé também é associado.

             A 1ª Caminhada Internacional na Natureza de Itambé aconteceu a 11 de novembro de 2012. A Prefeitura Municipal, em parceria com a Emater, promoveu o evento do qual participaram cerca de trezentos caminhantes das cidades de Itambé, Pitanga, Apucarana, Maringá, Bom Sucesso, entre outros municípios da região. A recepção foi feita na Vila Rural, onde os caminhantes puderam saborear o café da manhã feito pelos moradores do local, ao custo de seis reais. O circuito de doze quilômetros foi todo sinalizado, monitorado por cavaleiros, enfermeiros, com banheiros em ônibus, água e ambulância. No final da trilha, os caminhantes se transformaram em banhistas e desfrutaram das águas do Rio Keller na localidade do Saltinho. Depois, foi servido um almoço feito pelos funcionários do CMEI Sílvia Maria B. Alves na Chácara Kasperzak.
            Na 2ª Caminhada, em 2013, cerca de 400 pessoas percorreram os doze quilômetros do percurso. A principal atração foi a ponte pênsil sobre o Rio Keller.

Ponte pênsil sobre o Rio Keller
Foto: Denizia Moresqui

                                                 CAVALGADAS

           A cavalgada também vem se mostrando como boa uma alternativa turística para o Município. Ela consiste num passeio realizado por um grupo de cavaleiros, motivada por festejos religiosos, cívicos ou simplesmente por diversão. Vários países aderiram a este esporte que proporciona aos praticantes o fortalecimento do tônus muscular, melhora a postura e a coordenação motora, além do combater o estresse. Pois, durante a prática da atividade, são liberadas, no organismo humano, endorfinas que produzem euforia, bem estar e prazer, melhorando assim o sistema imunológico, a memória e o humor. Outra vantagem é a perda de calorias, cerca de 400 em uma hora de cavalgada, de acordo com informações publicadas no site: http://esporteemocao.webnode.pt/.
         Um grande praticante e incentivador do esporte é o atual Vice-prefeito de Itambé, Benedito dos Santos. Seu interesse por cavalgadas começou quando viu um evento desses em Floresta-Pr. Ele considerou a atividade atraente e decidiu promove-la em Itambé. Então em 2005, com ajuda de Eraldo Pereira e outros, o sonho se realizou. Cerca de 60 cavaleiros percorreram uma trilha de sete quilômetros a cavalo na região da Moóca.

Cavalgada no sítio do Luiz
Foto: Denizia Moresqui

          Dito calcula que já houve mais de dez cavalgadas no município, promovidas por pessoas que apreciam o esporte. Famílias inteiras prestigiam as cavalgadas, são pessoas de todas as classes sociais. Já participaram de um roteiro em Itambé cavalos que custavam mais de trinta mil reais, além de cavaleiros de Itambé, Floresta, Bom Sucesso, Maringá, Marialva, Aquidaban, Iguaraçu, Sarandi, entre outros. Na cavalgada de 2012, havia mais de duzentos cavaleiros, sessenta apenas de Itambé. Ao término do percurso, foi servido o almoço no Clube Recreativo de Itambé.
         A cavalgada, idealizada por Dito para abril de 2013, optou pelo seguinte trajeto: saindo do Batoque, passando o Rio Keller e voltando pela Fazenda São Domingos, cerca de quinze quilômetros, percorridos de duas a três horas. Ele ressalta que é necessária uma verificação prévia do percurso. Para tanto conta com uma equipe de cavaleiros voluntários, que demarca os melhores caminhos para os cavalos. Já no dia da cavalgada, um “carro bar” terceirizado vende água e bebidas aos participantes.
        Os itambeenses que aderiram à prática esportiva são comerciários, comerciantes, agricultores, estudantes, entre outros. Quem não possui local apropriado para criar seus animais, deixa-os em baias ou pastos alugados.
        Além desta atividade, há no Município pistas particulares para provas de tambor e de laço, o que incentiva o povo a praticar estes esportes e a valorizar a vida no campo.

                                              MEIO AMBIENTE

           Para que o projeto de turismo dê certo no Município é fundamental a preservação do meio ambiente. Como já mencionado anteriormente, o desmatamento provocado pela colonização do Município de Itambé chegou a devastar até as matas ciliares. Segundo com Diogo Aparecido Grigoletto,  Diretor do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente, de 2009 a 2014, restou mata apenas nas áreas impróprias para o cultivo, como morros, terrenos pedregosos, o restante foi abaixo. De acordo com a Monografia de Lúcia de Melo (2005), até os anos de 1995/96, 250 hectáries correspondiam à mata natural e 165 hectáries de reflorestamento para exploração.

Mata do Nicola
Foto: Denizia Moresqui

          A partir do ano 2000, o IAP, Instituto Ambiental do Paraná, intensificou as fiscalizações devido à grande devastação que as matas vinham sofrendo, principalmente as ciliares. Em alguns locais, às margens dos rios, não havia sequer uma árvore e, além disso, o gado matava a sede diretamente no rio, o que é proibido, visto que, o animal acaba poluindo a água. Então, após as fiscalizações, com notificações, multas e detenções, foram deixados 100 metros de mata ciliar às margens do Rio Ivaí, por ser mais largo; dos outros rios e córregos, 30 metros e das nascentes, 50 metros. O cumprimento da lei fez com que aumentasse não só a flora, mas também a fauna destas áreas. Diogo afirma que houve aumento no número de animais e peixes, de forma natural. Além disso, por iniciativa pública, nos últimos anos, no dia do Rio Ivaí (21 de abril), a Prefeitura Municipal de Itambé solta alevinos e pequenos peixes no Ivaí e Keller, para repovoá-los. Hoje é possível encontrar peixes em todos os rios de Itambé, como lambari, tambaqui, mandi, dourado, cascudo, curimba, pacu. Muitas onças também já foram avistadas nas matas do Ivaí, vindas provavelmente pelo corredor ecológico que liga estas matas com as do Rio Paraná. Outra vantagem do Ivaí sobre os demais grandes rios é que ele é o único rio puro do Estado, pois em todos os outros foram instaladas usinas hidroelétricas, alterando os seu bioma.  Dada sua importância para o Paraná, a Retur, Rede de Turismo Regional, promoveu o Projeto Corredor do Ivaí e a Assembléia Legislativa do Paraná aprovou a Lei 15.622/2007 que instituiu o dia 21 de abril como Dia do Rio Ivaí, por proposição do Deputado Estadual Douglas Fabrício (PPS). Neste dia são realizados eventos de preservação e soltura de alevinos no rio pelos municípios que fazem parte do corredor do Ivaí.

Soltura de peixes e alevinos no Rio Ivaí
Foto: Denizia Moresqui

           Outra medida tomada pela fiscalização em relação ao meio ambiente foi da Polícia Ambiental, que, em 2012, prendeu várias pessoas por porte ilegal de armas de fogo em Itambé, usadas para caçar o javaporco, uma espécie exótica na região, cuja caça é autorizada apenas por armadilhas e armas brancas.

 Mata Perobal
       Fonte: Google Earth

           Apesar de ter perdido quase todas as suas florestas nativas, ainda restaram algumas. Um exemplo é a mata do Perobal, situada na região do Batoque, é composta por sessenta alqueires; uma parcela da flora foi preservada e o restante é resultado de reflorestamento. Na reserva é possível encontrar árvores com perobas, palmitos, gurucaias, cedro, entre outras. Há também várias nascentes e uma rica fauna, com cobras, tamanduá, tatu, cotia, paca, capivara, até onças, javaporco e várias espécies de pássaros, como pica-pau, garça, pomba, bem-te-vi, pato selvagem, joão-de-barro, entre outros. Esta mata está cadastrada como RPPN, Reserva Nacional do Patrimônio Particular.

Reserva da Fazenda Santa Cecília
Fonte: Google Earth

           Além desta, há outras reservas, como a Mata do Nicola, com três alqueires; na Fazenda Santa Cecília, há outra com sessenta alqueires e no Cafundó, mais cinco alqueires de floresta.
          O Código Florestal Brasileiro de 1965 determinou que em 20% da totalidade das propriedades rurais, as matas deveriam ser preservadas. Com raríssimas exceções, a lei não foi cumprida no país. Hoje, outro projeto de lei tramita no Congresso e, enquanto não houver uma votação definitiva, os institutos ambientais aguardam para tomar providências quanto às reservas legais. Mas alguns agricultores já estão averbando as áreas florestais já existentes em suas propriedades; os que não possuem, estão comprando outras terras com matas preservadas até fora do Município para fazer a compensação.
        O Departamento Municipal da Agricultura e Meio Ambiente conscientiza e incentiva os agricultores a preservar as matas, fazer o plantio de mudas e o cadastramento das reservas para que se tornem RPPNs. Pois, além dos benefícios ambientais, o produtor pode ficar isento de pagar ITR, Imposto Territorial Rural, da área preservada. Caso o Município faça melhorias nestas matas, pode receber o ICMS* Ecológico (*Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços).
         Com o Meio Ambiente preservado os itambeenses ganham mais qualidade de vida e o Município dispõe de mais atrativos para visitantes adeptos do turismo rural. No caso dos rios, por exemplo, a pesca artesanal, feita através de varas e molinetes, está liberada de 1º de março a 31 de outubro, para pescadores com carteirinha, feitas através do site do IAP. Os banhos e esportes náuticos podem ser praticados o ano todo. Além dos passeios pelas áreas rurais de carro ou moto.

Rio Ivaí, riqueza natural
Foto: Denizia Moresqui

                                                             DADOS ATUAIS
           A população corresponde a 5.979 habitantes, sendo 4.827 eleitores, segundo dados do IBGE/2010.
           O valor da produção agropecuária é de R$ 81.384.461,16 (DERAL 2011), o PIB, Produto Interno Bruto, é de R$ 85.946.000,00 (IBGE/2010) e o PIB per capita é R$ 14.379,48.                          

                                  MAPA ATUAL DA CIDADE DE ITAMBÉ


Fonte: Prefeitura Municipal de Itambé

       A cidade conta com 2.186 imóveis residenciais, 302 terrenos vazios, 195 empresas com alvarás, 62 ruas e 7 praças. Outros empreendimentos imobiliários estão em andamento, o que aumentará em breve o perímetro urbano.

Um comentário:

O circo no Moreschi

 Bairro Moreschi (Fazenda Anjo da Guarda), local onde, possivelmente, o circo fora montado                                           ...